Eu queria dizer que ela podia confiar. Que dessa vez, era real. Mas... como provar isso quando eu mesma estava aprendendo a ser real?

O carro seguiu silencioso pelas ruas. Eu podia sentir a tensão no ar, espessa, do tipo que gruda na pele. Allie não dizia nada, só olhava pela janela como se cada paisagem fosse mais interessante do que eu. Ela abraçava a mochila com força. A distância entre nós era física, mas também emocional. E cada metro que o carro percorria, eu sentia que ela se afastava ainda mais de mim.

As casas começaram a mudar. Eram maiores, mais cuidadas, todas com portões automáticos e jardins perfeitamente desenhados. O bairro deixava claro que dinheiro não era problema ali. E eu me encolhi. Não por vergonha de onde eu morava, mas porque sabia como isso a faria se sentir, como se eu fosse de um mundo onde ela não pertencia. Mas a verdade é que eu ta