— Estella, o Isaac está com febre alta. Deixe o Enzo atender o telefone. — Disse Nina, tentando manter a calma.
Estella riu com deboche do outro lado da linha:
— Haha, isso não é perfeito? Que ele queime até virar um idiota! E sabe de uma coisa? Eu estou grávida do filho do Enzo. O bebê que eu carrego será o verdadeiro herdeiro do Grupo Reis Novo. Seu filho? Melhor que ele vire um inútil.
Antes que Nina pudesse responder, Estella desligou o celular.
Nina tentou ligar novamente, mas a chamada não completava. Ela olhou para Isaac em seus braços, cada vez mais quente, com a febre subindo rapidamente.
O corpo da Nina começou a tremer de desespero. Sem perder mais tempo, Nina ligou para Catarina, a empregada da casa.
— Sra. Nina, eu... eu não posso ajudar. O Sr. Enzo deu ordens claras: qualquer pessoa que levar uma gota de água para você ou para Isaac será imediatamente demitida.
Antes que Nina pudesse dizer mais alguma coisa, a ligação foi encerrada.
Os olhos de Nina se encheram de dor, e ela encarou o celular que agora marcava apenas 5% de bateria. Sem alternativas, ela colocou Isaac no chão, em segurança, e se posicionou diante da porta de madeira do estábulo.
Com o corpo trêmulo, Nina começou a se jogar contra a porta. Uma, duas vezes... três... Cada impacto fazia seu corpo gritar de dor, mas ela não parava. Foram centenas de tentativas, até que, finalmente, a madeira cedeu.
Ela sentia tanta dor que nem conseguia levantar os dedos, mas ainda assim segurava o filho nos braços e corria para fora.
— Filho, aguente firme! Eu vou te levar para o hospital agora.
Isaac estava inconsciente, a febre o havia deixado completamente apagado.
Nina, com lágrimas escorrendo pelo rosto, murmurava enquanto corria:
— Isaac, eu vou tirar você daqui. Nós vamos sair daqui.
Nina não sabia dirigir. Dentro da mansão, ninguém a ajudaria. No meio da madrugada, a única opção que restava era Enzo.
Determinada, ela correu de volta para a casa principal. Nina subiu as escadas com Isaac nos braços e invadiu o quarto de Enzo.
A cena que encontrou foi como uma facada em seu coração. Enzo estava deitado com Estella em seus braços.
Os olhos de Enzo mostraram um breve brilho de surpresa, mas sua voz foi fria e calculada:
— Estella teve um pesadelo. Ela veio até aqui há pouco.
Nina olhou para os dois, tão íntimos, mas não sentiu absolutamente nada. O que antes teria causado dor agora parecia insignificante. Ela simplesmente disse:
— Enzo, leve Isaac ao hospital agora. Ele está com febre alta.
Enzo ainda tinha um resquício de consciência e ele finalmente se levantou, ainda segurando Isaac. Quando percebeu que a febre era realmente grave, ele imediatamente se preparou para levá-lo ao hospital, mas a voz chorosa de Estella interrompeu:
— Tia Nina, como você pode ser tão cruel? Você deixou o Isaac ficar doente só para fazer o Enzo se preocupar?
O rosto de Enzo ficou sombrio. Ele devolveu Isaac para os braços de Nina e disse friamente:
— Nina, você está usando o nosso filho para me manipular? Se foi você quem causou isso, então leve ele ao hospital sozinha.
Nina ficou pálida como um fantasma:
— Enzo, eu peço o divórcio, por favor. Só leve Isaac ao hospital agora. A febre está alta, ele não pode esperar.
Os olhos de Enzo mostraram um breve lampejo de choque. Para ele, Nina nunca havia se mostrado vulnerável. Ela sempre fora fria, controlada, até mesmo durante os momentos mais íntimos entre eles. Porém, agora, ela parecia desesperada, completamente fora de si.
Antes que Enzo pudesse responder, Estella começou a chorar e segurou o estômago:
— Enzo, meu bebê... Minha barriga está doendo!
Imediatamente, Enzo se voltou para ela, colocando a mão no abdômen ainda plano de Estella com preocupação:
— Estella, está tudo bem? O que você está sentindo?
Nina segurou o braço de Enzo com força, tentando trazê-lo de volta à realidade:
— Enzo, por favor, leve Isaac ao hospital. Peço tudo o que quiser. Eu aceito o divórcio, abro mão de todos os bens, mas salve nosso filho.
Ao ouvir Nina mencionar divórcio, Enzo ficou furioso:
— Eu nunca vou me divorciar de você! Nina, você é minha esposa, e isso nunca vai mudar.
Mesmo assim, ele ignorou completamente o pedido de Nina e saiu do quarto carregando Estella nos braços. Antes de ir embora, ele lançou um último golpe:
— Você conseguiu resolver o problema daquelas fotos. Então resolva o problema do nosso filho sozinha.
Nina, desesperada, seguiu o carro de Enzo enquanto ele saía, carregando Isaac nos braços. Ela correu, gritando:
— Enzo, por favor, leve Isaac ao hospital!
Mas Enzo não parou. Ele acelerou, deixando Nina para trás sem olhar para trás nem por um segundo.
Nina parou de correr, olhando o carro desaparecer na estrada. Sua respiração estava pesada, seus braços doíam por segurar Isaac, e sua mente estava em frangalhos.
E então, ela soltou uma risada amarga, cheia de dor e descrença.
"Foi meu erro, meu grande erro." Nina repetia para si mesma em seu coração. "Isaac, Enzo não merece ser seu pai, tampouco merece ter acesso aos frutos das minhas pesquisas."
Determinada, Nina usou o telefone fixo para ligar imediatamente para o serviço de emergência.
"Enzo, você não quis levar o seu próprio filho ao hospital. Depois de hoje, não terá mais nenhuma chance." pensou Nina, sem conseguir conter o nó em sua garganta.
Dois dias depois, Nina continuava cuidando de Isaac, que finalmente tinha se recuperado da febre alta. Mas ela não pôde evitar ouvir algumas conversas que vinham das enfermeiras:
— Vocês souberam? O Sr. Enzo alugou um andar inteiro do hospital para cuidar da esposa dele. Está tratando ela como se fosse uma joia preciosa.
— Verdade! Ele é mesmo um homem romântico. Ouvi dizer que eles têm uma história de amor de mais de dez anos.
— Mas e aquela história de escândalo?
— Vai saber... Talvez tenha sido só um boato. Dizem que aquela mulher era uma impostora, só se parecia com a Sra. Reis.
— É isso mesmo. O Sr. Enzo ama tanto a esposa que jamais faria aquilo. Se ele arrancou a roupa daquela mulher, foi porque ela tentou seduzi-lo. Além disso, todo mundo sabe que ela é uma impostora, não a verdadeira esposa dele. Ele só ficou furioso.
Enquanto ouvia os rumores, Nina olhou para Isaac, que finalmente dormia tranquilo depois de dias de febre e delírio. Seu coração doía, mas ela já tinha tomado uma decisão. Ela precisava ir à empresa e pegar o que era dela de volta.
Nina chamou Vanessa para cuidar de Isaac enquanto ela saía.
Ao sair de casa, Nina caminhou para a empresa. Ela acreditava que sabia a senha para o laboratório da pesquisa.
Mas, no caminho, algo inesperado aconteceu.
Um carro surgiu de repente, avançando em alta velocidade, e atingiu Nina com força. O impacto a arremessou ao chão. Seu corpo inteiro doía enquanto ela sentia o sangue escorrer lentamente.
Deitada no asfalto, Nina ouviu vozes ao longe. O som de sirenes de ambulância se aproximava, e as pessoas ao redor gritavam instruções e chamavam por ajuda. Entre os sons confusos, uma voz familiar e fria chegou aos ouvidos dela, mesmo que estivesse à beira da inconsciência.
— Sr. Enzo, o senhor realmente vai usar um dos rins da Sra. Reis para salvar a Srta. Estella?