Alana:
— Coloquem ela mais alto! — ordenei enquanto suspendiam a modelo pelo fio — Tudo bem. Assim está ótimo. Me aproximei do fotógrafo e olhei bem para a lente de sua câmera. — Ajeite o ângulo, quero a foto perfeita! — ordenei — Ela deve parecer um anjo, mesmo que esteja despencando do céu. — Mas, quem caiu do céu foi Lúcifer! — ele disse me encarando. — E eu te perguntei alguma coisa sobre o diabo? — cruzei os braços e franzi o cenho. — Não senhora! — ele respondeu um pouco nervoso. — Concentre-se no seu trabalho! — ordenei. A Megera, era assim que eles me chamavam quando eu não estava olhando, mas corriam como gatinhos assustada quando eu dava uma ordem. Ser a megera da CG Magazine não era tão ruim, além do medo que causava neles, eu era a CEO da revista, a presidente adorava meu trabalho e eu sempre recebia um salário grande, que me permitia viver uma vida confortável e bem luxuosa em Manhattan. Era quase o paraíso. Eu era boa no meu trabalho, mais do que boa, era a melhor, insubstituível. Aos vinte e sete anos de idade, Alana Wayne já havia se formado com honras em Harvard, conquistou New York, o emprego dos sonhos e uma conta bancária que me permitia ser o que eu quisesse. "É irmãzinha, você tinha toda razão em sonhar alto, a vida no topo é bem melhor do que sendo uma simples veterinária em Erwin e uma dona de casa dedicada ao marido e aos filhos, mas esse tipo quem conquistou fui eu. Como está a vida em Erwin agora? O que você fez, valeu a pena?" Leves batidas na porta me forçaram a erguer a cabeça do computador. Só uma pessoa em toda a revista ia direto até a minha sala sem ser anunciada. A presidente. — Alana, querida! — sua voz ecôou do outro lado — Eu posso entrar? — Claro! — respondi. Ela abriu a porta e sorriu amigavelmente para mim. — Parece que está vai ser mesmo uma campanha de ouro! — ela disse olhando as fotos espalhadas sobre a minha mesa. — Oh, dê uma olhada mais de perto! — pedi — Me diga o que acha? Ramona Howard era extremamente exigente e sempre torcia o nariz para a maioria das idéias que chegavam até ela, mas quando se tratava das minhas... — Oh não, vá em frente e me surpreenda! — ela disse com um sorriso — Eu confio no seu trabalho e no seu bom gosto. Afinal, você nunca erra. Sorri em resposta. — Ah, é verdade, você errou quando decidiu não se tornar a minha nora! — ela lembrou — Não poderia considerar o Eric só um pouquinho, ele é um bom partido. — Ramona, casar com o seu filho vem com um certificado de corna já impresso! — respondi — Ele é competente, capaz e vai fazer um excelente trabalho como futuro presidente da CG Magazine, mas não é um bom candidato a marido. — A culpa é toda daqueles namoricos e escândalos dele! — ela resmungou — Por isso uma mulher como você não o leva a sério. Mas eu tenho fé que em algum momento da vida ele vai mudar. — Deus queira que seja antes dos cinquenta! — zombei e ela sorriu em resposta. Qualquer outra pessoa da CG Magazine não poderia fazer esse tipo de piadinha, era isso e estava demitido, mas, comigo era diferente, a Ramona sempre me viu com outros olhos e esteve desde o início me empurrando para seu filho playboy. — Eu soube que está retornando a sua cidade natal! — ela especulou. — Ah, isso ainda não foi decidido! — falei. — Soube que é o casamento do seu irmão mais velho com a sua amiga de infância! — ela comentou. — Meu irmão sempre pode se casar novamente! — declarei. — Aí, que fria! — ela levou a mão ao peito — É por isso que te chamam de megera. — Eu não me importo com o que me chamam! — sorri — Não faz diferença para mim. — Você é mesmo a rainha do gelo heim! — ela zombou se sentando a minha frente — Seu nome deveria ser Frozen, não Alana. — O nome dela é Elsa, não Frozen! — corrigi — Mas devo admitir que é uma honra ser comparada a ela. — Você deveria ir! — Ramona aconselhou — Deveria ir e mostrar a todos daquela sua cidade pacata de que é feito Alana Wayne. — Não tenho que provar nada para ninguém em Erwin! — declarei. — Eu sei. Mas adoraria que você mostrasse a aqueles ignorantes quem é você de verdade! — ela disse — Na verdade, o único medo que eu tenho é que você acabe caindo nos encantos de algum cowboy bonitão e não volte mais para New York! — Cowboy bonitão? — sorri ironicamente — Está confundindo Erwin com o Texas. — Ah não, eu já me informei sobre isso! — ela disse tirando um calendário da bolsa e me mostrando — Tem uns caipiras bem bonitos na sua cidade natal. O calendário era uma campanha de 2024, para arrecadar fundos para o hospital Unicoi County em Erwin. — Onde conseguiu isso? — questionei. — O Gregory. Eu pedi e ele conseguiu para mim. — ela sorriu — O meu favorito é o mister Julho. É um espetáculo. Não estava muito curiosa sobre isso, mas Ramona certamente me faria folhear o calendário de qualquer maneira, apenas segurei o calendário nas mãos e passei as fotos daqueles homens dos quais eu nem sequer me lembrava, até chegar ao mês de julho. Fui tomada pela surpresa ao ver o mister Julho. Um homem forte e bonito, de pele bronzeada pelo sol no campo e olhos azuis. Bem abaixo da foto estava sua identificação, Connor Mackenzie. Connor Mackenzie? O amigo de infância do Adam? Seria ele mesmo?