Naquela noite, Selena deitou-se com o caderno nas mãos. Começou a escrever. Talvez nunca enviasse aquelas palavras, mas precisava tirá-las de dentro de si.
“Flávio... Não sei por que ainda penso em você. Mas penso. E dói. Dói lembrar de como você me olhava, de como me fazia sentir forte. E depois... de como me expôs. Você quebrou algo dentro de mim. Algo que levei anos para construir. Não sei se posso voltar. Mas queria que você soubesse que, mesmo longe, nunca estive verdadeiramente livre de você. Sinto sua falta e se Alec for mesmo pai, sinto-me feliz por ele. De meus parabéns a ele e a Rita, eles merecem ser verdadeiramente felizes”
Ela não assinou. Fechou o caderno e adormeceu com ele no colo. Na mesma hora, Flávio, do outro lado da floresta, sentiu algo no peito. Como se uma porta tivesse se entreaberto.
E naquela noite, pela primeira vez desde que partiu, Selena respondeu.
Flávio estava lendo mais uma carta em voz baixa, quando sentiu algo diferente. Uma presença. Uma resposta.