MARIAN
Eu estava feliz, as coisas pareciam estar indo do jeito que eu queria. Olivia não só conseguiu um emprego como também estava começando o seu próprio negócio em casa, fazendo sobremesas e vendendo-as para os vizinhos. Eu estava feliz, mas ainda se sentia fraca e cansada.
— Vou ao médico hoje. Eu disse assim que acordei. — É meu dia de folga, então vou aproveitar ao máximo.
— Perfeito, vou com você. Respondeu Olivia, enquanto pegava a sua bolsa.
— Não é necessário, posso ir sozinha. Eu respondi.
— Claro que não, eu vou com você e pronto. Respondeu a mulher mais velha.
Eu apenas sorri, era melhor não discutir, já sabendo como Olivia era teimosa.
Fomos até a clínica, onde eu já tinha marcado uma consulta. Era um lugar simples, mas todas as especialidades estavam lá e havia até um laboratório.
— Bom dia, senhorita, estou aqui para minha consulta com a Dr. Diana. Eu anunciei chegando perto do balcão.
— Por favor, sente-se. Respondeu a garota em tom amigável.
Depois de alguns minutos, fomos conduzidas ao consultório, onde o médico nos esperava.
— Bem-vindas, moças, como posso ajudá-las? Perguntou a mulher, com um sorriso gentil nos lábios.
— Nada para mim, doutora, mas preciso que o senhor faça um teste de gravidez nessa menina. Disse Olivia.
Eu olhei para ela, como se tivesse crescido outra cabeça nela. Mas de repente eu pensei em todos aqueles sintomas e senti um frio na barriga, o que me deixou extremamente nervosa.
— Eu não… Eu não consegui terminar a frase. Tentei me lembrar de quando foi a minha última menstruação e fiquei surpresa por não lembrar, não porque tivesse memória ruim, mas porque muito tempo havia se passado desde então.
— Talvez seja uma boa ideia fazer esse teste. Eu disse em um tom baixo, mas que Olivia e a médica ouviram perfeitamente.
— Vamos ver, me conte os seus sintomas. Disse a médica.
— Tonturas, alguns enjoos pela manhã e, bem, a ausência de menstruação. Eu disse, triste por saber que havia ignorado isso.
— Quando foi a última vez que você fez sexo desprotegido? Perguntou a médica.
— Apenas duas semanas antes do meu divórcio. Eu respondi, absorta. A minha mente viajou até aquele momento, onde tudo parecia perfeito, definitivamente não era nada mais que a calmaria que precedeu uma grande tempestade.
— Sinto muito... Disse a médica, triste com a imprudência da pergunta.
— Não se preocupe, você não tinha como saber. Eu respondi, escondendo a lágrima que estava tentando rolar pela minha bochecha.
A médica começou a escrever em um documento, que então me entregou. — Vá ao laboratório e faça um teste de gravidez. Os sintomas que você tem podem ser devido a outra coisa, mas como eles coincidem com amenorreia, é melhor descartar um primeiro.
Eu apenas assenti, eu não conseguia nem articular uma palavra. A possibilidade de estar grávida se tornava mais real a cada segundo. Eu caminhei silenciosamente com Olivia por aquele corredor estreito. Eu tinha uma mistura de emoções inundando o meu peito. Por um lado, eu ficava feliz só de pensar que poderia me tornar mãe. Mas por outro lado, eu estava com medo da responsabilidade que isso traria. Haveria uma pequena pessoa que dependeria totalmente de mim e isso era lindo e assustador ao mesmo tempo.
— Por que você não me contou nada? Eu perguntei a Olivia enquanto caminhavamos
— Eu não queria sobrecarregá-la e fazê-la pensar sobre isso, enquanto você não tinha a oportunidade de consultar um médico. Respondeu a mulher.
— Obrigado por estar aqui! Eu disse, agarrando-me firmemente ao braço dela.
— Eu sempre estarei aqui, minha menina. Respondeu Olivia. Ela nunca conseguiu ter filhos, foi justamente por isso que o seu marido a abandonou, por isso ela viu em Marian, a filha que a vida não lhe permitiu ter.
Chegamos ao laboratório e eu entreguei o pedido do teste para a enfermeira. Ela me levou para um recinto onde coletaram uma amostra de sangue.
— Em cerca de uma hora, o resultado estará pronto. Você pode esperar na sala, eu te procuro lá. Disse a enfermeira.
Ela saiu do assento e sentou-se ao lado de Olivia, que pegou a sua mão.
— Em mais ou menos uma hora, saberemos o resultado. Ela disse nervosamente.
— Vai ser uma longa hora. Respondeu Olivia.
Elas tentaram se distrair falando sobre alguns assuntos e brincando sobre outros. Quando perceberam, a mesma enfermeira estava parada na frente delas, com um envelope nas mãos.
— Aqui está o seu resultado, senhora. Disse a mulher, vestida de branco.
Com as mãos trêmulas, eu peguei e olhei por alguns minutos, sem ousar abri-lo.
— Não consigo fazer isso, não consigo abrir. Ela disse, colocando o envelope no colo de Olivia.
A mulher mais velha, com atitude determinada, pegou o envelope e o abriu rapidamente. Um silêncio precedeu essa ação, então eu deduzi a resposta.
Ela colocou as duas mãos na barriga e chorou, mas não de tristeza, não de dor, mas de alegria. Havia um bebê dentro dela que estava se formando no seu ventre e não importava em que situação ela estivesse agora, isso a fazia se sentir feliz.
— Você vai contar a ele? Olivia perguntou, ainda assustada com a notícia.
— Não, ele provavelmente vai me dizer que não é dele. Lembre-se de que ele tem certeza de que fui infiel a ele. Eu respondi de forma triste.
— Mas ele tem o direito de saber. Argumentou a mulher.
— O mesmo direito que tenho de proteger meu filho dele e de seu pai nefasto. Eu declarei com confiança. — Não exporei meu filho às suas humilhações e dúvidas. Esse bebê é meu, ponto final. Eu disse, levantando-me.
— Calma, não é bom para o bebê se você ficar brava. Olivia aconselhou. Ela se aproximou dela e a abraçou. — Parabéns, minha menina, seu ventre dará vida, você será mãe. Ela acrescentou.
— E você, vovó. Eu respondi com um sorriso.
Ambas as mulheres se abraçaram e choraram de emoção. Cada uma sabia que tudo se complicaria novamente, mas nada disso diminuiu sua felicidade.
Elas voltaram para o consultório da médica com o exame.
— Sei que essa situação não parece a melhor, mas um filho sempre será uma bênção. Disse a mulher.
— Sim. Tenho certeza que sim. Eu respondi com orgulho.
— Vou encaminha-la para uma amiga ginecologista que também trabalha aqui, para que ela possa acompanhar a sua gravidez. Disse a médica enquanto preenchia uma série de documentação.
— Eu agradeço. Eu disse sorrindo.
Olivia e eu deixamos aquele lugar, com emoções na superfície. Mas, convencidas de que tudo em nossas vidas, mudaria.
Eu estava temendo ser demitida por causa da gravidez. Então eu havia decidido contar a minha chefe o mais rápido possível sobre ela.— Bom, menina, para mim, sua gravidez não é problema. Disse a sua chefe. — Se você tiver coragem, terá trabalho aqui, durante e depois. Vi a sua apresentação nas últimas semanas e adorei. Então não se preocupe, você não vai perder seu emprego. Disse a mulher gentilmente.— Obrigado! Eu respondi alegremente.Eu sai do escritório da minha chefe e me preparei para trabalhar. Saber que poderia continuar trabalhando aqui me deu paz.Os meses se passaram e com quase cinco meses de gravidez ainda não era perceptível, o que segundo Olivia era normal, já que eu era mãe de primeira viagem.— Minha menina, você estava com muita fome. Diz Olivia, divertida, enquanto observava ela comer desesperadamente.— Acho que é verdade o ditado que diz que uma pessoa come por duas. Eu respondi tristemente.Olivia caiu na gargalhada ao me ver devorar três panquecas sem a menor h
— Um menino, minha querida, você vai ter um menino. Disse o médico, sorrindo, enquanto a emoção que eu estava sentindo trouxe algumas lágrimas travessas aos meus olhos.— Mas está tudo bem? Eu insisti.— Sim, Marian, seu filho é perfeito. Disse o médico, enquanto tirava algumas medidas do fêmur, do osso do crânio e assim por diante.— Graças a Deus! Disse Olivia, olhando para o céu.— Continue cuidando de si mesmo como você tem feito e siga minhas instruções à risca. Não se preocupe, vocês ficaram bem. Ele acrescentou.Nos duas saimos felizes da consulta.— O que você acha se formos comprar alguma coisa para o bebê? Eu disse, animada.— Acho que é uma excelente ideia. Respondeu a mulher mais velha.Passamos o resto da tarde comprando roupas de bebê, nada caro, mas tudo muito bonito. Azul claro e branco predominavam entre as pequenas peças de roupa. Eu estava feliz, cheia de energia, a gravidez tinha sido maravilhosa para mim e, embora um pouco ma
— Vou levá-lo para limpá-lo. Disse a médica, pegando o bebê nos braços.— Não, não leve. Eu disse, alarmada.— Só vamos leva-lo por alguns minutos. Fique tranquila.— Como o seu bebê será chamado? Perguntou uma enfermeira que se aproximou.— Ethmar. Eu respondi, sorrindo.— Nunca ouvi esse nome antes. Respondeu a garota. — Parece diferente.— Sim, é uma combinação do nome do pai dele e do meu. Eu respondi. Eu não queria dar a ele o nome do pai, porque sentia que não tinha o direito de fazer isso sem o consentimento dele, mas uma noite, ocorreu-lhe combinar os dois nomes e esse surgiu.Duas horas depois, eu estava em um quarto com o meu bebê ao meu lado. Eu nunca me cansava de admirá-lo. O seu cabelo escuro e espesso era uma herança de Ethan, já que eu era morena.— Como ele é lindo. Disse Olivia.— Sim. Ele é lindo. Eu respondi enquanto entregava o bebê nos braços de Olivia, que estava louca para segurá-lo.Ambas estavam tão entretidos admirando o lindo bebê que nenhum delas notou a p
Poucos minutos depois, o quarto estava cheio de risos e alegria. Agora Ethmar teria, em sua vida, duas avós amorosas.Dois dias depois, Marian e o bebê saíram do hospital. Olivia e Amelia prepararam uma recepção simples, mas emocionante, com balões e faixas coloridas. Aquele lar humilde, mas acolhedor, os acolheu com alegria e amor. Embora Amelia tivesse se oferecido para alugar um lugar mais espaçoso e em uma localização melhor para Marian, ela recusou. Ela considerava que o lugar onde morava com Olivia era bom o suficiente para criar seu filho. O que ela não conseguiu evitar foi que sua avó paterna preparasse o seu quarto, onde o bebê também dormiria, e contratasse uma babá com conhecimentos de enfermagem para ajudá-la a cuidar da criança.— Obrigada a ambas, está tudo lindo. Eu disse alegremente.— Não, minha menina, obrigada por nos dar um neto tão lindo. Respondeu Olivia, enquanto admirava o bebê, que já estava deitado no berço.— Bem, eu tenho que ir. Volto amanhã. Alden está vo
Pouco tempo depois, eu vi na televisão a imagem do meu ex-marido, ao lado de uma mulher que eu reconheci.“Romance a caminho” — dizia a manchete, o que fez o meu coração disparar.A voz do jornalista relatou a notícia: "A bem-sucedida advogada Isa Montes e o belo empresário Ethan Davis estão participando de um evento público juntos pela primeira vez. Após o divórcio surpresa do empresário com a jovem Marian García, esta é a primeira vez que ele é visto na companhia de uma mulher. Há alguns meses, há rumores sobre um relacionamento entre eles, mas esta aparição pública parece confirmá-lo. Desejamos ao casal muita felicidade em seu novo relacionamento."Eu desliguei a televisão imediatamente, sentindo falta de ar de repente, e acomodei Ethmar em seu cesto de Moisés, temendo um desmaio, com a criança em meus braços. Não foi apenas o fato de Ethan estar em outro relacionamento que me afetou, mas também o fato de que tinha algo acontecendo com aquela mesma mulher, que estava encarregada de
— Não me importa o que as pessoas pensam. Disse ele, ignorando a declaração da mãe.— Você pensa assim, por enquanto, filho, mas quando toda a verdade te atingir e você perceber tudo o que perdeu e tudo o que perderá se continuar sendo um idiota, então você desejará não ter feito tantas coisas estúpidas. Só rezo para que Ethmar não herde a sua inteligência, meu Deus. Ela respondeu com raiva.— Ethmar? Quem é Ethmar, mãe? Ele perguntou intrigado. — Mãe. Ele disse novamente, mas do outro lado da ligação a voz de sua mãe não pôde ser ouvida. — Mãe. Ele insistiu, mas não obteve resposta. Ele encerrou a ligação e discou o número da mãe, mas o som saiu abafado. Por um momento ele ficou preocupado, mas depois se acalmou ao lembrar que normalmente o celular da sua mãe estava descarregado.Ele saiu do estacionamento e foi dirigindo para o trabalho. Mais tarde, ele ligaria para sua casa para terminar de falar com ela e ela poder lhe explicar: quem era Ethmar?.....— Meu Deus, o que eu fiz? Ame
Marian trocou de roupa, pegou sua bolsa e se preparou para sair.— Aonde você vai, Marian? Olivia perguntou.— Vou encontrá-la. Eu respondi. — Por favor, cuide do Ethmar. Eu disse enquanto dava um beijo na testa do bebê e então me despedia de Olivia.Eu sai para a rua, parei um táxi, entrei e imediatamente lhe dei o endereço da mansão Davis.De onde eu morava até a casa da Amelia, havia uma rota direta que geralmente era a mais usada, então eu pedi ao taxista para pegá-la.Poucos quilômetros à frente, a luz das sirenes me alertou.— O que está acontecendo? Eu perguntei assustada.— Parece que houve um acidente. Respondeu o motorista do carro, parando, já que a fila de carros o impedia de seguir em frente. Assim que o carro parou, eu praticamente me joguei para fora. Eu até esqueci de pagar o simpático motorista.Eu corri aterrorizada, passando pelos carros estacionados, sentindo o meu coração batendo forte, como se o mesmo medo que me dominou um momento antes estivesse de volta na min
O toque insistente do seu celular o alertou. Ele não tinha vontade de responder, principalmente se estivesse com a sua amante, mas o fato de o interlocutor ser tão insistente despertou sua curiosidade.— Você vai mesmo atender? Perguntou a mulher indignada, seminua e sentada no colo de Alden Davis.— Pode ser algo importante. Ele respondeu, enquanto tirava o celular do bolso do paletó e percebia que era seu filho. — Olá. Ele respondeu, com certa irritação na voz.— Pai, a minha mãe sofreu um acidente e está hospitalizada no Jackson Memorial. Disse Ethan, gaguejando.— Ela está bem? Ele perguntou.— Eles só me disseram que o estado dela é delicado, não sei de mais nada, pai. Declarou Ethan.— Estou a caminho. Ele respondeu, pouco antes de encerrar a ligação.Alden imediatamente se levantou, pegou o paletó de seu caro terno italiano, vestiu-o, abotoou-o e se aproximou da mulher, que até pouco tempo estava de pé diante dele, para se despedir.— E você vai embora? Disse a mulher.— Precis