CLAIRE
Os dias passavam como folhas levadas pelo vento, cada um trazendo uma nova tentativa de reconstruir o que havíamos perdido. Lucas ainda era uma sombra do homem que eu conhecera, mas suas ações mostravam um esforço genuíno em ser presente. Apesar disso, a distância emocional persistia, como um abismo que nenhuma de nossas palavras conseguia atravessar.
Naquela manhã, enquanto preparava o café da manhã, percebi Gabriel observando um dos retratos de família na sala. Ele passava os dedos pequenos sobre o vidro, como se tentasse alcançar a memória capturada ali.
— Mamãe, por que o papai não lembra mais de mim? — ele perguntou, sua voz carregada de tristeza infantil.
Meu coração se apertou. Sentei-me ao lado dele, colocando um braço ao redor de seus ombros.
— O papai está tentando, Gabriel. Às vezes, as pessoas perdem as memórias, mas isso não significa que o amor delas por nós desaparece. Ele só precisa de tempo.
— E se ele nunca lembrar? — A dúvida nos olhos de Gabriel era um refle