CAMILA

Leonardo saiu para viajar na segunda-feira logo depois do café da manhã. Nada de despedidas longas, nem de promessas exageradas. Um beijo contido na minha testa, a mala sendo colocada no carro, o som do motor se afastando pela alameda da mansão. Um volto no fim da semana dito com aquela segurança tranquila que ele tinha quando falava do futuro.

Fiquei parada no hall até os portões se fecharem. Quando o carro desapareceu, a casa pareceu suspirar. Não o silêncio acolhedor da madrugada, nem o silêncio de quando Leonardo estava trabalhando no escritório da mansão. Era outro tipo. Um silêncio amplo, aberto, quase desafiador, como se o espaço tivesse sido entregue a mim com um aviso invisível: agora é com você.

A semana inteira longe.

Dona Eliza tinha saído para ir ao médico e disse que depois iria para o centro encontrar umas amigas. Eu estava sozinha. Respirei fundo e subi as escadas devagar, sentindo uma inquietação que eu não soube nomear de imediato. Passei pelo meu quarto sem e