CAPÍTULO XXX
INÍCIOS E FINS
Satanás abriu os olhos, os mesmos olhos verdes que um dia pertenceram a Lúcifer, o Arcanjo Resplandecente. A luz mirrada de uma tocha o encarava tremeluzente. Seu olhar seguiu do fogo para a madeira que o alimentava, e de lá, para o braço magro da garota humana, cujos olhos estavam arregalados. Ao lado dela havia uma menina menor. A palavra criança saltou à mente de Satanás, crias menores e inocentes, que ao longo dos anos se tornariam adultos e livres para cometer as atrocidades inerentes à sua espécie.
— O senhor é um anjo? — perguntou a pequena. A voz era infantil, doce e suave.
Lúcifer se levantou, desfraldando as asas como quem espreguiça após uma longa noite de sono. Sua aura se propagou, levando luz genuína para onde antes existia apenas a claridade oscilante da tocha.
Aquela pergunta, pronunciada por um ser tão inferior, que pouco ou nada sabia sobre o mundo, fez-lhe lembrar de que já não era um arcanjo do Senhor,