A neve caía pesada entre os galhos dos pinheiros, cobrindo o solo como um tapete. Liliana caminhava à frente, os cabelos desgrenhados escondidos sob o capuz do casaco, deixando pegadas fundas na trilha até a clareira.
Ali, no coração da floresta ancestral, onde a magia era mais densa e primitiva, ela se ajoelhou. Com a ponta do punhal de Morgana, começou a riscar um círculo no chão, murmurando palavras em uma língua esquecida. A lâmina brilhava, como se pressentisse o que viria.
Asher observava em silêncio. O frio já não o incomodava. O calor de sua decisão queimava mais forte.
— Este círculo representa a prisão — disse Liliana, com a voz firme. — O ciclo de submissão e servidão a que fomos acorrentadas. Você vai rompê-lo com o punhal. Em seguida, seu sangue deve ser ofertado em troca.
O rapaz analisou o símbolo diante dele. Ao seu redor, as árvores pareciam curvar-se, como se a floresta escutasse.
— Ofertar a quem? À deusa de vocês?
Liliana assentiu, devolvendo o punhal a ele.
Ashe