Melissa
— Você tem certeza, disso, querido? — sussurro, quando todos seguem em um silêncio constrangedor para a sala de jantar. Exceto pela tia Valery que não para de tagarelar animada.
— A Nique me garantiu que veio em paz, amor. De qualquer forma, eu a deixei sob aviso. Disse que qualquer problema ela e esse idiota causassem, eles estariam fora.
Solto uma respiração consternada pela boca e logo estamos acomodados ao redor de uma mesa de doze cadeiras.
— Me conte, David. Como é estar casado com uma mulher tão linda como a Júlia? — Valery pergunta, enquanto serve o seu prato.
— Acredite, Valery, a Júlia é o meu maior tesouro e depois dela, os nossos filhos. Então estar casado com ela é sublime e eu a amo muito.
— Ah, o amor! — A mulher cantarola sonhadora. — O que seria de nossas vidas sem ele, não &e
MelissaMomentos depois, durante o jantar…— Senhores e Senhoras! — Álvaro diz, batendo levemente com um talher na sua taça, chamando a atenção dos nossos convidados no meio do jantar animado. — Essa é uma noite linda de Natal e estou muito feliz em tê-los reunidos conosco na nossa primeira ceia em família! — Meu marida me lança um olhar lindo e brilhante. — E como não podia faltar, a Melissa e eu temos um anúncio para fazer. — Ele segura na minha mão, deixa um beijo curto em suas costas e eu fico de pé ao seu lado. — Quer dar essa notícia para eles, querida?— Pelo amor de Deus, Álvaro, vocês estão me matando de curiosidade! — Tia Valery resmunga contrariada.— Ok! — Respiro fundo e olho um por um ao redor da mesa. — Bom, família, eu quero anunciar que
Bennett— Feliz natal, meu amor! — sibilo baixinho, abraçando-a por trás e como sempre, Júlia se aconchega ao meu corpo, relaxando no meu tronco. Um calor muito bem-vindo, diga-se de passagem.— Feliz natal, meu anjo!Meu anjo. Recebi esse título desde que nos casamos e ainda nem sei o porquê. Quer dizer, foi ela quem me salvou e não o contrário. Contudo, me sinto muito bem sabendo que seu o seu protetor, assim como o da minha pequena família também. E em agradecimento, beijo o topo da sua cabeça, apertando-a um pouco nos meus braços e sinto o seu cheiro suave de flores.— Como você está? — Ela pergunta e eu sei que está se referindo a presença de Monique aqui na casa. Entretanto, dou de ombros.Monique Abravanel… ou Trent, ou qualquer que seja o nome dela agora já não me aflige
MelissaDois anos e meio depois…— Ain, estou tão nervosa! — resmungo agitada na frente do espelho.— Mas não devia, amiga. — Júlia retruca, olhando-me de alto a baixo, e com certo orgulho. — Você é a garota mais corajosa e determinada que já conheci na vida. — Ela se aproxima e me encara através do reflexo do espelho. — Olhe para você. Mãe de trigêmeos e esperando dois gêmeos, e ainda, prestes a entrar para a Forbes.Sorrio.— E tem dezenas de pessoas lá fora, ansiosas para te ouvir falar.— Ah, amiga! — A abraço do jeito que posso. — Nada disso seria possível sem você, Júlia Bennett.— Não me venha com essa, senhora Abravanel.Rimos.— É sério, se você não tivesse feito aquele convite, eu
JúliaJúlia— Nossa, está tudo muito lindo, Júlia! — Melissa, minha melhor amiga de infância diz, abrindo um sorriso para linda e colorida decoração de um aniversário infantil.Sorrio também.— Você acha que ele vai gostar? — pergunto, sentindo-me ansiosa pela chegada de Alex.E pensar que nem tudo era simples e feliz assim na minha vida. Lembro-me do dia que me apaixonei à primeira vista pelo jovem e lindo Adrian, e pensei que esse seria o começo para uma felicidade plena e sem fim. E eu sei que teria sido exatamente assim se não fosse um maldito acidente que o tirou precocemente de mim. Depois, em meio a dor da sua perda, descobri que Adrian havia deixado um presente valioso para mim. Eu estava arrasada, mas estava grávida também. Perdida em uma linha temporal entre a felicidade de esperar um bebê e a tristeza de perder meu grande amor. Então descobri que pelo meu filho eu teria que sobreviver a essa tempestade. Por um tempo me vi sozinha e desesperada, mas tive que me recompor. Por
Júlia— Táxi! Táxi! — Chamo com um tom elevado na voz, correndo feito uma maluca porque estou em cima do horário como sempre. — Obrigada por esperar! — falo, acomodando-me no banco traseiro do carro e logo que ele entra em movimento fito a fachada do hospital, que deixo para trás com o meu coração partido.Arquitetura sempre foi o meu grande sonho e trabalhar para uma empresa de grande porte, que pode fortalecer o meu nome nesse mercado é uma conquista. No entanto, todos esses sonhos ficaram estagnados no instante que conversei com o cardiologista que me disse que o meu filho tem seus dias contados caso ele não faça um transplante de coração com urgência. Portanto, tenho trabalhado feito uma louca desde então. Horas extras por cima de horas extras para aumentar a minha renda e assim poder juntar um valor exorbitante para salvar a vida do único amor da minha vida. Com tanto trabalho tenho poucas horas de descanso e essas, eu dedico para o meu filho, passando noites e noites no hospital
Júlia— Como foi hoje? — Procuro saber.— Ele está bem cansado e dormiu praticamente o dia todo. — Solto um suspiro de lamento e me aproximo da cama para deixar um beijo calmo nos seus cabelos.— Eu já vou indo. — Melissa avisa, ajeitando a sua bolsa no seu ombro.— Está bem. E, obrigada por ficar com ele de novo!— Você sabe que eu faço com amor, não é? Não precisa me agradecer, querida. A final, é para isso que serve as amigas e além disso, eu sou a madrinha do Alex.Sorrio e após a sua saída, fico um tempo do lado do meu filho.— Mamãe? — Sua voz fraca faz um nó sufocar a minha garganta.— Oi, filhote! — Ponho um pouco de empolgação na minha voz, enquanto o abraço deitado na cama.— Você demorou!— Eu sei. É que a mamãe tinha uma reunião, mas… — Abro um sorriso largo e pego a minha bolsa. — Eu trouxe algo para a sua coleção. — Meu garoto abre um sorriso espontâneo, porém, fraco e ainda, os seus olhos se enchem de expectativas quando tiro uma pequena embalagem, estendendo-a para ele
JúliaEu acredito que um design orgânico para uma estrutura tão sofisticada ficaria legal. Penso, enquanto deslizo o mouse pelo desenho 4D. Hum, um balaústre daria mais dinamismo e elegância para as varandas também. Determino, arrastando uma linha para fechar melhor o desenho.… Soube de um doador compatível que está a caminho desse hospital. Meu trabalho é interrompido por um pensamento e eu respiro fundo.… É uma cirurgia muito cara e o plano de saúde do Alex não cobre.Cinquenta mil. Onde vou arrumar tanto dinheiro?— Júlia, você já terminou os croquis que te pedi?— Ah… o que? — Desperto atordoada.— O que há de errado com você? — Bia pergunta, me analisando com mais atenção.— Não é nada. — Meio a cabeça.— Eu preciso dos croquis, Júlia.— Ah claro. Eles já estão prontos. — Levanto-me e vou até a outra mesa para pegar o que me pediu.— Você está bem calada hoje. Tem certeza de que está tudo bem?— Eu tenho. Obrigada por perguntar! — Ela pega o que precisa e vai para a sua mesa.
Júlia— Como foi o seu dia, filho? — pergunto quando ficamos sozinhos no seu quarto. Porque sim. Ao passar por aquela porta deixo toda a minha bagagem lá fora. Todas as raivas, frustrações, estresses e cansaços do meu trabalho. Tudo fica bem distante de nós dois e como sempre me dedico inteirinha apenas para ele.Vê-lo abrir um sorriso infantil me alegra um pouco. Mel tinha razão. Ele parece bem melhor, mesmo com as suas condições.— Foi divertido.— Divertido?— Tio Paco me fez companhia e nós brincamos com os carrinhos por algumas horas.— Que legal!— E a tia Mel trouxe alguns bolinhos de queijo escondida dos médicos.— Os seus preferidos, imagino? — comento. — Bom, você foi muito paparicado hoje, Senhor Ricci e foi muito travesso também.Preciso fazer um lembrete de conversar com esses dois. Como puderam ser tão imprudentes e deixá-lo descarregar tanta energia durante o dia inteiro?— Agora você precisa dormir um pouco, filho. — Beijo as suas bochechas.— Não, mamãe. — Alex protes