Lua seca as lágrimas, chorosa.

-Você tem razão... A vida é minha e só minha... Eu não devo deixar ele ditar a minha vida a partir daqui.

Zoe sorri amorosa.

-Exatamente. Nossa vida já é ditada pelo tratado, mais do que deveria. Somos presos dentro dessa vila isolada do mundo. Vai saber o que tem lá fora.

Lua concorda.

-É verdade. O que será que tem lá fora?

-O que tem, não sei. Mas devem ter muitas coisas que nem sonhamos em conhecer, e isso é certo!

Lua fica pensativa e Zoe abraça a irmã a beijando na bochecha antes de entregar seu presente de desculpas para a irmã e sair do quarto para que Lua possa absorver suas palavras e encontrar a melhor resposta para sua própria situação de casamento arranjado.

Alguns dias depois Zoe entra em casa exausta depois de ter trabalhado a tarde toda depois de estudar.

Ela vinha trabalhando a quase um ano, para juntar seu próprio dinheiro para ter sua independência e não ser mais manipulada por seus pais.

Zoe entra retirando as botas quando as lâmpadas da casa explodem a fazendo pular de susto.

Não conseguia se acostumar com os rompantes de seus pais.

Nesse momento Pietro desce as escadas falando.

-Você viu Lua?

Oe nega com a cabeça movendo os cachos dourados.

-Não. Por que o que aconteceu?

-A nossa irmã fugiu. Não está em lugar nenhum da vila Wiccana e por isso o papai está surtando.

Zoe arregala os olhos com a informação inusitada.

-Ela o que?

Pietro suspira.

-Ela fugiu e só deixou um bilhete falando “-Não vou me casar, vou seguir o meu coração e ver tudo o que sempre quis ver”.

Zoe ouve as palavras se lembrando do que falou para sua irmã fazendo uma careta que não passa despercebido de seu irmão mais velho.

-Você sabe de algo?

Zoe morde o lábio inferior e olha para ver se ainda estavam sozinhos antes de murmurar para o primogênito.

-Eu talvez possa ter aconselhado a ela a seguir seu coração e seus sonhos ao invés de viver as ordens do pai.

-Você o que?

Pietro arregala os olhos.

-Santa Deusa! Nem fala nada disso para o pai ou para a mãe ou eles vão surtar.

Zoe concorda com a cabeça antes de sorrir orgulhosa.

-Isso foi mesmo inesperado.

Pietro suspira pegando Zoe pelo braço e se teletransportando para a clareira que sempre brincavam quando eram crianças.

O Wiccano de cabelos negros e olhos azuis, suspira e se senta na pedra perto do rio.

-Nem me fala. Achei um absurdo do papai querer obrigar Lua a casar com o senhor Noahn. Nunca o vimos ou nem mesmo falamos com ele.

Zoe concorda se aproximando do rio para olhar os peixinhos a nadar.

-Eu também pensei o mesmo quando Lua me contou. Só o papai e a mamãe conhecem sua aparência e já falou com ele. Não é justo impor algo desse tipo em sua filha. Não bastou para ele, ela sempre obedecer às ordens dele, fazendo trabalhos que vão contra as vontades dela?

Pietro suspira.

-Lua odeia seus poderes, ir para a cidade será um caos.

Zoe sorri.

-Mas pelo menos ela está seguindo seus sonhos e se libertando das algemas do papai.

Pietro a observa.

-Foi o que você fez, não é?

Zoe abaixa a cabeça angustiada.

-Eu percebi que eu precisava pensar por mim mesma e não conseguiria fazer isso me mantendo por perto, como a boa filha que era manipulada.

Pietro passa a mão na cabeça loira da caçula.

-Tá tudo bem. Percebemos que precisava de espaço, mas suas palavras foram pesadas para a Lua.

Zoe suspira.

-Eu sei. Me desculpei com ela antes de ouvir o que aconteceu e consola-la.

Pietro conta se levantando.

-Papai está querendo ir atrás dela.

Zoe arregala os olhos encarando o irmão.

-Ele não pode. Ela precisa descobrir quem ela quer ser.

Pietro sorri suavemente.

-É por isso que você e eu também vamos com eles.

Zoe faz outra careta angustiante.

-Nossos pais me odeiam.

- Eles não a odeiam. Só a veem como uma rebelde sem causa.

Pietro abraça a irmã mais jovem.

-Estou com vocês e as manterei segura custe o que custar.

Zoe sorri amorosa, ela amava o lado amoroso de seu irmão, mesmo que ele quase não demostrasse seus sentimentos abertamente. Afinal ele tinha dificuldades para se expressar desde que era apenas um menino.

Depois disso os dois irmãos voltam para casa e encontram seus pais na sala.

-Solid quer ir buscar Lua.

Informa os planos do marido, Sarah Griffin, a matriarca da família e mãe dos três irmãos.

Pietro se mantem estoico.

-Estava colocando Zoe a parte do ocorrido e decidimos ir com vocês se resolvessem ir.

Solid e Sarah encaram Zoe que os encara de volta e Seu pai bufa irritado.

-Essa menina só dá trabalho não deve ir com a gente para fora da vila.

Zoe sorri maliciosa.

-Então cuidado papai. Eu posso fazer uma baita festa aqui em casa no momento que saírem daqui e me deixarem para atrás.

Solid fica irado, explodindo mais lâmpadas quando Sarah coloca a mão no braço do velho marido ranzinza.

-Ela tem razão. Não devemos deixar ela aqui sozinha. É melhor deixar ela sob nossos olhos.

Zoe troca um olhar cumplice com Pietro.

Eles já haviam aprendido a dobrar os pais, assim como seus pais faziam com eles desde que eram menores.

Depois de alguns meses sem encontrar com Lua, Zoe e Pietro encontram a irmã em um mercado acompanhada de um licano, mas o encontro durou pouco tempo pois ele precisou correr e arrastou Lua com ele.

Mas dois meses depois Zoe estava ajudando a mãe para um almoço ao qual receberia Lua de volta, convidando seus novos amigos e pretendente para resolver isso do jeito que a Wiccana ruiva achasse melhor.

Zoe e Pietro estavam felizes por finalmente ser uma escolha de sua irmã e não de seus pais.

Zoe atende a porta e abraça a irmã, feliz por revê-la bem e saudável.

Ao ouvir o anuncio de Zoe, Pietro adentra a sala bem iluminada pelo sol, como o bom e zeloso irmão mais velho que sempre fora.

Zoe percebe a tensão entre os dois homens, mas ela sabia que Pietro amava as irmãs e tinha ciúme delas e por isso ela não se incomodou.

Seus pais se unem a eles por um momento antes de se sua matriarca explicar a Lua que logo outros convidados chegariam, quando a campainha toca novamente e Zoe abre a porta para os Licanos.

Zoe os recebe com um sorriso acolhedor e alegre.

-Bem vindos.

Zoe sorri gentilmente recebendo os três belos lobisomens.

Zoe analisa todos os recém chegados, assim como fez com o líder do Coven, Noahn e se surpreende quando seus olhos caem no último homem.

O lindo jovem moreno de olhos verdes, que nunca saíra de seus pensamentos nos últimos anos, estava diante dela, com um ar ainda mais selvagem e taciturno e ele a observava de cima, como se não a reconhecesse e isso mexe com o interior de Zoe mais do que gostaria de admitir. 

Ele tinha um metro e noventa de altura, quase a mesma altura dos outros homens ao redor de Zoe, incluindo seu irmão.

O coração de Zoe acelera no peito com a intensidade do olhar verde sobre si, e ela aperta a mão na maçaneta da porta, para se recompor.

É aquele gato!

Ela força um novo sorriso angelical, se recompondo e agindo o mais normal que conseguia. 

-Entrem e fiquem à vontade.

A jovem Loira sorri gentilmente para os licanos que acabavam de chegar.

- Mamãe disse que o almoço já, já estará servido.

Nervosa e inquieta, Zoe fecha a porta atrás deles e sorri para a irmã mais velha a trazendo de volta a realidade surreal a sua frente, enquanto dá uma leve piscadela amigável para disfarçar o tremor que se espalhava por seu corpo.

-Mana as apresentações são com você, está bem?

Zoe reforça mentalmente, ignorando as borboletas no estomago.  

Vamos quebrar esse gelo, por favor.

Mamãe gostaria disso.

Zoe direciona seus pensamentos para que somente sua irmã Lua possa ouvi-la, revelando.

Foi a mamãe quem reuniu todos nós hoje.

E ainda mandou papai se comportar.

Lua sorri suavemente para a irmã mais jovem a tranquilizando, o que faz a jovem loira sorrir de volta.

Lua faz as apresentações e Zoe finalmente descobre o nome do lindo moreno, Siros e ele era o beta do novo pretendente de sua irmã.

Nervosa, Zoe volta para a cozinha correndo, rebolando seus quadris inconscientemente o que atrai o olhar do licano, Siros, que a observa por um breve momento.

Assim que ele havia pisado no quarto do hotel em que a família de Zoe Griffin estava hospedada, os sentidos de Siros foram a loucura.

Mas logo que ele bateu seus olhos na jovem que conheceu no bar, se lembrou o quanto ela era atraente e linda, mas a deliciosa jovem loira que o levou ao limite anos antes e que nunca saiu de seus pensamentos, na verdade era a irmã mais jovem de Lua, a qual ele desconfiava se tratar de sua nova Luna.