(Larissa)
A dor no abdômen voltou a latejar assim que me movimentaram para a maca. Era um incômodo profundo, como se algo dentro de mim estivesse fora do lugar. Eu queria gemer, mas só consegui apertar os olhos e tentar respirar fundo enquanto as vozes ao meu redor se misturavam com um zumbido.
Me disseram que eu estava indo para o quarto. Eu queria falar, queria perguntar pelo meu pai, por Gabriel, por... tudo. Mas minha cabeça ainda girava. Era como se meu corpo estivesse voltando devagar, como se minha alma tivesse se afastado por um tempo e agora estivesse tentando se reencaixar.
A luz do quarto não era tão forte quanto a do centro cirúrgico, mas ainda me incomodava um pouco. A cama era mais confortável, e o lençol fresco me deu uma sensação de segurança que há muito eu não sentia.
Estava tentando entender onde estava, tentar encontrar alguma ordem nos pensamentos embaralhados, quando alguém bateu na porta. A enfermeira foi atender, e minha visão ainda meio embaçada focou na figur