Ele se apaixonou pela filha prometida do capo e a largou grávida por conta de uma promessa. Dante era o mais velho dos irmãos Mitolli. Era ele quem coordenava e comandava os negócios. Recluso, o homem frio e calculista nunca era visto ao lado de uma mulher por mais de uma noite. Então, em uma das festas realizadas em sua casa, ele conheceu Giulia, a filha de um dos seus capi. A virgem era prometida ao braço direito do pai dela, mas ela não se casaria com quem mais odiava. Em seu caminho, um homem misterioso enfeitiçou seus olhos e lhe deu esperança de uma vida livre do próprio pai, só que tudo foi por água abaixo quando, de uma hora para a outra, ele a deixou. Giulia teve que fugir de casa antes que seu pai matasse sua filha, por ódio de sua traição.
Ler maisGiulia
Não dava para eu imaginar que, novamente, estava cometendo o erro de correr atrás de Dante Mitolli. Eu poderia mandar esse idiota para o inferno, mas não naquele exato momento, pois precisava dele e da sua proteção.
Eu nunca tinha amado alguém como o amei, e talvez o amasse ainda, mesmo querendo muito exorcizá-lo da minha vida. Depois do amor que vivemos naqueles poucos meses em que jurei que ele mudaria, sofri com mais do que um término. Para Dante, não fui mais do que um corpo quente em sua cama.
E depois de ele ter me largado sem uma justificativa, tive que me virar como pude para me manter em pé e longe do meu pai, pois dentro de mim uma filha estava sendo gerada e ele odiava os Mitolli. Eles eram os reis da cidade, mandavam em tudo; eram perigosos. E o homem que me pôs no mundo não passava de um pau mandado que os traiu e que jurava vingança a eles.
Ao descobrir sobre a minha “traição” de me unir a Dante, ele me prometeu que me mataria junto com minha filha, de quem seu pai não fazia ideia da existência.
Queria ter o poder de mudar as coisas, mas a ver no meu colo todos os dias me trazia a certeza de que, por mais sofrido que fosse amar alguém que não prestava, faria tudo de novo só para a ter comigo.
Como se já não fosse o bastante ter que fugir a todo momento do monstro que se dizia ser meu pai, ainda tinha que me humilhar e me rastejar aos pés de um homem frio e egocêntrico. Nas duas vezes anteriores que tentei contato com ele, fui barrada pelos seus seguranças, que foram reforçados desde a última tentativa de golpe que os Mitolli sofreram.
Nenhum deles confiava mais em ninguém. Seu legado estava sendo construído a base do medo. Seja quem fosse e quanto dinheiro tivesse, poderia sofrer com as consequências de ter sua cabeça decepada caso saísse dos trilhos.
A máfia tomou por completo a cidade que já era considerada uma das piores no crime e tráfico. E, naquele momento, eu me via tendo que pagar uma quantia que não tinha com tanta facilidade só para poder entrar pelos fundos de uma boate suja e impura atrás de uma oportunidade de estar cara a cara com o homem que um dia jurei nunca mais ter o desprazer de encontrar.
Respirei fundo antes de me olhar no espelho e me ver com aquelas roupas vulgares e maquiagem pesada.
Deus! O que eu já tinha feito para manter minha filha a salvo? Nunca havia ido tão longe, mas trabalhar sabendo que meu pai queria matá-la era difícil. Acho que perdi as contas de quantos trabalhos perdi e de quantas vezes tive que me mudar. E, mesmo assim, ele ainda estava a poucos passos de mim.
Sem Dante, eu não poderia sair daquela cidade. Eu não buscava por paternidade ou nada além da sua proteção e ajuda. Tirar-me do país era o meu objetivo, e eu tentaria não o olhar nos olhos para não esquecer tudo que ele já tinha feito comigo e, novamente, cair no seu charme.
— Ele chegou — avisou-me Ava, a pessoa que administrava o lugar onde mulheres vendiam seus corpos e o comércio de drogas rolava solto. — Ele não vem aqui em busca de mulheres, geralmente só se senta e observa — explicou, olhando-me dos pés à cabeça. — Não sei se vai querer a sua aproximação.
— Não preciso que ele me queira. Vou até aquele imbecil, falar o que vim dizer e ir embora — contei, furiosa, tentando abaixar a saia minúscula. Eu nem sabia por que tinha aceitado vestir essas merdas. — Só me diga onde ele está, e eu resolvo o resto.
— Área VIP. — O olhar de desdém não era novidade para mim. — A única forma de conseguir chegar perto dele é servindo as bebidas.
— Certo. Então, vamos logo. — Respirei fundo e saí da sala onde as mulheres se vestiam e se maquiavam antes de irem para o salão.
Aquele lugar era grande, moderno e com um ar de mistério. As cores predominantes eram vermelho e preto. Mesas de jogos ficavam no térreo, e um salão para beber e dançar ficava no primeiro andar. A área VIP era próxima a ele, onde reuniões e negócios eram feitos. Ainda existiam alguns quartos particulares para os quais as mulheres levavam os homens.
Senti-me exposta ao olhar para o lugar e ver alguns deles me encarando. As minhas roupas eram tão pequenas, que só cobriam as partes importantes do meu corpo.
Segui para o bar e perguntei sobre os drinks que seriam levados à área VIP. Peguei a bandeja, pensando que os copos cairiam da minha mão. Eu estava nervosa; não só por estar naquele local, mas também porque em poucos minutos estaria na presença dele.
Quanto mais eu andava, mais homens, de todas as idades, olhavam-me dos pés à cabeça. O frio na barriga me incomodou assim que pisei no primeiro degrau. Respirei fundo mais uma vez e coloquei na cabeça que ele era um idiota, que eu o odiava. Despejaria todo o meu ódio nele, e só.
A cada passo que eu dava, parecia que estava pisando em chamas. Evitei encarar as pessoas, entreguei algumas bebidas e segui em frente.
Em um sofá escuro de couro, olhando alguns papéis, estava Dante. Ele parecia concentrado, com raiva. Isso só me deixou ainda mais ansiosa. Dois homens estavam a poucos passos dele, fazendo a sua segurança. Eu já os conhecia. Eles me mandaram embora, praticamente enxotada, nas outras vezes que tentei me aproximar dele.
Eu esperava que o meu pequeno e exagerado disfarce me fizesse passar por esse primeiro nível.
— Pare onde está! — um deles me ordenou e eu evitei encará-lo. Estava tão nervosa, que poderia perder aquela chance. — Ele não pediu bebida.
— É uma cortesia — informei.
Não posso perder essa chance, nem que eu tenha que chutar esses dois.
— Então me dê, que eu entrego a ele. — Ele se aproximou de mim para pegar o copo, porém o afastei.
— Não. Esse trabalho é meu. — Finalmente fitei o homem alto, de cara fechada e com algumas cicatrizes. — É só uma bebida.
— Se afaste! — Seu olhar escureceu no rosto.
Senti um frio na espinha que se espalhou pelo meu corpo e fiquei frustrada. Aquela era a minha oportunidade. Eu não poderia mais fugir, não tinha saída. Minha filha precisava de proteção.
— DANTE! — berrei.
Nunca que eu faria algo assim, mas foi o jeito.
Ele levantou o olhar para mim com o cenho franzido, tão surpreso quanto eu, e apenas me observou.
— Preciso falar com você agora! — continuei.
Eu não estava esperando pela reação do brutamonte de me pegar pelo pulso com força, derrubando a bandeja e o copo, deixando molhar todo o chão. Minha reação foi tentar me soltar dele. O que o fez me apertar ainda mais, assim como o outro, que também me agarrou, tentando me mandar embora.
Não medi a força quando pisei com o salto fino no pé do primeiro, que, com a dor, soltou-me, dando-me a oportunidade de passar um milímetro para que Dante pudesse me enxergar.
— Por favor, preciso da sua ajuda!
O carinha furioso me puxou com tanta força, que pensei que arrancaria os meus braços.
— SOLTEM ELA AGORA!
DARKNunca imaginei que um dia estaria vestida de noiva, com véu e grinalda, praticamente entrando em uma capela e prestes a me casar com um mafioso com quem tenho um filho.Sempre fui a pessoa que repetia mil vezes que isso nunca aconteceria, que jamais me apaixonaria por alguém, seja homem ou mulher, mas aqui estou eu, com um frio na barriga que me paralisava, mãos suando e ansiosa para ver o homem que amo na frente de um altar.Giovanna seria a garota das rosas que também levaria as alianças, e eu, estava me julgando mentalmente por estar fazendo isso.Gabriela estava com Luke, pois era a única pessoa em quem eu confiava para deixar o meu filho.Acredite, isso tudo era louco, era maluquice estar me prendendo a um homem mandão e que não sabia lidar com os sentimentos. Mas eu também não sabia, o que desejava agora era nunca mais sair de perto dele, mesmo com as brigas e divergências.Quando as portas foram abertas, senti o meu nível de estresse chegar ao limite. Não tinha muitos conv
LORENZODesde que assumi essa posição, venho sendo alguém que segue à risca o que os capos dizem. No início, era mais fácil deixar tudo como meu pai tinha feito, eles eram os mais antigos e tinham as suas ideologias de como tinha que ser as coisas, porém, hoje vejo o quanto errei com isso tudo.Me tornar um homem que os ouvia, passou a má impressão de que eu não era capaz de ser o chefe sozinho e agora, as expressões controvérsias e caras feias me deixavam puto.Cuidar de Michael antes de entrar nessa sala não minuiu em nada a minha dor de cabeça, mas diferentemente do passado, depois do que aconteceu de um deles me trair, eu seria rígido e eram eles quem deveriam me ouvir.A primeira coisa que faria seria me tornar independente e separar as nossas casas, pois agora vejo o quanto isso está confuso e a antiga impressão de uma grande família que se apoiava era uma mentira.Enquanto eu fazia o que eles queriam, era respeitado e ouvido, mas me opor ou escolher algo no qual rejeitam, traz
DARKDepois do que aconteceu ontem a noite, pesei muito no que aconteceria depois disso. Meu corpo parecia que estava de ressaca, como se eu tivesse tomado um porre.Lorenzo disse que cuidaria de Michael e pensei em discordar, insistir para ser eu quem o matasse, mas por fim descobri que não era isso que eu queria.Hoje faz quatro meses que o tenho nas minhas mãos e não quero perder nada disso por conta de uma vingança. Na verdade, decidi parar com essas loucuras. Ontem só provou que mesmo que a Dark de antes ainda esteja viva dentro de mim, ela se preocupa mais com o bem-estar do filho do que com alguma tortura ocasional.Também me mostrou tudo o que mais odeio quando saio de casa para caçar alguém. O medo sempre esteve em mim. Ele me protegia tanto me mandado ir embora, quanto por me dar foça para me livrar da pessoa que me causa receio, mas nada do que faço me tira a sensação de fraqueza.Sempre soube que a raiva contida em mim para fazer essas coisas vinha do meu passado. As lembr
LORENZOJá tínhamos passado pelos idiotas que estavam de guarda na redondeza da boate. Se já era ruim ser atacado dentro da nossa casa, pelos nossos aliados, era duas vezes pior saber que meus inimigos se reuniam para me dar um golpe dentro de lugares onde costumávamos ter completo domínio.Isso daria um basta em tudo: traições, disputas e mal-entendidos. Esperava que essa noite sessasse o conflito entre mim e Michael, eu o mataria e ninguém ficaria no meu caminho.Ainda tínhamos que resolver o problema com o Sul, quando todos nos reuníssemos. Eu não deixaria barato essa afronta, serviria de exemplo para quaisquer um que ousassem nos trair novamente.Agora, parecia que não tínhamos credibilidade alguma. Eles nos viam como fracos, permitindo que inimigos permanecessem em nosso território, causando desastres, mas esperava colocar tudo nos eixos antes do meu casamento. Isso se a mulher a quem escolhi dissesse sim para mim. Claro, eu não desistiria nunca, Dark seria minha, assim como já é
DARKMomentos antesJá fiz muita coisa nessa vida. Matei muitas pessoas, homens e mulheres. Fingir ser quem não sou, ser algo totalmente oposto daquilo que todos achavam ou queriam de mim, era fácil.Muitas vezes sentia necessidade disso, de correr atrás de algo, caçar alguém que era errado. Não que eu fosse a pessoa mais santa do mundo, muito pelo contrário, mas desde que fui violentada pelo meu próprio pai, um desejo incessante de punir alguém tão podre quanto o homem que contribuiu para a minha existência, me libertava.Desde que meu filho nasceu venho me contendo. Não queria ser essa pessoa que sou para Luke. Meu filho cresceria sem ver sua mãe sendo tão fria e cruel quanto estou sendo agora, porém, para que Luke viva, que tenha um futuro, eu deveria fazer isso mais uma vez.Agora, eu estava frente a frente com Michael, um homem alto, pele bronzeada, cor de oliva, olhos castanhos escuros, cabelos lisos, bem cortados, barba grossa e um humor questionável.Ele e seus "colegas", bebi
LORENZODark era como um furação que me levava com a sua força incomum. Ela era a única pessoa na qual eu faria tudo, até mesmo morrer.Difícil, provocativa e irresistível, eram algumas das suas qualidades e defeitos, e mesmo sabendo que ela estava acabando com os meus neurônios, meu coração a desejava mais que qualquer coisa.Foi difícil deixa-la perambular pela cidade atrás de um lunático que queria me matar, mas estar a menos de um metro dele era outro nível de loucura, minha cabeça estava a mil pensando no que poderia acontecer e ficar esperando era algo que odiava, ainda mais quando a mulher que amo estava dentro de uma casa noturna, uma das piores da cidade, próxima do meu maior inimigo.— Muito maduro da sua parte estar aqui enquanto ela está lá dentro, dando ordens para todos, inclusive em nós dois.Dante realmente era um filho da mãe. Sabia qual era o meu ponto fraco, agora, e estava usando isso para me torturar emocionalmente, mesmo que essa não seja sua intenção.Estávamos
Último capítulo