Capítulo 28

Atendi com a voz arrastada, ainda bocejando:

— Alô...?

— Põe um agasalho. Me encontra aqui embaixo. — a voz dele veio firme, baixa.

— Hã? — franzi o cenho, sentando devagar.

— Tô te esperando. Lá fora. — respondeu, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Me levantei num impulso, andando até a janela. A luz da varanda cortava a escuridão da rua. Ele estava ali. Escorado no carro, mãos nos bolsos, duas lanternas no chão.

— Você tá maluco? É madrugada, querido. — resmunguei, ainda sonolenta.

— Trabalhos inacabados me deixam com insônia. — provocou.

— Eu não vou descer. Tá de sacanagem? — rebati, sem força, tentando manter a raiva que não colava mais.

— Se você não vier, eu subo. E se não abrir, eu grito seu nome até acordar a porra toda. — disse, sério.

Suspirei fundo. A ameaça era real.

— Espera. Tô indo. Idiota.

Puxei o primeiro agasalho que encontrei, calcei as pantufas e saí do quarto com passos leves, tentando não acordar ninguém.

O corredor era frio. As escadas pareciam ranger m
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