CENA VII: A CONVOCAÇÃO DOS CAVALEIROS
[O príncipe faz uma anunciação no reino]:
PRÍNCIPE: Nesta sexta-feira de maio, anuncio nos reunirmos aqui para a honra de nossa defesa. Nossa célebre e heroica luta se dá por uma temida jornada. Há possivelmente uma criatura neste reino e todos nós desconhecemos suas artimanhas. Alguns soldados deste reino estão sendo convocados pela rainha para a sua caçada, para capturar os tesouros preciosos de sua morada! Terá fama e glória para os cavaleiros! Com direito a grandes festas e comemorações para os que a derrotarem!
A criatura é como uma fera, tão temida pelos mais ardilosos.
Tão voraz que pode matar
Faminta ela estará à espera de sua presa.
Olhem, mortais, que preciosidade, uma caverna cheia de relíquias!
Vejam, todos, vejam só, qual bravura é capaz de enfrentá-la?
Veremos, meus caros guerreiros, quem levará sua espada para cortar sua cabeça!
Que prêmio, honra e glória hão de nos servir!
CAVALEIRO: Nestas moradas rochosas, frias e escuras onde há ambientes cavernosos certamente deve haver um monstro muito temido pelos mortais. Certamente lá dentro há cristais e pedras preciosas que devem valer uma fortuna! Eu devo me preparar de toda esperteza com coragem para matá-la e receber minha recompensa! Essa besta de olhos amarelos como o fogo mais crepitante, dentes afiados e pele escamosa de réptil, esperando para que o primeiro cavaleiro assuma a audácia de querer encontrá-la para procurar o tesouro. Pois bem, como estes companheiros só pensam em festejar e desfrutar de bebedeiras, não sei quem terá tamanha coragem de enfrentá-la... O melhor é a gloriosa fama depois de talvez capturá-la! Mas, enfim, ouvi muitas histórias nestas redondezas que ninguém é forte o bastante para derrotar a besta das moradas! Deus, o que será de mim? Anjos celestiais, já estou em prantos! Virgem Maria! Senhor Jesus!
PRÍNCIPE: Não se desespere, homem! Quem aqui é capaz de derrotar uma fera dessas? Saiba que o reino precisa de cavaleiros que estejam de acordo com os nossos ideais, dispostos a proteger-nos contra os inimigos de nosso reino. Quem aqui é capaz de enfrentar a besta em atos heroicos?
CAVALEIRO: Oh!
ESCUDEIRO: Não enfrentamos nem uma codorna direito, vamos enfrentar um dragão!
Olhem, vejam só, somos piores que galinhas amedrontadas na hora da morte
E agora a rainha comete a loucura de nos convocar para um caminho tentador!
Ora, se eu sou trouxa de cair nesta, vê se pode encarar uma besta!
Eu é que sairia correndo!
Só imagino a boca expelindo fogo para queimar-nos vivos! E ainda mais loucos estes se tornam!
Engraçado é que além de sermos mal pagos, nos colocam em uma jornada pior!
Nem cheguei perto do monstro e me sinto cheio de aflição!
Que amargura, ela não tinha mais quem chamar, não?
Pois eu lhes digo, que se eu tiver que mover um só dedo para combater o dragão, eu juro que me incrimino só para me livrar desta ameaça!
Que pouca vergonha, uh!
Doce Virgem Maria, me ajude a orar para que eu não me torne alimento de dragões!
[Risos.]
CAVALEIRO: Ora, cale-se, escudeiro! Você não é preparado para a guerra.
ESCUDEIRO: Isso eu sei, mas também não sirvo de escudo contra dragões!
[Risos.]
PRÍNCIPE: Bom, há aqueles que têm medo exagerado de animais silvestres, ou é apenas uma piada?
ESCUDEIRO: Piada é isso aí: “Convocação para enfrentar a fera!” Uh! Mas não saio daqui nem morto!
CAVALEIRO: Ora, escudeiro! Shhhh!
PRÍNCIPE: Meus caros convocados do reino... [é interrompido pela fala do escudeiro.]
ESCUDEIRO: Tomara que meu nome não esteja na lista!
CAVALEIRO: Shhh! [o cavaleiro dá uns tapas no escudeiro.]
PRÍNCIPE: Ham, ham... Meus caros, convoco-os para o treinamento com espadas, armas de combate, arcos e flechas e catapultas para o enfrentamento da besta que pode ser letal para o nosso vilarejo!
Besta, você só pode ter vindo do inferno!
Aguarde os mortais para sua completa destruição
Arrancarei seus olhos amarelados e incendiarei suas tripas
Cortarei sua língua e retirarei todos os seus dentes
Eu não temo sua monstruosidade
Que sucumba em sua podridão, que se torne cinzas sem moderação!