Do outro lado da linha, houve alguns segundos de silêncio antes que a voz trêmula de Renatta finalmente se fizesse ouvir:
— Você quer dizer que... a Lígia já está nas mãos do Abelo?
— Sim.
Renatta soltou um sorriso amargo e desligou o telefone abruptamente. Naquele momento, ela se arrependeu profundamente. Se ao menos tivesse insistido mais com a Lígia naquele dia, ou se tivesse percebido a tempo que ela só estava disfarçando, talvez essa tragédia pudesse ter sido evitada.
Agora, ela só podia assistir, impotente, enquanto Abelo tomava o Grupo Marques das mãos de Lorenzo sem esforço, e ela, por mais que quisesse, não podia fazer nada para impedir. A sensação de total impotência era terrível.
— Renatta, vamos? Ainda temos algumas horas de viagem até a casa de Crusie.
Assim que terminou de falar, Filipe se assustou ao notar os olhos vermelhos de Renatta.
— O que houve com você?
Renatta balançou a cabeça:
— Nada. Vamos.
Durante o trajeto, Renatta permaneceu pensativa, com um olhar distant