RENATO
Eu tô sentado na cama dura desse hotel barato, olhando pela janela como se a qualquer segundo alguém fosse aparecer lá embaixo. Eu sei que tão me procurando. Sei que a polícia tá batendo atrás de cada maldito passo meu. E sei, principalmente, que o Caleb deve ter meia cidade procurando ele agora.
E é exatamente isso que eu quero.
Quanto mais barulho ele fizer, mais dinheiro eu arranco.
Simples.
Direto.
Cruel.
E eficiente.
Esse hotel fede a cigarro velho e bebida barata. As paredes têm manchas que eu nem quero imaginar de onde vieram. Mas, pra mim, é perfeito. Ninguém olha pra ninguém aqui. É o tipo de lugar onde até o recepcionista finge que não vê nada.
Perfeito pra se esconder.
Eu apoio os cotovelos nos joelhos e fico encarando minhas mãos.
Elas tremem um pouco. Não de medo.
De raiva.
De expectativa.
Eu odeio o Caleb.
Não é de hoje.
O povo acha que ele é esse cara perfeito, esse homem de família, todo dedicado, todo certinho, essa imagem de CEO exemplar que faz tudo direito.