SARAH
A floresta estava quieta naquela manhã. O tipo de silêncio que não era ausência de som, mas sim presença de algo mais profundo — um tipo de respeito, talvez. A terra ainda guardava as cicatrizes da batalha, mas a vida insistia em brotar entre os escombros.
Caminhei por entre as árvores, meus pés descalços tocando o chão úmido. Não tinha pressa. Fazia meses desde que tudo aconteceu — desde que eu me transformei pela primeira vez, desde que Luiz fugiu sangrando, desde que eu decidi não matá-lo.
Muita coisa mudou desde então. Inclusive eu.
Eu me tornara parte da alcateia, mas ainda me sentia à margem às vezes. Como se estivesse em constante adaptação. Uma loba entre lobos, sim, mas marcada por uma origem que me fazia diferente.
Foi quando senti o cheiro dele.
Dário.
Meu corpo respondeu antes mesmo que eu pensasse. Era como se ele estivesse gravado em mim, de um jeito que nem o tempo apagava. Segui o rastro, sem me esconder. Eu queria que ele soubesse que eu estava ali.
Encontrei-o