— A Maia caiu em casa... — Ian parou de repente, tão ansioso que nem conseguiu ouvir o que a colega de Recursos Humanos dizia. — Eu preciso voltar agora...
Antes mesmo de terminar a frase, Diana já tinha corrido para debaixo do beiral, enfrentando a chuva. Ela olhou para Ian com calma e disse:
— Pode ir.
Ian não esperava essa reação de Diana. Ele ficou parado, olhando fixamente para ela, e um desconforto inexplicável tomou conta de seu coração. Instintivamente, ele deu um passo à frente.
No instante seguinte, o celular de Ian tocou. Era Maia. Do outro lado da linha, ela soltou um gemido de dor, e, naquele momento, todas as dúvidas e preocupações de Ian desapareceram.
— Eu vou até lá agora. Espere por mim, eu volto para te buscar. — Disse Ian, apressado.
Antes, Diana teria acreditado cegamente nessas palavras, mas agora elas não tinham mais nenhum peso para ela.
Diana acompanhou a colega de Recursos Humanos para finalizar a entrega dos documentos e assinou oficialmente o contrato para a vaga no exterior. Quando voltou para casa, duas horas haviam se passado. Então, o celular dela tocou:
— Amor, surgiu um problema no trabalho. Não vou conseguir te buscar. Você pode pegar um táxi para voltar para casa?
Quase ao mesmo tempo, ela recebeu novas fotos no celular.
Nas imagens, Maia, que supostamente havia caído, estava de braços dados com Ian, passeando por uma loja de móveis como se fossem recém-casados.
Diana já esperava esse tipo de atitude. Com a voz indiferente, respondeu:
— Não tem problema. O trabalho sempre vem em primeiro lugar.
O riso de Maia podia ser ouvido ao fundo da ligação. Ian pareceu afastar o celular um pouco e demorou alguns segundos antes de continuar:
— Me avisa quando chegar em casa, tá? Senão vou ficar preocupado...
Dessa vez, Diana não esperou ele terminar. Ela encerrou a chamada e salvou todas as fotos no celular. Depois, colocou o aparelho de lado e começou a arrumar suas coisas.
Nos últimos cinco anos, Ian havia enchido o quarto dela com presentes. Diana tirou fotos de cada um deles e colocou as fotos à venda em um site de itens usados.
Por fim, sobrou apenas um anel. Era o presente de aniversário de um ano de namoro, algo que Ian havia feito com as próprias mãos. Diana passou os dedos pelo aro já amarelado pelo tempo. Sob a luz do abajur, os dois pequenos iniciais gravados na parte interna ficaram visíveis:
[D B]
No entanto, no ponto de conexão do anel, havia outras letras, mais apagadas:
[M C]. As iniciais de Maia.
Agora, tudo fazia sentido. Esse anel, que Diana tinha guardado como um tesouro por tanto tempo, era apenas outro golpe que Ian havia dado nela, como se fosse um bastão que atravessou os anos para atingi-la diretamente no coração.
Que piada de mau gosto. Até mesmo os presentes dele nunca foram realmente para ela. Sem hesitar, Diana jogou o anel no lixo.
Nos dias seguintes, Ian ficou ocupado acompanhando Maia para mobiliar a casa onde ele e Diana deveriam morar juntos. Enquanto isso, os pertences de Diana iam desaparecendo pouco a pouco daquela casa.
Faltavam apenas oito dias para o casamento.
Quando Diana voltou para casa, depois de resolver os papéis do visto, encontrou Ian e Maia sentados na sala escolhendo convites de casamento.
Maia a chamou, com o tom de quem já se sentia a dona da casa:
— Vem cá, Diana, dá uma olhada nesses convites. O que você acha?
Espalhados pelo sofá estavam os convites que Diana havia passado dias escolhendo com cuidado. Ela queria que cada detalhe do casamento fosse perfeito.
— Não precisa. — Respondeu Diana, indo diretamente para o quarto.
No final, nenhum daqueles convites seria usado no casamento dela.
Mais tarde, Maia bateu na porta do quarto de Diana com um sorriso no rosto:
— Esse aqui foi o convite que o Ian escolheu. Você sabe por que ele escolheu esse?
Diana pegou o convite e o abriu. O nome do noivo estava escrito com a caligrafia de Ian, mas o nome da noiva era Maia.
— Foi ele quem escolheu o meu vestido de noiva, o hotel onde será a cerimônia, e até esse convite... — Maia sorriu com um ar de superioridade. — Dá para dizer que tudo nesse casamento foi feito para mim. E você ainda quer se casar com ele? Não acha isso patético?