Os meses haviam passado em um borrão de rebeldia. Zoe se isolava da família, respondendo com frieza e sarcasmo, escondendo uma verdade que poderia destruí-los se fosse revelada. Em seu quarto, dançava ao som de rock alto, cabelos loiros esvoaçando, rindo de si mesma, sentindo uma liberdade que há muito não experimentava.
Preciso afastá-los...
Eles não podem saber da verdade.
Pietro entrou primeiro, abaixando o rádio e Lua se aproximou logo depois, com aquele jeito doce e insistente de sempre.
Zoe não percebeu seus irmãos entrarem no quarto até que Pietro abaixou a música se pronunciando.
—O que aconteceu com você? — Pietro perguntou, preocupado.
—Não sei do que está falando. — Zoe respondeu, tentando soar indiferente, mas o coração batia acelerado.
—Você não é assim, Zoe… — Lua tentou, com voz suave.
—Eu sou o que quero ser. Agora saiam! — mastigou o chiclete com desdém, enquanto Pietro hesitava. Ela sabia que os dons de Lua poderiam entregar seus segredos a qualquer momento —Já mandei saírem! — gritou, mas a raiva escondia o aperto no peito.
—Conversa com a gente, como sempre fez… — Lua insistiu.
Perdão… eu não posso fazer isso… - pensou Zoe.
—Não tenho nada a falar! — aumentou o volume do rádio. Pietro abaixou novamente e Lua comentou:
—Se não é nada, por que pedir perdão?
Zoe pegou o abajur e jogou aos pés de Lua, que pulou assustada.
—Sai da minha cabeça, sua aberração! — gritou.
—Caiam fora agora ou vou transformá-los em bebês e jogar lá fora! — ameaçou.
Pietro, calmo, pegou Lua pela mão e a guiou para fora, falando friamente:
—Espero que perceba a merda que está fazendo antes que seja tarde.
Pietro pega Lua pelos ombros e teletransporta-se com ela, indo embora.
Desolada por tudo o que aconteceu e por ter magoado seus irmãos mais velhos, para preveni-los de sofrer por sua dor, Zoe tranca a porta e aumenta o rádio novamente para chorar.
Mais tarde, recuperou a compostura. Vestiu um vestido sensual, jaqueta curta e sapatos de salto, caprichou na maquiagem e no cabelo, e usou seus poderes para congelar todos dentro de casa, garantindo uma saída discreta. Zoe segue para o bar mais badalado fora da vila e se senta no balcão enquanto pensa em seus próximos desafios.
Sair da vila já é quebrar a regras, mas...
Preciso fazer algo para que nem meus familiares se aproximem de mim...
No bar, sentou-se no balcão, observando casais se perderem em aventuras de uma noite e um arrepio percorreu seu corpo.
É isso! Vou me desafiar a fazer coisas que jamais pensei.
Coisas que vão contra as regras do Coven e de quem já fui um dia.
Um lindo e moreno homem chega ao bar, chamando a atenção por sua beleza selvagem.
Sua pele morena de sol destacava os profundos olhos verdes de um predador sexi e atraente.
Zoe engole em seco e o vê caminhar para o balcão ao seu lado, pedindo um whisky.
Em poucos segundos os olhos verdes pousam na linda e jovem loira de olhos azuis.
—Você está sozinha? — perguntou, a voz baixa, carregando algo que fez Zoe prender a respiração.
Ela o estudou, intrigada. Havia uma aura de resistência e mistério, mas também de atração inevitável.
É visível que ele só quer dormir comigo.
O homem a observa enquanto Zoe o analisa um pouco mais.
Ele tem um belo rosto, mesmo com estes piercings e tatuagens.
E dá para ver sobre a blusa que seu corpo também é muito bom.
É, acho que vou começar com ele.
Será perfeito para pôr em prática tudo o que eu trabalhei nos últimos meses.
—Sim, estou. — respondeu, passando o dedo na borda do copo, forçando a voz a soar mais sensual.
Zoe sorri passando o dedo de unha vermelha na borda do copo antes de responder forçando a voz para soar o mais sensual que conseguiu fazer, o que deixa o homem visivelmente ainda mais interessado, seguindo seu dedo na borda com os olhos.
—Interessante… — murmurou, aproximando-se lentamente. — Você parece… perigosa.
Zoe bebe seu drink colocando o copo vazio sobre o balcão e sorri provocativa.
—Perigosa? Adoro quando alguém percebe. — Ela se inclinou, deixando o aroma de seu perfume misturar-se ao dele, aumentando a tensão entre eles.
Ele se afastou um passo, lutando contra o que sentia, e ela sorriu, sabendo que havia mexido com ele.
—Não acha que está brincando com fogo? — disse ele, a voz carregada de desejo contido.
—Se não brincar com fogo, como vou me aquecer? — Zoe rebateu, piscando.
A tensão cresceu, cada olhar, cada movimento era um jogo. Ele tentou resistir, e ela, intrigada, queria entender. Cada gesto dele despertava nela uma curiosidade elétrica, e o desejo crescia silencioso, carregado de provocação.
—Sério… você sempre faz isso com todos? — perguntou ele, tentando manter a compostura enquanto a analisa discretamente.
—Com quem realmente vale a pena… — disse Zoe, aproximando-se um pouco mais, provocando-o com cada passo.
Eles continuaram o jogo de olhares e provocações, o bar cheio de risos, música alta, mas tudo parecia desaparecer quando estavam próximos. Um flerte silencioso, cheio de tensão e promessa de algo mais intenso.
-Mas se quiser me tirar daqui, eu não me importaria.
Zoe lambe os lábios, enquanto o convida a uma aventura de uma noite, mesmo sentindo o coração martelar em seu peito.
O homem sorri colocando uma nota sobre o balcão, para pagar as bebidas, se levanta e ergue a mão para ajudá-la a se levantar da cadeira.
-Sem arrependimentos?
Zoe sorri levemente corada.
-Sem arrependimentos.
Zoe pega a mão do lindo homem desconhecido e o segue para fora do bar até uma moto que ele sobe e estica seu capacete para ela.
-Sobe ai.
O homem convida com um sorriso sensual espalhando arrepios por todo o seu corpo.
Zoe já havia visto como se subia em uma moto e por isso subiu como se não fosse sua primeira vez, mesmo sendo.
Ela coloca o capacete e segura no quadril delgado e ele liga a moto, os levando embora para um hotel não muito longe dali.
Mais tarde, o hotel não era apenas um lugar para se entregar a um estranho. Com ele, a química era diferente.
Cada toque, cada suspiro e aproximação era carregada de jogo de poder e sedução, Zoe podia sentir a tensão sexual quase dolorosa enquanto ele lutava para não ceder completamente aos instintos.
Ela queria entender o que acontecia com ele, ela queria mais, e podia sentir que ele resistia, e isso só servia para aumentar o desejo entre eles.
Eles descem da moto e o homem a pega no colo a beijando.
Cada beijo, cada sussurro, deixava a atmosfera carregada de erotismo e expectativa, mas nada era explícito demais — tudo era sugestivo, provocante, quase insuportável de desejo.
Zoe se sentia diferente.
Não era Edson.
Mas ela precisava esquecer ele e por isso retribuiu ao beijo com desejo se entregando ao que estava sentindo naquele momento.
Logo qualquer pensamento sobre Edson havia sumido de sua mente, sendo substituído por cada ato e palavras que o desconhecido ousasse fazer.
Eles entram no quarto aos beijos e ele tranca a porta antes de começar a despir ambos.
Eles caem sobre a cama sentindo arrepios por suas peles com um simples e mero toque.
Zoe se entrega ao homem desconhecido a noite toda.
Na manhã seguinte, Zoe acordou percebendo o belo homem adormecido ao seu lado, o que fez vir amente dela a lembrança do toque e do olhar intenso, a deixando inquieta.
Ela se vestiu, deixando o quarto silenciosamente, sentindo o calor da lembrança subir-lhe pela espinha.
Eu realmente fiz isso...
Eu mandei a velha “eu” embora no momento que aceitei dormir com ele.
Zoe olha para o lindo homem adormecido.
A noite havia sido sem nomes, só puro desejo e entrega.
Zoe pega sua bolsa e sai do quarto para ir embora.
Nos dias seguintes, ela explorou flertes com outros, mas nenhum tocava o mistério e a tensão do lindo homem selvagem de olhos verdes.
O encontro com ele foi uma batalha silenciosa: ele queria, ele resistia; ela provocava, ele controlava; e o desejo entre eles crescia, inevitável quase como se carregasse um “amor destinado” o que não deixava Zoe compreender o que tiveram completamente.
Não demora muito para a pequena vila já ouvir sobre suas aventuras noturnas.
Enquanto sua rebeldia e audácia continuavam, Zoe desafiava limites dentro e fora da vila.
Ela provocava olhares, fazia travessuras, brincava com os Wiccanos e com os que moravam fora da vila.
Na vila, congelava pessoas por segundos, testava limites e sorria ao ver suas reações. Pequenos momentos cômicos surgiam, as vezes quando ela causava confusão.
Como quando um entregador tropeçou e ela fingiu não notar, mas congelou ele no ar o fazendo cair em câmera lenta.
Ou quando um cachorro a perseguiu até ela o congelava e o colocava de frente para grama antes de se esconder atrás de uma pilastra, rindo baixinho antes de soltar e o fazer escorregar e descer um pequeno morrinho para não o machucar.
Obviamente seus pais ficaram irados com todas as suas travessuras e causando uma discursão com os dois, o que logo se tornava uma guerra fria.
Ela estava acabando com a própria reputação de propósito.