Na manhã seguinte, foi Ian quem preparou o café da manhã. Ele observava cada reação de Diana com atenção.
— Meu amor, a noite sem você foi insuportável, mas ainda temos que aguentar por mais treze dias até eu finalmente me casar com você.
— É, só faltam treze dias. — Respondeu Diana, com o olhar sombrio e distante.
— Ian, pega uma torrada para mim! — Chamou Maia.
Ian pegou uma pequena torrada e, antes que pudesse entregá-la, Maia inclinou-se e mordeu diretamente da mão dele.
Ian imediatamente olhou para Diana e tentou se justificar:
— Não liga para a Maia. Você sabe como ela é, gosta de brincar.
Antes, Ian sempre mantinha uma distância respeitosa de outras mulheres, nunca permitindo que qualquer situação deixasse Diana desconfortável. Ele costumava ser tão cuidadoso... mas, pelo visto, Maia era a única exceção para esse limite.
— Não tem problema. — Respondeu Diana, sem sequer levantar os olhos.
Ian ficou surpreso com a reação dela e insistiu:
— Meu amor, você...
— Diana, você sabia como o Ian era antes? — Interrompeu Maia, com um olhar provocador. — Ele era um verdadeiro "coração de gelo", mas sempre fazia tudo o que eu pedia. Eu gostava de um prato? Ele aprendia a cozinhar. Ele lembrava até do meu ciclo menstrual e sabia me surpreender quando eu menos esperava...
Diana ouviu em silêncio, sentindo um nó apertar sua garganta. Ela finalmente entendeu: tudo aquilo que ela considerava as maiores virtudes de Ian, as coisas que ela mais amava nele, eram, na verdade, provas do amor que ele sentia por Maia.
— Maia, para com isso! — Ian a repreendeu, mas sua voz não tinha firmeza. Era mais um pedido do que uma ordem, um gesto de complacência e resignação.
Diana perdeu completamente o apetite. Ela se levantou, foi até o quarto, pegou alguns documentos e voltou. Quando saiu, Ian estava segurando o celular dela. Ele parecia confuso.
— O pessoal de Recursos Humanos acabou de ligar. Disseram que querem saber quando você vai entregar os documentos de transição. Diana, você não já tirou licença para o casamento? Por que ainda precisa resolver trabalho?
Para organizar o casamento, Diana tinha usado todas as suas férias acumuladas, conseguindo um mês inteiro de folga.
— Teve um pequeno erro, então preciso resolver isso pessoalmente. — Explicou Diana, com calma.
Ian não pensou muito no assunto:
— Está chovendo lá fora. Eu vou com você.
Diana segurou os documentos com mais força. Entre eles estavam os papéis do visto. Deixar Ian saber disso agora não fazia diferença. Ela nunca teve a intenção de esconder.
O caminho até a empresa foi silencioso, quase sufocante.
Ao chegarem ao prédio, Ian segurou o guarda-chuva, acompanhando Diana até a entrada. Ele estava distraído, respondendo mensagens no celular, claramente alheio à presença dela. Mas, mesmo assim, inclinava o guarda-chuva mais para o lado dela, protegendo-a completamente da chuva, como sempre fazia.
Era engraçado como algumas demonstrações de amor podiam ser apenas uma encenação.
Diana olhou para ele com frieza, enquanto pensava:
"Ian, Ian... só mais um pouco. Só mais um pouco e essa peça vai chegar ao fim."
Ao chegarem à recepção, a colega de Recursos Humanos veio ao encontro dela com um sorriso no rosto:
— Oi, Diana! Aqui estão os documentos do visto para a sua transferência ao exterior...