Finalmente, ela não conseguiu mais se conter e, na chuva, começou a chorar alto.
Sílvio, seguindo o som, a encontrou, e viu Lívia naquela cena de total desprezo por tudo e de profunda tristeza.
Ele não entendia.
Por que ela estava ainda mais irritada se ele tinha feito algo pelo bem dela?
Ela continuava chorando.
As lágrimas se misturavam com a chuva, se derramando incessantemente como se uma barragem tivesse sido aberta e ela não conseguia parar.
Mas ficar ali não era solução, Lívia, soluçando, se levantou e percebeu que seus sapatos estavam sujos.
Decidiu, então, os tirar.
Não queria mais nada.
Andar na chuva, sentindo a dor dos pequenos pedregulhos sob os pés descalços, parecia aliviar a dor em seu coração.
Pisando descalça.
Agitando as poças d'água, a chuva carregava a lama de volta para suas pernas, como os sentimentos que ela tinha por Sílvio, que não conseguia se livrar.
As lágrimas escorriam pelos seus olhos e retornavam à terra.
Para onde ela deveria ir agora?
Lívia não sabia.