Ethanael encostou a porta do grêmio para que não fosse interrompido enquanto falasse com Eulalie e Layla.
— Estou desapontado com as duas, especialmente com você, Eulalie… Tem noção do papel ao qual se prestaram hoje, do quanto foram ridículas?Layla abaixou a cabeça, envergonhada.— Como foi que chegaram a isso? — Perguntou Ethanael.— Foi ela quem começou! — Falou Eulalie.— Mentirosa! Foi você quem começou! Só me defendi… — Falou Layla.— Quem esbarrou em quem? — Eulalie arqueou uma sobrancelha.— Foi um acidente… E foi você quem meteu a mão na minha cara. — Layla disse.— Quem mandou você colocar a SUA cara na frente da MINHA mão? — Eulalie sorriu com escárnio.— Mas é mesmo uma infeliz… — Layla balançou a cabeça, irritada.— PAREM! — Ethanael esmurrou a mesa.As garotas se encolheram, assustadas.— Vá para a sala, Eulalie? Conversamos depois. — Disse Ethanael.— Mas… — Eulalie tentou argumentar.— AGORA! — Ethanael não quis saber.Eulalie levantou-se e saiu resmungando, batendo a porta ao passar. Ethanael encarou Layla.— Vai me contar agora o que houve? — Ele disse.Ela assentiu com a cabeça e contou a ele exatamente como tudo acontecera. Ethanael a ouviu sem interrompê-la.— O que vai fazer? Por favor? Não conte nada a minha mãe. Eu imploro! Faço o que quiser! — Disse Layla, nervosa.— Sou apenas o representante do grêmio estudantil… É a diretora quem vai decidir o que fazer quando informar a ela o que aconteceu. — Falou Ethanael.— Não. Por favor? Não conte a ela? Prometo que isso nunca mais se repetirá. — Pediu Layla, desesperada.— Isso é contra as regras… Sinto muito. — Disse Ethanael.— Ah, entendo… — Layla virou o rosto, chateada.Estava ferrada. Sua mãe não queria deixá-la estudar naquele colégio porque preferia educá-la em casa, mas Layla insistira porque sua irmã estudara ali, antes de… Bem… Antes de elas se separarem. Layla prometera à irmã que nunca a esqueceria e tentava mantê-la viva em sua memória a todo custo, mais que isso… Era como se tentasse ser a própria irmã. Lawrence só precisava de um motivo para tirá-la de Barstow School e agora, teria esse motivo. Layla chorou com raiva.— Ei? Também não é para tanto. — Falou Ethanael com pena dela. — Você vai levar no máximo uma suspensão.— Não… Minha mãe não queria que eu estudasse aqui. Tive de insistir. Quando ela souber o que houve, voltarei a estudar em casa. — Layla disse.— Não é tão ruim estudar em casa… — Ethanael disse.— O está fazendo aqui então? — Falou Layla.— Meus pais estudaram aqui e, antes deles, meus avôs… É uma tradição. Não tenho escolha. — Falou Ethanael. — Mas e você? Por que faz tanta questão de estudar aqui?— Minha irmã mais velha estudou aqui antes de morrer. — Layla suspirou. — Pode parecer besteira, mas… Sinto que essa é uma forma de não esquecê-la. Por isso é tão importante para mim, estar aqui.Ethanael a encarou em silêncio por um tempo, absorto em seus pensamentos. Layla abaixou a cabeça, incomodada. O representante a surpreendeu ao apertar sua mão.— Se concordar em fazer o que eu pedir, a diretora não precisa saber o que houve. — Ele propôs.— Jura? — Layla sorriu, contente.— Sim. Não me agrada nenhum pouco quebrar as regras, mas se é por uma boa causa… — Ele sorriu.— Muito obrigada. Eu prometo que não vai se arrepender. — Falou Layla.— Me encontre aqui na hora do intervalo? Vou pensar em alguma coisa. — Disse Ethanael.Layla assentiu, movendo a cabeça e agradeceu mais uma vez, antes de ir para a aula de literatura. No almoço, se encontrou com Jonathan no refeitório e os dois se sentaram juntos.— Tem certeza de que não está encrencada por minha causa? Posso falar com Ethanael e explicar o que houve. Tenho certeza de que ele entenderá. — Disse Jonathan.— A culpa não foi sua, John. Fui eu que me atraquei com aquela infeliz e, não, você. — Layla disse.— Mas se eu não tivesse esbarrado nela… — Jonathan disse.— Você pediu desculpas e ela não aceitou. Deus que me perdoe, mas ela mereceu os tapas que dei nela. Apanhei, mas também bati. — Layla disse.— Você foi incrível! — Jonathan elogiou.— Sério? Obrigada, eu acho. — Ela sorriu e deu um beijo no rosto dele.† † †
No intervalo, Layla guardou seus livros em seu armário e foi até o grêmio como havia combinado com Ethanael. Chegando lá, encontrou Eulalie sentada cheia de pose, lixando as unhas.
— Chegou quem faltava! — Ethanael esfregou as mãos, ansioso.— Ainda não entendo o que estamos fazendo aqui… E o que ELA faz aqui? — Disse Eulalie de mau humor.— Se lembra que concordei em não contar o que houve aos nossos pais se aceitasse qualquer castigo que lhe impusesse? — Ethanael refrescou a memória de Eulalie.— E daí? — Eulalie deu de ombros. — Continuo sem entender.— É simples… Layla e você ajudarão Barstow School como puderem. — Falou Ethanael.— Está falando em trabalho comunitário? Eu tenho uma reputação a zelar! Não posso ser vista por aí, varrendo o colégio ou ajudando na cantina. Você só pode estar louco se pensa que vou concordar com esse absurdo! — Falou Eulalie.— Devia ter pensado nisso, antes de se atracar com alguém. — Falou Ethanael.— O que tenho de fazer? É só falar e eu faço. — Disse Layla.Ethanael sorriu, satisfeito por Layla não reclamar. Então, pegou uma folha em uma pasta que estava na mesa e a entregou a ela, dizendo-lhe:— Aqui está.. Essa é a lista de ausências de Elliot Holmes. Convença-o a assinar? Devo dizer-lhe que não será fácil, devido ao comportamento rebelde dele, mas, esse será seu desafio.— Desculpe perguntar, mas quem é Elliot? — Layla tentava associar o nome a um rosto, mas, ainda, não conhecia ninguém além de Ethanael e Jonathan.— É um loiro, que sempre usa jaqueta de couro, e que tem aulas de História com a gente… O viu mais cedo, creio. Não será difícil encontrá-lo. Todo mundo por aqui conhece ele, é só perguntar a qualquer um. — Falou Ethanael. — Quero que me entregue isso no máximo até sexta. Ok?Layla assentiu, movendo a cabeça.— Bem, por enquanto, é só isso. Pode ir, agora. — Ele disse e se voltou a Eulalie. — Quanto a você… Sei bem o que vai fazer.† † †
Layla deixou o grêmio e caminhou pelo corredor, desanimada. Foi quando reconheceu o garoto que filmara a briga mais cedo. Ela se aproximou dele e perguntou-lhe:
— Você sabe onde está Elliot Holmes? Tenho uma coisa para ele.— Não teria uma coisa pra mim também, docinho? — Disse Kirby, rindo, malicioso.Layla o encarou, séria.— É… No pátio… Ele está no pátio. — Respondeu Kirby sem graça.— Obrigada. — Ela se afastou dele.— Não por isso… — Kirby disse.Layla foi até o pátio e encontrou Elliot deitado no banco, fumando, tranquilamente, enquanto ouvia música. Ela se aproximou dele. Ele a olhou de baixo para cima, pausando por um instante, na cintura dela, com um sorriso malicioso e se sentou, tirando os fones.— Qual é gatinha? Procurando encrenca? — Ele disse.— Será que você pode fazer algo por mim, bonitão? — Perguntou Layla.— O que você quiser… — Disse ele.— Pode… Assinar isso para mim? — Ela se aproximou dele, caminhando de forma sexy.— Me deixe ver isso? — Elliot pegou a folha e deu uma olhada, antes de devolver a ela. — Só que não vai rolar, gata… Não mesmo, mas valeu a tentativa. Diga a aquele engomadinho para enfiar isso no… BOLSO. Não assino essa droga nem ferrando!— Ah, não faz assim, gato. Vai? Por mim? — Ela disse sentando-se no colo dele.— E o que ganho com isso? — Perguntou ele, aproximando seu rosto do dela.— O que você quer? — Perguntou ela.— O que quero? — Repetiu ele a encarando.Ela sorriu, nervosa. Já estava se arrependendo de ter bancado a femme fatalle, mas também o que ele poderia pedir, além de um beijo?— Vai me dar o que eu quiser? — Ele perguntou.— Aí, depende do que você tem em mente… — Ela virou o rosto e quando quis se levantar, ele a segurou.— Ei? Vem cá? Tá fugindo por quê? — Ele riu, divertindo-se. Ah, ele estava adorando aquele jogo. — Acho que já sei o que vou pedir.— E o que vai pedir? — Perguntou ela com a respiração ofegante.Ele riu, alto.