Meu pai se senta, cruza as mãos, me olha com aquele semblante sereno, e de repente, tudo o que eu tentei varrer da cabeça começa a sair em palavras.
— Então... — comecei, ajeitando a manga da camisa. — É sobre a Alana.
Ele riu.
— Isso promete.
Demorei alguns segundos, buscando as palavras.
— Tenho pensado nela demais. Mais do que deveria.
Ele não reagiu, só manteve o olhar fixo, firme.
— Pensado como?
— Não sei... É estranho. Eu fico tranquilo quando ela está por perto. E, quando não está, fico inquieto. Esses dias ela se machucou — nada grave, um ralado no joelho —, e por um segundo eu senti um pavor como se fosse algo muito pior.
Meu pai apoiou o queixo na mão.
— E isso te assustou?
— Sim. Porque eu não devia sentir isso. Ela trabalha pra mim. E... — engoli em seco — eu me pego pensando nela quando devia estar pensando em relatórios, reuniões, na Barbara.
Ele respirou fundo, me olhando.
— A Barbara se foi, filho. É natural e importante que você siga em frente.
— Mas é como se eu