A OBSESSÃO DO DUQUE
A OBSESSÃO DO DUQUE
Por: Anny Shwan
Prólogo

Chester – Inglaterra

HENRICO

A tempestade rapidamente se aproximava. Vinha por detrás das montanhas e avançava rumo à cidade, trazendo um barulho ensurdecedor, juntamente com um misto de raios, trovões e ventania, que revirava galhos de árvores, fazendo esvanecer o horizonte. Adiantava o passo da montaria que vinha num trote lento, na tentativa de não ser alcançado por ela, o que não surtiu nenhum efeito quando fui atingido por uma lufada de ar gelado, seguida dos primeiros respingos de chuva que logo se intensificou.

Ao adentrar em casa, a escuridão era absurda. Só se via algo quando relampejava. Senti os pelos de minha nuca se arrepiar e atribuí ao incomodo que vinha sentindo no caminho.

O silêncio no ambiente era estranho, meu instinto me incitou a redobrar a atenção. Deixei minha bagagem no chão de madeira e caminhei em direção à escada, a cada passo que eu dava, gemidos ecoavam pelo ar, pelo barulho da tempestade lá fora, não era possível distinguir bem. Ao chegar próximo ao meu quarto, senti minha garganta se fechar no mesmo instante em que percebi do que se tratavam os gemidos que agora se misturavam a sussurros. O ódio percorreu por todo o meu corpo e assim que abri a porta a minha frente, com os olhos arregalados e o coração disparado, deixei um grito estrangulado sair rasgando minha garganta.

— Malditaaaaaa...

Acordo sobressaltado, meu corpo envolvido pelo suor e o coração disparado no peito. Sou arrancado das profundezas do meu pesadelo e do meu desespero. Abro os olhos e meu sonho se desvanece a luz da manhã. Descarto minhas lembranças que não me dão um dia de folga. Não aguento mais passar por essa tortura noite após noite.

Ainda atordoado, me levanto e caminho até a sala de banho, as lembranças daquele dia martelando em minha mente. Ao adentrar no cômodo e ver meu reflexo no espelho, observo os traços rígidos do meu rosto e penso no que eu me transformei, tudo por culpa daqueles infelizes.

Deixo os devaneios de lado e resolvo tomar meu banho, o que aconteceu deve ficar onde está, no passado, ao menos enquanto estou com os olhos abertos e não sou atormentado por pesadelos. Minutos depois, de banho tomado e arrumado, deixo meus aposentos e vou em direção ao primeiro andar do casarão, assim que estou prestes a descer o último degrau da longa escada, James aparece no meu campo de visão e pela sua expressão, já sabia que não era portador de boas notícias. Antes que ele se manifestasse, minha voz ecoou no ambiente.

— Sem rodeios.

— Vossa Graça, o senhor Wilson e sua esposa disseram que não vão pagar mais nada do que foi combinado. — ao ouvir as palavras proferidas pelo homem a minha frente, senti todo o meu corpo vibrar. Hoje sem dúvidas será um dia que ficarei em puro êxtase ao enviar esses malditos ao inferno.

Olhei para o incompetente a minha frente, o qual não é capaz de resolver algo tão simples, se não fosse pela sua lealdade, esse infeliz não estaria mais vivo. Se tem uma coisa que não admito, são esses desgraçados que trabalham em minhas terras, e acham que tem algum direito sobre elas, mas mostrarei pessoalmente o que faço com quem se atreve a me desafiar.

Em passos precisos, caminhei para fora do ambiente indo em direção ao meu cavalo. Alguns dos meus homens já estavam preparados, pois já sabiam qual seria a minha reação ao saber do ocorrido. Depois de alguns minutos, chegamos ao nosso destino. O infeliz logo surgiu no meu campo de visão, olhei para o lado e sua esposa saiu de dentro do casebre com um bebê em seus braços. Desci do meu cavalo, indo em direção aos dois infelizes que mantinham seus olhares em minha direção. Ao ficar frente a frente com o homem, a voz do desgraçado se fez presente.

— Não acho justo continuar pagando depois de tantos anos morando nesse lugar — fiquei com os olhos fixos em seus movimentos e em seguida a voz irritante da mulher se fez presente.

— O senhor já tem muito, não precisa do nosso dinheiro.

Não era necessário dizer nada. Eles teriam o que merecem por me desafiar e descumprir o acordo. Levantei o braço e meus homens começaram a se movimentar, porém, com o olhar atrevido do homem sobre mim e sua audácia em cuspir próximo dos meus pés, com um único movimento, levei minhas mãos ao encontro do pescoço do infeliz que logo começou a se debater, a mulher veio em minha direção, todavia, um dos meus homens a impediu de se aproximar, o choro irritante da criança em seus braços se tornava cada vez mais alto. Mandei que tirassem o bastardo dos braços da mãe e levassem a mulher para dentro da casa. Mesmo com a voz entrecortada, o homem murmurou.

— Seu maldito, eu vou acab...

Antes que ele terminasse de formular sua frase, peguei minha adaga e aproximei da sua boca, o infeliz, já imaginado o que ia acontecer, começou a se debater ainda mais. No impulso, joguei o homem no chão e como um animal prestes a devorar a sua presa, subi em cima dele. Wilson logo fechou a boca, mas assim que desferi o primeiro golpe em seu rosto, um grito estrangulado saiu por entre os seus lábios e foi tudo o que eu precisava para cortar a língua do desgraçado. Ver o sangue jorrando por sua boca só despertou o meu lado mais obscuro, olhei para o objeto cortante em minhas mãos e tudo que via em minha mente era continuar introduzindo a adaga na carne do maldito. Perdi a conta de quantas vezes o objeto foi introduzindo no corpo do infeliz, só saí de cima dele quando ele parou de se debater. Levantei-me e meus homens arrastaram o corpo para dentro do casebre e em seguida um forte clarão surgiu no espaço, assim como os gritos da mulher que estava sendo queimada viva.

Com um giro nos calcanhares, segui em direção ao meu cavalo e antes que eu tivesse qualquer outra reação, a voz de James se fez presente.

— É uma menina, o que faremos com ela?

— Deixe em algum lugar. Embora mereça o mesmo destino dos pais atrevidos, não está em meus planos acabar com a vida dessa infeliz.

Aumentei o ritmo das minhas passadas e minutos depois, já estava em cima do meu cavalo. Olhei para o fogo a minha frente e um sorriso se fez presente em minha face. Logo a notícia se espalharia e quem pensasse em me desobedecer ou quebrar um acordo, pensaria duas vezes.

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