CAPÍTULO VII
SOMBRAS DO PASSADO
As crianças nadavam sob a cachoeira de águas cristalinas. A menina de cabelos castanhos tinha nove anos e não desgrudava do irmão, um garoto robusto e alto para seus onze anos.
Saíram da água apenas porque já não podiam ignorar a fome. Perderam a noção do tempo em meio às brincadeiras. A mãe tinha sido clara: “Voltem antes do almoço”, como dizia sempre.
— Venha, precisamos voltar — o garoto estendeu uma das mãos e a ajudou a sair da água. Com a outra, colocou uma flor sobre a orelha da irmã, uma orquídea azul que crescera solitária à beira da água.
— Obrigada — admirava-se constantemente com o carinho de Damian.
***
Os assassinos emergiram na borda da floresta de Costaverde. Do alto da colina, tinham plena visão do interior da propriedade de Dom Omar. A chuva ainda caía incessante quando observavam a pouca movimentação dos guardas nas ameias. Preguiçosos por causa do aguaceiro, estes preocupavam-se muito mais em se manter secos e aquecidos do que em vig