A madrugada estava silenciosa demais. Silêncio que gritava.
Revirei pela terceira vez na cama, o travesseiro amassado, o cheiro dela ainda presente nos lençóis. Donatella havia saído horas antes, vestida de preto, os olhos determinados, mas o beijo demorado no portão dizia tudo: ela estava com medo também.Eu não dormi. Não conseguia. Quando se ama alguém como eu amo Donatella, o coração se recusa a relaxar.Me levantei da cadeira e tentei me concentrar no trabalho, mas tudo parecia vazio. Até o café, sem ela, perdeu o gosto. O silêncio do ambiente me engolia, cada minuto parecia arrastar correntes no chão. Tudo o que eu queria... era vê-la atravessar aquela porta. Só assim meu coração desaceleraria. Só assim eu respiraria em paz.As horas avançaram sem piedade. Já passava das nove da noite.Nenhuma mensagem. Nenhuma chamada. Nenhum sinal.Minha inquietação virou angústia. Ela nunca demorava tanto sem dar notícias. Era disciplinada, cautelosa... previsível de