Acomodada no Jaguar preto de Lucky, a cada quilômetro me aproximando do destino final, sinto que estou indo em direção a uma sentença mortal. Me remexo no assento e verifico minhas unhas - recém-feitas num rosa pálido -, mordiscando-as. O cinto de segurança aperta meu peito como uma serpente, e me debato entre arrancá-lo e me jogar do carro em movimento ou engolir o grito que queima minha alma.
Tinha de ter dito não. Não só à carona e presença de Lucky, mas ao convite impositivo da minha mãe, àquela farsa de "almoço em família" que cheira – e é - armadilha.
— Está tensa.
Não era uma pergunta. Era um fato.
— Não estou tensa. Só pensativa.
Mentira. Meu pulso acelerado batia no ritmo de um tambor de guerra.
Ele lançou um olhar rápido para mim, os dedos batendo levemente no volante enquanto aguardava o sinal abrir.
— Não se preocupe tanto.
— Você não conhece minha família — alertei esfregando as mãos suadas uma contra a outra.
— Conheço o suficiente.
Dei um sorriso seco. Ele sabia apenas