102. O Peso da Verdade
Alice
Passam das duas da manhã quando a febre de PG finalmente cede, e ele consegue dormir tranquilo. Dentro de mim, porém, há um turbilhão de emoções que me rouba a paz — justamente a paz que venho buscando há tanto tempo, mas que parece cada vez mais distante.
Do lado de fora do quarto, o doutor Filipe, ou apenas Fellipe — não sei ao certo como devo chamá-lo —, monta guarda. Ele também sofre, porque, assim como eu, foi enganado por quem mais amava durante quase dezenove anos.
Dou um beijo leve em PG e sigo para a porta. Preciso sair um pouco, respirar, pensar e tentar organizar minhas ideias antes que enlouqueça de vez.
Ao sair do quarto, Fellipe vem ao meu encontro. Seu olhar é triste, perdido. Assim como eu, ele carrega a dor de uma injustiça e paga por um erro que não cometeu.
Muitas dúvidas rondam minha mente, mas a maior delas é entender por que minha mãe escondeu sua gravidez. Por que não me deu a chance de conhecer meu pai biológico? Por que preferiu me deixar nas mãos de um