A Chegada à Fazenda

Só poderiam então chegar ao local caminhando, e os três ocupantes do veículo descem e continuam todo o percurso. São uns trezentos metros até chegar ao portão que dá acesso à sede da casa na fazenda, mas, para quem está tão determinado e vindo de tão longe, com uma vontade enorme de encontrar aquela que pode ser a sua amada Elizabeth, ele não está ligando muito se terá que andar trezentos metros ou até trezentos quilômetros, pois o seu maior interesse é saber tudo sobre essa história que o assombra desde então. John já nem sabe mais o que vai dizer a ela quando a encontrar; as palavras até parecem fugir de sua mente de tanto que é a sua emoção, mas nesse momento isso já não tem tanta importância para ele, nem passa por sua mente desistir por não saber o que lhe dizer. Só a vontade persiste em seu coração e a fé no seu objetivo. Ele sabe que agora está bem perto e que vai até o fim dessa história. Eles já podem ver a sede da fazenda onde o rapaz que os conduziu, conhecido pelo nome de Jonas, mora. Ele é funcionário da fazenda e costuma fazer as entregas pela região. Quando há necessidade, ele também viaja para receber ou fazer pagamentos da fazenda em outras localidades. E em uma dessas suas viagens foi que ele se encontrou com Elizabeth, que andava pela estrada na ocasião, então lhe deu uma carona, o que acabou por trazer John até ali.

John e Josué chegam finalmente ao portão de entrada da fazenda, que por ironia ou prudência está fechado por uma corrente e trancado com um grande cadeado. Eles batem palmas e chamam por muitas vezes, mas nenhum sinal de alguém os ouvir, então eles resolvem tomar uma decisão que na verdade não é a mais correta a se fazer: pular o cercado da fazenda e adentrar a propriedade sem permissão. Ninguém os vê fazendo isso, a não ser o cachorro que mora ali e que fica vigiando a fazenda. Quando o animal ouve os gritos no portão, fica alerta, mas, quando percebe que foi invadido o lugar, sai em disparada em direção ao portão. O animal é grande e bem forte, um cão da raça Pitbull, raça muito agressiva, que vem correndo e dá algumas latidas fortes bem ameaçadoras. Os três ouvem e logo o veem aproximando-se rapidamente em sua direção. De imediato, todos sobem em uma árvore que fica próxima à cerca. Mal deu tempo de subirem, e o cão chega e fica embaixo da árvore. Latidos ferozes ecoam pelo ar. Com essa barulheira toda em direção ao portão da fazenda, o capataz ouve e vai ver o que está acontecendo com aquele animal, que parece estar louco, afinal não eram esperadas visitas nesse dia, por isso o Pitbull estava solto. Quando o capataz vai em direção ao portão, vê três rapazes totalmente acuados em uma árvore, uma situação totalmente inusitada. Seu Clóvis, como é chamado o capataz da fazenda, grita com o animal enfurecido, que se cala quase que imediatamente, mas fica rosnando enquanto anda em volta da árvore. Outro grito de seu Clóvis, e o animal sai correndo de volta à sede da fazenda. Quando tudo parecia seguro, todos descem da árvore.

─ Mas o quê que vocês estão fazendo aqui?, pergunta seu Clóvis. O animal é bravo, e a cerca tem passagem para ele sair, logo poderia ter ferido um de vocês! Não esperávamos ninguém aqui hoje, por isso o animal está solto.

 ─ Boa tarde, senhor! O senhor nos desculpe, por favor, por aparecermos assim. É que venho de muito longe e não conheço o lugar. Apenas o moço aqui que está conosco que conhece a região, mas não as pessoas da sua fazenda, disse John ao capataz.

─ Bem que gostaria de ser mesmo o dono da fazenda, mas sou apenas o encarregado de cuidar daqui!, diz seu Clóvis enquanto tira o chapéu de palha da cabeça. Mas o que traz vocês aqui neste fim de mundo?

─ É uma história um pouco longa, senhor. Mas, se o senhor nos permitir, então contarei tudo ao senhor!, disse John.

─ Tudo bem! Podem ficar. Vamos conversar, mas mantenham-se perto de mim, pois o cão ainda está solto e é bravo. Se ficarem perto de mim, ele não ataca! John, Josué e o motorista do táxi caminham em direção à sede da fazenda, sendo escoltados por seu Clóvis e vigiados pelo cachorro, que olha para eles mostrando os enormes dentes de fúria, que fazia escorrerem babas. O motorista era o último da fila e também o que mais olhava aterrorizado de medo para o animal. O cão o estava seguindo a uma distância de uns três metros e, se resolvesse atacar, seria o primeiro que ele pegaria. John já nem pensava mais no cachorro; sua preocupação era outra totalmente diferente e tinha o nome de Elizabeth, aquela bela mulher que não sai de seus pensamentos. Finalmente eles chegam à sede da fazenda. Seu Clóvis abre a porta e manda que entrem, e são convidados a ficar na varanda da casa, onde é bem mais arejado. Também seu Clóvis, por não conhecê-los, prefere que seja assim, que todos fiquem em um lugar onde poderiam ser vistos pelos outros funcionários da fazenda.

─ Sentem-se, rapazes. Posso lhes oferecer algo para beberem? Café? Água? O que desejam?

─ Pode trazer água, por favor. Acho que falo por todos nós, respondeu John. E os outros concordaram com ele.

─ Mas sim... Qual é mesmo o seu nome, meu jovem? Pergunta seu Clovis.

─ John Kenny, senhor!, responde John. Mas pode me chamar de John, que é como sou conhecido.

─ E qual o motivo de sua visita?, pergunta seu Clóvis.

─ Eu vou ser bem direto com o senhor: o motivo de minha vinda a sua casa é que estou à procura de uma jovem que desapareceu do hospital onde estava internada há mais ou menos três semanas, em Novo Paraíso. Por estar com problema de memória, ela saiu do hospital durante a noite, e foi embora pela estrada. Fiquei sabendo que um funcionário desta fazenda passou por ela e deu-lhe carona.

─ E como o senhor sabe que foi um funcionário daqui desta fazenda quem deu essa carona?

 ─ Ora! Eu sei, porque estou à procura dela já há algum tempo, e vim parar aqui nesta cidade, onde perguntei a algumas pessoas até encontrar alguém que a viu. E foi essa pessoa que a avistou com um funcionário daqui desta fazenda, e ele conhece o rapaz. O seu nome é Ismael; trabalha lá em um restaurante da cidade! O senhor o conhece?

─ Sim, conheço! O velho Ismael sempre falando muito! E como é mesmo o nome do rapaz que o Ismael falou ter trazido essa mulher com ele?

 ─ Bem... O seu Ismael escreveu o nome do rapaz aqui neste pedaço de papel, que ele me deu junto com o endereço daqui da fazenda!

Seu Clóvis pega o pedaço de papel das mãos de John, olha-o atentamente esboçando um pequeno sorriso e diz: 

─ Não podia ser outra pessoa! Sempre o Jonas! Ele não pode ver mesmo um rabo de saia que perde logo a cabeça. Esse rapaz está sempre se metendo em problemas por causa de mulher. Vou m****r chamá-lo aqui, e ele poderá falar melhor sobre esse assunto. Então seu Clóvis manda chamar o jovem Jonas, que no momento está trabalhando no campo. Ele tem a função de motorista e, quando não está fazendo as entregas pela cidade ou recebendo algum pagamento em outro lugar, fica encarregado de conduzir o maquinário da fazenda. Vem um peão a cavalo atendendo ao pedido de seu Clóvis. Vai rapidamente ao encontro de Jonas, que está um pouco distante da sede da fazenda, que é bastante grande. Nela se produzem muitos tipos de cultura, como café, soja, milho e outros. Ainda existe uma parte da fazenda que é dedicada à criação de gado, e Jonas é um funcionário antigo. É jovem, mas está na fazenda desde que nasceu ocupando muitas funções, por isso está sempre bem ocupado. Ele espera uma promoção para encarregado da fazenda no lugar de seu Clóvis, que deverá se aposentar em breve, em mais alguns meses. Em sendo Jonas o funcionário mais estudado de todos, é o mais cotado para o cargo, que logo ficará vago, todavia, para ele ser promovido, precisará da avaliação de seu Clóvis, que no momento não está muito contente com as atitudes que anda cometendo. Esse fato novo pode até interferir na indicação que ele tanto espera, pois, se Jonas se envolver em alguma coisa que venha a expor o nome da fazenda, poderá não receber a tal promoção, e até poderá ser dispensado de suas funções, mesmo sendo filho de um dos primeiros funcionários que foram trabalhar na fazenda e que ajudaram a formar o que ela é hoje.

Jonas recebeu a notícia de que o chefe o está chamando, de que ele está sendo esperado na sede da fazenda. Desconfiado, logo pergunta: “O que está acontecendo? Você viu alguma coisa estranha? Curioso, pois estava sempre metido em algum fato novo, mas sempre era por envolvimento com mulher; e sempre a de outro homem, mas o amigo não lhe soube dar nenhuma informação, até porque não teve tempo para ouvir nada sobre a conversa. Então Jonas vai em direção à sede da fazenda, onde estava sendo esperado. Pelo caminho, tenta lembrar se tinha feito alguma coisa que pudesse criar certo tipo de problema para ele, mas nada vem a sua mente naquele momento, e chega à sede da fazenda, atravessa a sala que vai dar na varanda da casa onde todos estão à sua espera. Chegando lá, depara com três indivíduos desconhecidos para ele, pois nunca os tinha visto antes. E isso o deixou ainda mais preocupado com o motivo dessa visita inesperada. Ele não pode recuar, porque foi chamado pelo seu chefe no trabalho, seu encarregado, aquele a quem quer muito substituir no futuro. Se recuar nesse momento, pode-lhe custar a promoção que tanto espera, Jonas então aparece na porta e cumprimenta a todos.

─ Boa tarde, senhores! O senhor mandou me chamar, patrão?

─ Sim, mandei! Temos umas perguntas a lhe fazer, ou seja, esses cavalheiros têm umas perguntas a lhe fazer! Eles vieram de longe, em busca de uma jovem, que segundo eles o seu Ismael, que trabalha no restaurante na cidade, disse ter visto essa moça com você. Essa moça que eles estão procurando... O que você me diz a respeito disso?, pergunta seu Clóvis. 

─ Certamente, senhor. Você tem uma foto dela aí?, pergunta Jonas.

─ Sim, tenho!, responde John, então Jonas pega a foto, olha e diz:

 ─ Nossa! Sim! É muito parecida com a mulher a quem eu dei uma carona mesmo. Já faz umas três semanas, mas não esqueci aquele rosto. É uma mulher muito bonita, daquelas que não se esquece fácil.

─ E onde ela está?, pergunta John.

─ Não sei! Eu a deixei lá na cidade. Ela disse que tinha que ir a um lugar; eu quis levá-la, mas ela não deixou. Era um pouco estranha; muito bonita, mas um pouco estranha. Não falava muito; tentei conversar, mas ela não deu muito espaço para conversa. Só falava que tinha que ir a um lugar encontrar alguém ou coisa assim. Perguntei a ela o que tinha acontecido, mas ela não quis falar a respeito. Insisti um pouco, mas aí foi, quando ela me olhou de um jeito que eu me senti mal, aí parei de fazer perguntas. Seja lá o que foi que aconteceu com ela, não quis que eu soubesse. Vocês são o quê? São parentes dela?

 ─ Sim, somos!, respondeu John, pois falar a verdade naquele momento só levantaria suspeitas sobre o que havia acontecido àquela moça dias antes, e isso poderia se tornar um problema para John, que não dispunha de tempo para dar explicações a quem quer que fosse.

─  Mas você nem ao menos ouviu ela falar onde era esse local aonde iria?, pergunta Josué, que até então se manteve calado durante toda a conversa, mas que de certa forma se preocupa com o amigo John e gostaria muito de poder ajudá-lo.

 ─ Sim! Ouvi sim alguma coisa do tipo! Ela falou que tinha que ir a um lugar conhecido como Montanha das luzes, que fica a uns dois dias daqui indo de carro.

─ Mas, se ela foi para lá, já faz muito tempo. Você não vai mais encontrá-la por lá, diz Jonas.

─ Mas tenho que tentar. Já estou aqui e não desistirei mais!, afirma John.

 ─ O senhor sabe onde fica esse lugar?, pergunta Jonas .

─ Não! Eu não sei! Não conheço nada aqui neste lugar; eu sou de outra cidade.

─ Só sei que terei que encontrar esse Monte de luzes!

Montanha das luzes! São algumas montanhas que ficam próximas umas das outras. Esse lugar é conhecido por esse nome, porque é estranho. Muitas pessoas afirmam já terem tido experiências sobrenaturais por lá e terem visto luzes estranhas no lugar. Houve até um relato de um homem que caçava por lá uma noite, o qual conta que foi perseguido por um ser estranho, que ele afirma ter saído de uma nave espacial. Mas é claro que ninguém acreditou na história dele, né? Se o meu patrão permitir, levo vocês até lá.

─ Tenho muita vontade de ir a esse lugar um dia. Quero ver se vejo uns extraterrestes por lá! Rsrsrs!, disse Jonas, e então John pergunta ao senhor Clóvis se seria possível que Jonas os levasse até o lugar, e seu Clóvis, depois de um tempo, permitiu que Jonas os acompanhasse até o local. John dispensa então o motorista que os tinha trazido até aquele lugar. Eles não precisam mais dos seus serviços, pois Jonas agora fará essa função de levá-los até a tal Montanha das luzes. Eles partem e deverão percorrer dois dias de viagem de carro.

John prefere ir buscar o seu carro no estacionamento do hotel, o qual conhece bem e nele confia muito. Será uma viagem longa, e ele não pretende parar, a não ser para necessidades extremas. Após pegarem o carro no estacionamento do hotel e checar todos os equipamentos e acessórios, os três embarcam para uma nova e surpreendente aventura sem terem ideia do que os espera. No começo da viagem Jonas se oferece para pilotar o veículo, pois, logo que viu o possante, ficou com muita vontade de dirigi-lo, já que esse modelo de carro ainda não tinha tido a oportunidade de dirigir: uma pick-up do modelo Hilux, cor preta, toda automática. Logo se apaixonou pelo carro e imaginou que, assim que recebesse sua tão sonhada promoção, compraria um modelo daqueles. Aproveitou a viagem para conhecer o carro por que acabara de se apaixonar. John, que pretende dirigir no turno da noite para que a viagem não sofra tanto atraso, aproveita para descansar enquanto Jonas está dirigindo. Josué não sabe dirigir, mas se senta no banco do carona ao lado de Jonas, que tenta lhe passar algumas lições de como pilotar um carro, e Josué assiste atentamente às lições que lhe são dadas.

A viagem correu normalmente. No primeiro dia e durante a noite, nada de inconveniente os tirou de sua rota. Logo após as doze horas do segundo dia, entraram na estrada que leva à Montanha das luzes e chegaram ao local por volta das dezoito. Provavelmente terão de passar a noite no local, o que, para John, não será um problema, pois sempre está viajando e muitas vezes dorme mesmo é dentro do carro. Já está acostumado com esse tipo de situação. São três, logo todos vão ter que passar a noite sentados nos bancos do carro. Chegando à entrada do lugar, veem que há outros dois carros parados bem à sua frente, os quais também estão se dirigindo ao local. John pede que Jonas pare próximo aos outros veículos que estão na entrada da estrada, e os dois saem do carro, aproximam-se dos homens que estão em maior número. Eles são quatro pessoas e estão sentados em círculos, sobre pequenos bancos feitos de madeira, ao redor de um fogão típico de viagem, em cima do qual há um bule de café. John cumprimenta as pessoas e lhes pergunta:

─ Boa tarde, amigos! Vocês por acaso estão indo para a Montanha das luzes?

─ Sim! estamos! E vocês? Que vão fazer lá essa hora? Logo irá anoitecer, e todos sabem que, estando lá após o anoitecer, não se consegue encontrar o caminho de volta. Só se consegue sair de lá quando amanhecer!

─ Como é que é? pergunta John.

─ É verdade sim! Vocês não sabiam disso? Muitos foram os que já ficaram lá em cima e passaram a noite tentando sair, mas não encontraram o caminho de volta, a não ser depois que amanheceu! Todos sabem disso por aqui, por isso vamos esperar a noite passar e somente de manhã iremos até lá à Montanha das luzes. Vocês podem ficar aqui conosco até de manhã, então todos podemos ir.

 John ficou pensativo por um tempo, mas Jonas logo interrompeu seus pensamentos dizendo-lhe: 

 ─ Nada! Eles estão querendo nos assustar ou impedir que a gente vá até lá!

─ Deve haver algum motivo para isso. Você não acha?, responde John, que não costumava tomar decisões tão impetuosamente, mas Jonas está louco para ter uma experiência sobrenatural. Ele sempre ouviu falar o que acontece naquele lugar e não queria perder essa chance por nada.

─ Ora! Você vai acreditar nesses caras? A gente nem os conhece! Vamos lá! Somos três? O que pode acontecer conosco?, disse Jonas. E temos que voltar amanhã. E se a garota estiver por lá hoje e sair antes de chegarmos lá? Você já pensou nisso? Jonas toca bem no ponto fraco de John, e ele decide que eles vão até lá antes que a noite chegue, então se despedem dos homens e vão pela estrada. Os outros homens que estavam lá esperando a noite admiraram a coragem deles, mas preferiram ficar até o dia seguinte, pois já ouviram falar muitas coisas a respeito desse local, e não vão se arriscar assim à toa por puro capricho, mas John, Jonas e Josué não se intimidam com o aviso e vão pela estrada adentro. A noite já estava chegando, e Jonas acelerava mais e mais o carro para sair da estrada antes que ficasse muito escuro. A estrada que na verdade parecia mais um ramal, pois tinha árvores pelos dois lados, dando a impressão de que, a cada metro ultrapassado pelo carro, a estrada ficava cada vez mais estreita, como se ela estivesse se fechando atrás deles. Jonas olha pelo retrovisor do carro e não consegue mais ver a estrada atrás deles, então diz a John:

─ Por favor, dê uma olhada aí atrás. Parece que a estrada está se fechando atrás de nós!

Josué se antecipa a John e olha. Ele que vinha no banco de trás podia ver melhor. Quando Josué olha, toma o maior susto, se espanta e grita:

─ Jonas, acelera irmão! A mata vai se fechar em cima de nós; ela vai nos pegar. Está se fechando mesmo atrás de nós!, disse Jonas, o qual acelera mais o carro, que nessa hora já está a mais de cento e vinte por hora. John olha para trás e diz:

─ O que está acontecendo aqui? Será que era isso que aqueles homens quiseram nos dizer, e não os ouvimos?

─ Que Deus esteja conosco nesta viagem! Pois tudo que faço é para sua honra e glória, amém!, diz Josué, que estava com os olhos arregalados de medo. O carro percorre toda a estrada em poucos minutos e logo chega a um lugar descampado, saindo finalmente da estrada sombria, que desapareceu por completo da vista deles. Jonas para o carro. Está uma total e completa escuridão no lugar. Somente os faróis do carro iluminam o lugar, que é imenso. Josué está apavorado, e Jonas, que tinha ido atrás de ter uma experiência sobrenatural, acabou de tê-la. Mas estava tão assustado quanto Josué; só John se manteve calmo, pois não costuma se assustar tão facilmente. Ele ainda não havia tido uma experiência como essa em toda a sua vida, mas tem um objetivo a cumprir, e nada poderá desviar a sua atenção do que ele veio buscar.

Como não se pode ver nada, todos permanecem no interior do carro. O silêncio é grandioso; tudo muito calmo! Só os faróis tentam rasgar a escuridão. John liga o carro, cuja bateria já está quase esgotada. Só o motor da pick-up faz barulho. Jonas liga o rádio, mas o lugar onde eles estão é tão longe que a recepção do sinal se faz ruim, então ele põe um pendrive no som, logo começa a tocar uma melodia para animá-los, mas Josué vê uma luz no céu que vem em direção a eles, a qual cresce à medida que se aproxima deles. O som do carro para de tocar instantaneamente, e logo em seguida o motor do veículo também para, e todas as suas luzes se apagam. Agora é escuridão total; somente o céu está iluminado. Nada em volta deles se pode ver, e aquela luz se aproxima!

─ O que vocês acham que pode ser aquela luz que vem em nossa direção?, pergunta John.

─ Pode ser uma espécie de cometa ou estrela cadente!, responde Jonas.

─ Se for isso, vai nos acertar em cheio!, disse Josué, que completa dizendo:

─ Está vindo bem em nossa direção! Então eles abrem as portas do carro e, quando já estão do lado de fora, observam que aquela luz que até então estava vindo em sua direção, começou a diminuir a velocidade; já bem mais devagar, ela muda de direção, e então a luz se revela ser um enorme objeto, não conhecido por eles, um objeto bem grande e cheios de luzes, que passa bem em cima deles. Uma grande nave espacial não identificada, cuja velocidade era igual à de um carro que está andando a cinco quilômetros por hora, bem devagar. A nave passou bem por cima deles e sumiu por trás da montanha, levando com ela toda a névoa densa que envolvia o lugar. Logo que o objeto passou, o rádio do carro voltou a tocar, as luzes do veículo se acenderam. John aproveita para dar partida, todos entram no carro, e John pisa no acelerador com força e parte na direção em que o objeto foi. Ele quer saber o que era aquela coisa que passou por eles. Não existe caminho nem trilha na direção para onde o objeto foi, mas o mato é baixo, cerca de um metro de altura, então John entra com o carro nele e percorre uma longa distância até o veículo atolar de vez. Ele não pode mais continuar. Força o carro, mas não consegue sair do lugar, e logo em seguida uma luz forte vem em direção ao veículo; uma luz tão forte que não se pode ver nada na direção dela. John olha para seus amigos, que estão desmaiados, totalmente adormecidos, inconscientes. Chama por eles, mas nada; nenhum movimento, então ele ouve alguém falar, e a voz vinha da direção daquela luz.

─ Não se preocupe com eles! Eles estão só adormecidos. Foi preciso adormecê-los para que possamos falar com você!

─ Mas quem está falando comigo? Quem é você?, pergunta John, pois ele não conseguia ver nada. Aquela luz forte não lhe permitia focar a visão na direção de quem estava falando com ele:

 ─ Nós viemos de um lugar distante. Estamos aqui, pois deixamos um de nossos irmãos aqui, ou melhor, uma irmã há algum tempo para sabermos como poderíamos nos adaptar nesse planeta, então foi deixado um de nós para aprender sobre o seu povo, mas não esperávamos que nossa irmã fosse ter problemas. Ela foi descoberta por uma pessoa da sua espécie. Um de seus cientistas descobriu sobre ela e passou a persegui-la e a tentar capturá-la, e assim o fez. Sabemos que seu povo é muito diversificado, mas com muitos problemas; e o maior deles é o individualismo: ninguém se preocupa em ajudar o seu semelhante. Todos, sem exceções, estão sempre maquinando maneiras de tirar vantagem uns dos outros. Vocês ainda não aprenderam que, quando todos os membros de um reino trabalham juntos, o reino cresce, expande-se, evolui; o reino se enfraquece quando está dividido. Um reino pode se tornar muito grande quando todos trabalham em prol de um bem comum: a existência. Se o povo for unido, não haverá limites que esse reino não possa alcançar, mas, quando o reino é composto por seres ambiciosos, com pouco amor por seus semelhantes, tende a cair, pois não tem alicerce sólido e se sustenta somente em mentiras e corrupção. Os poucos que estão no poder retêm as riquezas para si próprios, deixando a maioria morrer. Todos os crimes cometidos neste mundo são culpa da ganância do homem. Se a balança, que é a fonte de renda, fosse equilibrada e todos tivessem direitos iguais, não haveria crimes, foi por isso que nossa irmã fingiu sua própria morte, depois que ela foi descoberta e após ela ser sepultada. Quando não havia mais ninguém no lugar, nós a tiramos do caixão e a deixamos em outro local para continuar vivendo e aprendendo a respeito de vocês. Passou-se algum tempo, mas ela nunca esqueceu o companheiro que ela teve aqui na Terra antes de fingir a sua morte. Ela não o esqueceu e queria voltar para encontrá-lo, e nós a resgatamos daqui e voltamos com ela para o nosso mundo, do qual, entretanto, ela não se acostumou e de lá fugiu. Ela veio até aqui, mas a sua nave caiu, e nós a perdemos. Agora estamos tentando encontrá-la. Sabemos que a nave em que ela veio caiu em uma mata, mas ela não foi encontrada. Nosso ponto de encontro é nessa montanha, por isso estamos sempre vindo aqui para ver se ela aparece. Hoje, quando estávamos chegando, conseguimos um fato novo: detectamos um sinal que há muito tempo não achávamos, que é o sinal do companheiro dela aqui na Terra; bem aqui nesta montanha. Ele será muito útil para nós. Com a ajuda dele, podemos encontrá-la mais fácil, pois somos proibidos de nos comunicarmos com seres de outros mundos. Existe uma lei que rege todo o universo e por causa dessa lei nós não podemos interferir na vida de nenhum planeta. É proibido! Não podemos fazer contatos com humanos, nem trocar informação sobre nada. Todos têm que seguir o curso que foi estipulado pelo Criador, o Rei Supremo. Só ele pode mudar alguma coisa na criação, mas mesmo Ele, que tudo fez, nada muda sem que venham até Ele. Um fato que descobrimos a respeito deste mundo é que os seres acham que não precisam do Criador, e o ignoram. Mal sabem que Ele é única solução para todas as suas dores. Este mundo está condenado à destruição por causa do orgulho tolo do homem.

─ Mas o que posso fazer?, pergunta John.

─ Você pode fazer muita coisa! Você é o companheiro dela aqui na Terra!

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