(Reino Espiritual, A.G.M*)
A deusa Nara adentrou o imenso jardim criado por sua irmã Minerva, era um local de beleza estonteante: flores exóticas, pássaros de plumagens deslumbrantes.
Um clima suave e agradável enchia o ambiente e o som de uma música serena tornava tudo perfeito.
No centro do jardim um lago de águas cristalinas refletia a luz do sol, sentada no galho de uma árvore exuberante estava Minerva, sua irmã e sua algoz.
Há muito tempo quando fora forçada a fugir do seu planeta natal para preservar sua vida, Nara era pouco mais que uma criança, com poderes divinos, mas apenas uma criança sem ninguém a quem recorrer.
Sozinha teve que amadurecer rápido, tornou-se forte como precisava ser para sobreviver num deserto maldito.
Tornara trevas em luz, dera brilho e vida aquele mundo morto, o transformara num lugar de extrema beleza repleto de vida vegetal e animal. Apesar de todos os seus esforços não fora, contudo, capaz de suprir a imensa solidão que a atormentava.
Nara conhecera a vida em grupo, sabia o que era ter alguém igual a si, com quem pudesse dividir seus pensamentos e emoções, alguém que a compreendesse e a aceita-se.
Por isso num momento de absoluta insensatez criara Minerva. Um ser como ela, uma deusa com poderes inferiores aos seus, mas mesmo assim muito poderosa.
Assim que viu Minerva, Nara a amou tal qual uma mãe, Minerva era linda, alegre e exuberante! Encheu seu mundo de alegria, embora ciente de que cometera um erro, ela jamais teria coragem de voltar-se contra sua irmã.
Ela ensinou-lhe seus valores, mostrou-lhe seu mundo, amou-a incondicionalmente.
O som de um galho movendo-se arrancou Nara de seus devaneios, Minerva saltou do galho e postou-se diante da irmã, os cabelos negros lisos até a altura dos ombros esvoaçando com a brisa.
Ela tinha uma constituição suave e delicada, seu corpo perfeito estava coberto com um vestido lilás transparente sobre os ombros um véu branco translúcido.
As feições perfeitas estavam duras, frias e insensíveis, destoando completamente dos olhos que espelhavam uma centelha de arrependimento.
Esta centelha quase foi o suficiente para fazer Nara fraquejar, mas a lembrança da traição da irmã voltou vivida e forte.
Minerva encarou a irmã e numa voz destituída de emoção disse:
´ -Que bom que acordou querida irmã, senti sua falta.
-Como pode Minerva! Eu lhe dei a vida e em troca me condenaste a um sono de 2000 anos!
- Foi preciso querida irmã, você se negava a ouvir o bom senso - respondeu Minerva com tranquilidade.
- Bom senso! - explodiu Nara - O que você chama de bom senso é loucura!
-Não, minha irmã - retrucou Minerva - sem se deixar intimidar pela fúria da irmã - Somos deuses! Não nascemos para regar jardins e nos dedicarmos a animais irracionais que se quer podem reconhecer os nossos esforços. Nascemos para sermos adoradas, veneradas, é para isso que existimos! Foi isso que eu te dei! Um mundo repleto de criaturas magníficas para te adorarem e te darem louvor.
-Sua tola! Não sabe que está adoração é um rastro que trará nossos inimigos até nós! - Exclamou Nara destilando indignação.
- Penso que vale apena correr o risco - respondeu Minerva suavemente.
- Você pensa! - explodiu Nara - Não me importa o que você pensa! Eu criei você, me deve obediência. Saiba que destruí todas as suas criaturas, este mundo voltara a ser como era antes, entendeu?
Minerva fitou a irmã, Nara era um pouco mais baixa seu corpo envolto num manto transparente continha formas atléticas e exuberantes. Os longos cabelos da cor do mar, suavemente ondulados desciam até os quadris, na orelha uma rosa vermelha, as belas feições transtornadas de fúrias, os olhos azuis como os cabelos mostravam-se frios e implacáveis.
O corpo suave de Minerva estremeceu vítima de uma dor excruciante, ela levou a mão delicada ao coração e uma lágrima brotou de seus olhos e desceu pela face.
- Então você foi capaz? Pensei que você os aceitaria que aprenderia a amá-los como me amou, mas não, você os destruiu!Que culpa eles tinham dos meus pecados? - Indagou com a voz carregada de melancolia.
A dor da irmã era tão sincera que tocou fundo no coração de Nara.
-Você me decepcionou - a acusação não foi mais do que um sussurro.
- Você também me decepcionou! - retrucou Nara - pelo visto teremos que aprender a viver com isso.
- Não importa, eu os criarei novamente, você vai aprender a amá-los - afirmou Minerva com um olhar vibrante.
- Não se atreva eu os destruirei novamente - afirmou Nara.
- Então será uma longa disputa, a qual vencerei, pois, sou movida pelo amor e não pelo ódio e o amor como você mesma me ensinou supera tudo.
- Não estou brincando Minerva, se insistir nessa loucura eu a destruirei.
- É você pode fazer isso - respondeu Minerva - faça isso minha irmã, não deve haver muita diferença entre a morte e está vida sem graça que deseja me impingir.
- Como você pode ser tão ingrata! - exclamou Nara.
- E você tão cega! - devolveu Minerva - Mate-me irmã, por que se não me matar eu criarei outra vez! Mate-me, mate-me!
À medida que falava Minerva aproximava-se da irmã até ficarem separadas por apenas alguns centímetros.
- Não tem coragem, não é? - Indagou Minerva observando o rosto paralisado e sem cor da irmã que a observava sem ação - Nunca teve coragem para fazer o que era preciso, mas eu sim!
- Você vai matar nós duas se continuar com isso! - retrucou Nara cansada.
- Não! - exclamou Minerva tomada de emoção - Vou dar sentido a nossa existência, venha comigo me ajude a criar, minha irmã!
- Não, nunca! - exclamou Nara com veemência! - Se você insistir nessa insensatez eu irei persegui-los, irei esmagá-lo sem a menor piedade, eles não terão um minuto sequer de paz, eu juro por mim.
-Não faça isso! - implorou Minerva - Deixe-os em paz.
-Jamais! - assegurou Nara.
- E se... Se eu os criar dentro das suas leis, é isso! Você me dirá o que pode e o que não pode ser feito. O que acha?
- Não!
- Você gostará deles vai aprender a amá-los, verá como é maravilhoso vê-los clamar por teu nome.
- Isso nunca acontecerá Minerva, nunca!
- Acontecerá minha irmã, porque é o nosso destino! E nem mesmo você é mais forte do que o destino...
(A.G.M- Antes do grande massacre...)