5. JAMES

JAMES

Terminei a minha noite quente nos braços de uma loira “top” para tentar esquecer o que Meline falou para mim. Fiquei com o meu ego ferido sim, isso eu tenho que admitir, sempre tive tudo, eu não estou acostumado a receber um não, e o não dela eu não aceito.

Voltei para o meu apartamento já era madrugada e eu só conseguia pensar em Meline. Tem algo nela que me atrai e mesmo que ela me dispense, eu quero ir atrás dela, essa mulher só pode ter feitiço, nunca fiquei com essa obsessão.

Acordo-me somente porque o despertador toca e já são 9 horas da manhã. A primeira coisa que fiz foi ligar o celular e tem uma mensagem do Alfredo pedindo para eu olhar as fofocas do dia! O que diabos eu tenho a ver com fofoca, qual é a notícia dessa vez? Quando abro um desses portais, vejo a minha foto com a loira de ontem.

— Inferno! — Falo alto ao ver essa imagem.

Passo a mãos nos cabelos em tamanho desespero, eu estava tão bêbado que não me resguardei desses urubus que vivem de fotografar as pessoas. Dei um pulo da cama e fui tomar um banho rápido, estou com uma dor de cabeça terrível. Me arrumei tão rápido e fui para a empresa sem tomar café mesmo e, ao chegar no meu escritório, Alfredo já me esperava.

— Quero que dê um jeito e retire aquela foto de todo portal de fofoca. — Peço a Alfredo.

— Você ao menos lembra do nome da loira que estava ontem contigo? — Alfredo pergunta me analisando.

— Não, não lembro.

— Ela é a dona desse site de fofoca! Por isso sua foto está lá. — Alfredo fala calmo.

— Droga, porra. — Bato na minha mesa, irritado.

— Isso quer dizer. — Alfredo faz suspense.

— Quer dizer o quê? Alfredo desembucha logo que eu já estou para ficar louco! — Pergunto irritado.

— Entrei em contato com ela e a mesma quer dinheiro para tirar as fotos do site e de todos os outros portais que a imagem se encontra.

— Vagabunda, o que tem de gostosa, tem de bandida. Do que você está rindo, Alfredo? — Pergunto indignado.

— Estou rindo de você, de quem mais seria? Eu no seu lugar procuraria me manter na linha porque essa imagem de pegador vai acabar arruinando você e os seus negócios! — Alfredo me aconselha tentando parar de rir.

— Só pode ser praga da Meline, ela me deu outra fora ontem, eu fiquei possesso de raiva e fui para a boate… o resto você já sabe. — Falo afrouxando o nó da gravata.

— Agora está explicado! O ego ferido tem nome: Meline! — Alfredo balança a cabeça em negativa.

— Ela só não me enterrou ontem, Alfredo. O que eu ouvi dela, nenhuma mulher falou para mim, Meline disse que não quer ser vista comigo e nem ter seu nome vinculado ao meu. — Desabafo.

— Sério isso James? De pegador a um homem frustrado. — Alfredo continua rindo de mim.

— Ri Alfredo, vai rindo bastante, o seu dia vai chegar também.

— James, a que ponto chegou, mulher tendo medo de ser vista com você! Depois dessa, deixa eu ir trabalhar, e diga-me se vai pagar o valor que a loira pediu para tirar as fotos.

— Sim, manda retirar tudo e pague o que essa vagabunda quer, o meu dinheiro ela só irá ver dessa vez! — Ordeno e a minha vontade é de dar um murro na parede.

A minha secretária bateu na porta e eu mandei ela entrar. Ela entrou colocando sobre a minha mesa uma pilha de documentos para eu assinar e revisar, aproveitei e lhe pedi um café bem forte.

Trabalhar de ressaca é a pior coisa que existe na vida, mas hoje está pior ainda ja que o dia amanheceu tenso por causa minha foto que está por aí. Eu não quis nem almoçar e aproveitei o horário do almoço para dormir um pouco aqui no escritório.

O período da tarde na empresa foi um pouco melhor, trabalhei relativamente menos e consegui ainda participar de uma reunião em meio ao meu cansaço. Quando chegou a noite, larguei tudo no escritório, entrei no meu carro e saí dirigindo sem rumo e sem direção. Durante o caminho decido ir até a casa da Meline, liguei imediatamente para Alfredo, só ele pode me dar o endereço dela. Alfredo, mesmo contra a sua vontade, me enviou o endereço da Meline e disse que as benditas fotos foram retiradas do site, uma situação a menos para eu me preocupar.

No caminho para o bairro onde Meline mora, uma grande chuva começa a cair, trovões estremecem no céu e relâmpagos fortes clareiam o céu. Estacionei em frente à casa com o seu número, descaradamente desço do carro nessa imensa chuva para tocar a campainha, ao apertar rapidamente Meline abre a porta, parecendo que ela já estava me esperando, mas os seus olhos parecem não acreditar no que vêem.

— O que está fazendo aqui? Ficou louco? Onde conseguiu o meu endereço? — Meline pergunta brava enquanto estou na chuva.

— Vim conversar com você, ou pensa que eu desisti? — Falo todo molhado e um grande trovão estremece no céu causando um enorme barulho.

— Entra, senão vai cair um raio na sua cabeça e eu vou ser culpada pela sua morte aqui na minha porta. — Meline fala e deixa eu entrar na sua pequena casa.

— Não precisa ficar com medo de mim, não vou fazer mal a você. — Falo tentando tranquilizá-la enquanto a chuva banha toda a cidade.

— Nunca se sabe, não confio em você, não sei o que veio fazer na minha casa nessa imensa chuva que banha a cidade, eu pensei que tinha sido clara com você! — Meline fala nervosa.

Ela sobe para o seu quarto, volta com um roupão e me entrega, isso é um sinal de que ela não é tão difícil quanto parece.

— Meline eu não sou nenhum monstro, eu vim aqui com todo respeito do mundo, quero entender o porquê você sempre se dirige a mim com quatro pedras na mão, deixa-me ser seu amigo, me dá um voto de confiança. — Falo e ela me olha desconfiada.

— Homens como você não procuram uma mulher simplesmente para ser amigo dela, acha que eu nasci ontem? Acha mesmo que eu não vi a sua foto beijando aquela mulher? A foto resume o homem que você é, pervertido e sem confiança. — Meline anda de um lado para o outro.

Tento me explicar para ela, que não quis me ouvir, a chuva só aumentava mais e mais com trovões e relâmpagos, ela foi para a cozinha me deixando na sala admirando o seu corpo, estou fascinado pelo corpo dessa mulher.

— James, vou preparar um chocolate quente, você quer também? Estou com fome, o jantar que eu pedi não chegou. — Meline fala.

— Sim, aceito! — Falo observando cada passo dessa mulher.

Meline após preparar o chocolate me serve uma xícara e sobe para o seu quarto. Eu fico degustando o chocolate quentinho enquanto observo como é aconchegante a casa dela. Em seguida Meline desce devagar a escada vestida num pijama comprido e largo, com o seu olhar desconfiado sobre mim.

— Está gostando do chocolate quente? — Meline pergunta.

— Está maravilhoso. — Falo e a chuva nada de ir embora.

— Fique sentado aí que vou à cozinha preparar o jantar. — Meline vira as costas para mim.

— Se quiser eu posso te ajudar! — Me ofereço e Meline em silêncio me analisa.

— Não, não precisa, já me ajuda ficando distante de mim. — Meline rebateu.

— Meline, eu não vou te agarrar à força, não sou nenhum maníaco! Apesar de você me fazer sentir um. — Falo de longe.

— Maníaco talvez não seja, mas é mulherengo e safado, e isso já basta!

— É disso que você tem medo? De se deixar seduzir por mim? — Pergunto deixando Meline sem palavras.

— Jamais, não tenho medo de ninguém, mas tem certas pessoas que devemos nos manter longe e você é um deles. Agora fique quietinho aí que vou fazer um jantar para nós.

Meline é a mulher mais áspera que conheci e o pior disso é que eu a quero, analiso a sua boca e me vejo beijando ela… após alguns minutos vendo ela cozinhando resolvo quebrar o nosso silêncio com uma pergunta.

— Já teve algum relacionamento? — pergunto louco para saber a resposta.

— Sim, já tive! Vamos mudar de assunto que o jantar está pronto e aproveite porque é só hoje, não trago homens para minha casa. — Meline fala fugindo da minha pergunta e coloca sobre a mesa uma macarronada quentinha.

Sinto o cheiro da sua comida que está maravilhoso, sirvo-me um pouco de macarronada e o sabor está muito delicioso, eu tive que elogiar a sua comida, lhe dei os parabéns e Meline não falou nada.

Após o nosso jantar, quis ajudá-la a lavar a louça e Meline não deixou. Quanto mais tempo eu passo aqui mais a chuva piora, Meline senta um pouco afastada de mim e ficamos conversando sobre as nossas famílias.

Descobri que Meline é do campo e veio tentar a vida aqui, falamos sobre os nossos gostos, também sobre as nossas diferenças. Hoje eu vi que ela é realmente uma mulher diferente e que nós dois somos muitos diferentes, mas nada disso me tira a vontade de ficar com ela.

— E essa chuva que não cessa. — Meline se levanta indo até à janela.

— Já está me expulsando da sua casa? — pergunto me levantando.

— Posso ser sincera? Sim, estou te expulsando. — Meline cruza os braços seriamente.

— Não é bom uma mulher passar um temporal deste sozinha, te fiz companhia e é assim que você me agradece? — A questiono e Meline revira os olhos bufando.

— Eu vou dormir no meu quarto, você dorme aqui hoje no sofá se quiser, tem filme para assistir, fique a vontade aqui…somente por hoje, eu preciso ir dormir, tenho que acordar cedo. — Meline desconversou e subiu para o seu quarto.

Em seguida, ela volta com uma coberta e dois travesseiros e me entrega, dou boa noite a ela que não me responde. Pergunto o que eu fiz para essa mulher não gostar nada de mim, lógico que sou um safado segundo ela, mas ter repulsa de alguém que nunca fez mal a ela é demais.

— Ah chuva, não sei como te agradecer, você me ajudou hoje. — Falo sozinho.

Deito-me no sofá, me embrulho sentindo o cheiro dela por toda a casa e acabo dormindo rápido. Um sofá nunca foi tão confortável na minha vida, durmo um sono em paz, como há muito tempo não tinha dormido.

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