Lina
Estou preocupada com meu delegado... com o homem que conquistou meu coração e me faz sentir viva de novo. Essa operação policial me assusta, porque eu sei exatamente o que acontece nessas missões. Sempre tem troca de tiros, sempre tem correria, e às vezes, vidas inocentes são ceifadas por balas que nunca foram destinadas a elas.
Quando eu tinha doze anos, presenciei o caos de perto. Uma operação da polícia invadiu a comunidade onde morávamos. Lembro de um menino, não devia ter mais do que nove anos, que voltava da escola feliz com o boletim nas mãos. Ele foi atingido por uma bala perdida e caiu bem na frente da padaria da Dona Solange. Eu vi aquilo. Eu vi o sangue. Eu vi a dor da mãe gritando em desespero. Aquela imagem nunca saiu da minha cabeça.
Desde então, o barulho de tiros me paralisa. E morar em comunidades assim é viver com o coração acelerado, com medo constante, rezando para não ser o próximo alvo de uma guerra que não é sua. Graças a Deus, hoje eu vivo num lugar tran