Mundo ficciónIniciar sesiónOs dias passaram depressa e o casamento de Aila se aproximava. O castelo estava movimentado. Mamãe era responsável por organizar tudo pedindo para os empregados limparem os salões, prepararem os aposentos para os convidados que iam chegar em alguns dias. Barris de vinho, hidromel e cerveja eram armazenados na cozinha. Papai mandou abater 3 porcos e dois javalis para o jantar.
Aila estava ocupada com os poderes recém descobertos para se preocupar com o seu casamento. Ela passava os dias estudando com anciã que tocava o ar também. Era comum vê-la andando para lá e pra cá com um grande livro nas mãos devorando ele como se seu tempo estivesse acabando. Após a cerimônia fiquei curiosa com tudo que aconteceu e assim que tive a oportunidade perguntei para a mamãe mas ela disse que era um segredo que quando chegasse minha vez ela explicaria tudo pra mim. Estávamos em nossas aulas de bordado todas sentadas em uma sala arejada com grandes janelas que deixavam a brisa suave entrar sendo ensinadas pela senhora Golda. - Muito bem Alana seus bordados estão lindos - não pude evitar revirar os olhos Alana era sempre perfeita - é assim que seu bordado deve ficar Agnes se você tivesse só um pouco mais de paciência. - Estou entediada, não gosto de bordar preferia estar brincando no lago Agnes bufou, ela odiava as horas tediosas bordando e desfazendo e tentando de novo e picando nossos dedos e eu confesso que eu também. Queria estar lá fora treinando com meu arco - Olaf o filho do mestre de armas do meu pai estava secretamente me ensinando a usar o arco e eu já estava muito boa e adorava mas ninguém podia descobrir já que não era atividade para uma lady. - Assim que conseguir terminar poderá sair Agnes reclamar não vai fazer o bordado aparecer magicamente. Em determinado ponto Aila se juntou a nós para continuar bordando seu enxoval. Era o único momento em que ela largava os livros. Continuamos assim por toda a tarde, enquanto a luz lá fora se desvanecia e as primeiras velas começavam a iluminar a sala. - Alba querida - mamãe entrou de repente na sala interrompendo nossas lições - Seu pai precisa falar com você me acompanhe por favor. Soltei meu bordado e segui mamãe até o grande salão. Papai estava dando instruções a dois guardas e ao seu lado estava seus conselheiros Drustan Kelvedon e Godfrey Vernon. Assim que entramos na sala papai e os dois senhores olharam para nós. Ambos se curvaram em um cumprimento - Lady Alba Botterell - Retribui o comprimento e esperei. Papai se despediu dos dois homens que saíram do grande salão. Eu estava um pouco nervosa e apreensiva com o que iria sair dessa conversa. - "Alba minha filha, há alguns anos quando você tinha 10 anos teve um grande torneio promovido pelo Rei Einar Evynnwood - Disse ele calmamente - Pela primeira vez nossa casa havia sido convidada. Sr. Drustan, que tinha contatos na capital, me alertou que suspeitava que o convite seria porque um lorde do norte queria traçar uma aliança com uma casa poderosa do sul e fortalecer sua influência. A suspeita do Sr. Drustan se concretizou quando assim que chegamos a capital fomos convidados à corte para um jantar. O jantar foi promovido pelo lorde Olaf Dragomir e lá conheci alguns homens importantes, inclusive o chefe de sua guarda, Sr. Lunden Gyor. Lunden Gyor era braço direito do lorde Olaf Dragomir e tinha um filho mais ou menos da sua idade. Lorde Dragomir sabia que eu tinha 4 filhas e queria unir nossas famílias através de um casamento - Eu congelei percebi na hora onde aquela história iria chegar e não estava pronta para ouvir as palavras que iam sair da boca do meu pai - Aila já tinha sido prometida para Cassian então naturalmente a próxima na hierarquia era você Alba". Eu senti o chão desaparecer sob meus pés e a cor sumir do meu rosto. Um casamento é isso já fui escolhida, escolhida não, selecionada como um porco para o abate ou um cavalo sendo vendido, será que vão olhar meus dentes também para ver se eu sirvo? Claro que eu sabia que eventualmente iria me casar mas esperava que fosse demorar algum tempo antes de me comprometer com um completo estranho de um lugar que nunca nem pisei. - O arranjo foi feito ali mesmo, testemunhado e selado. Você e o filho único de Gyor iriam se casar assim que ele voltasse do seu treino para se tornar o guarda do herdeiro de Dragomir. E hoje recebi uma correspondência me informando que ele está voltando pra casa assim que ele chegar vamos começar os preparativos para o seu casamento. - Eu tenho algo a dizer sobre isso? Tenho uma escolha? - O acordo está selado. Era isso, o acordo tinha sido selado e eu não seria consultada não precisavam da minha opinião nem permissão. Meus olhos encheram de lágrimas mas não iria chorar ali. Cerrei o punho pedi permissão para sair e corri para meu quarto. Minha mãe me seguiu e entrou no quarto comigo. Eu estava furiosa andava de um lado para o outro sentindo a raiva ferver dentro de mim. - COMO ELE PODE - Gritei esbravejando - COMO ELE PODE TRATAR A PRÓPRIA FILHA COMO UMA ÉGUA VENDENDO PARA QUEM PAGAR MAIS. - Eu sei que você esta com raiva minha Alba mas você sabe como as coisas funcionam, mesmo nessa terra onde somos mais respeitas os homens ainda decidem por nós. - NÃO É JUSTO!!!!!! - Sei que não é, mas é assim que funciona. Eu também um dia tive a mesma conversa com meu pai um dia eu também senti tanta raiva por ter alguém decidindo meu destino por mim que quis fugir brigar me rebelar. Eventualmente tive que aceitar e me casar com o seu pai. Com o tempo comecei a conhecê-lo e perceber que ele era um homem bom e gentil e o amor cresceu em meu coração substituindo a raiva que eu sentia. - Eu não quero ir, não quero abandonar tudo que conheço aqui e ir para uma terra fria com pessoas que eu não conheço - Lagrimas agora rolavam pelo meu rosto e eu não podia mais evitar - Não me obrigue por favor. - Minha mãe me abraçou e sussurrou um sinto muito em meu ouvido. Quando ela saiu do meu quarto eu desabei na minha cama e chorei. Chorei de raiva por não ter poder de escolha, chorei de tristeza por ver que não tinha controle sobre a minha vida e chorei já de saudade que eu iria sentir da minha terra das minhas irmãs da minha vida antes de ser entregue a alguém que eu não conhecia. Chorei por horas e adormeci de cansaço. Acordei com o sol iluminando meu quarto e uma das empregadas batendo na porta. - Entre - disse em meio a um bocejo. Meu travesseiro estava molhado devido as lágrimas eu ainda estava completamente vestida e de sapatos meu cabelo um emaranhado que eu não sabia como desfazer - Prepare um banho por favor Eira. - Sim Lady Alba O banho ficou pronto e eu mergulhei na banheira a água quente me preencheu e me trouxe uma sensação de tranquilidade, Eira e Igrid esfregaram meus braços e pernas. A água estava perfumada com lavanda e alecrim. Elas lavaram e escovaram meus cabelos desfazendo todos os nós. Me vesti e desci para o café da manhã encontrei todas as minhas irmãs na mesa, mas mamãe não estava em lugar algum. Assim que me sentei Aila olhou para mim, franziu os olhos e virou ou pouco a cabeça como se tentasse me ver melhor. Ela sabia que tinha algo errado. Não desci para o jantar ontem, estava com os olhos inchados ainda de tanto chorar. Comi meu café da manhã em silêncio apenas mastigando e mal sentindo o gosto da comida. Assim que terminamos o café, a senhora Golda nós levou para a biblioteca para as primeiras aulas da manhã. Aila continuava a me observar, sabia que assim que ela tivesse uma oportunidade iria me interrogar. Assim que as aulas acabaram corri para fora e pedi para o cavalariço selar meu cavalo. Era um lindo puro sangue com pelos negros. Seu nome era trovão e eu o amava, era meu companheiro e eu montava ele desde que era criança. "Olá, Trovão." Montei nele e parti em disparada para dentro da floresta. Eu amava a liberdade que o cavalo me oferecia — o vento contra o meu rosto era uma das melhores sensações que existiam. Quando alcancei a margem de um lago, desmontei de Trovão. Amarrei-o a uma árvore próxima e me sentei à beira d'água, contemplando a imensidão silenciosa daquele lago. Não percebi que Aila se aproximando estava perdida em meus pensamentos. Ela sentou-se ao meu lado e permaneceu em silêncio. - Pode perguntar... - Você está bem, Alba? não a vi depois que papai lhe chamou para conversar e seus olhos me disseram que você chorou. -Eu vou me casar. - CASAR? como assim? - Foi isso que papai me disse ontem, me vendeu há uns 6 anos atrás como uma boa égua. - Mas...com quem? - Um filho de um lorde do norte. Após seu casamento será o meu. E eu vou embora viver numa terra fria sobre a qual eu não sei quase nada - Embora? você vai embora? mas... - Sim Aila tenho que seguir meu marido não tenho? e ele aparentemente será guarda de um filho de um lorde importante e eu tenho que estar ao seu lado. Vou deixar minha casa, minha família, minha terra para viver em outro lugar. - Mas eu não quero que você vá - Aila tinha lágrimas nos olhos - o que farei sem você aqui? - Você vai ter sua própria família pra cuidar da minha irmã e ficará bem - sorri pra ela tentando passar uma força e certeza que eu não tinha - Também não quero ir mas tenho que cumprir com meu dever. Vou te escrever todos os dias. - Você promete? - Prometo. Nós nos abraçamos e ficamos assim abraçadas e chorando baixinho com a saudade já começando a apertar no peito.






