Ela sabe. Este é o dom de toda pessoa aventureira: a capacidade absurda de observação. Ela sabia que não estava conversando com um padre da diocese. Todavia, não posso deixar de me perguntar em que momento ela descobriu que era eu, o suposto Bruce Campbell, dentro do confessionário.
– Eu não sei do que a senhorita está falando – minto.
– Meu pai contratou você para me vigiar?
Ela dá um passo à frente. Sua aproximação me permite sentir seu perfume. Não é inovador, mas é doce e feminino. Eu confesso que esperava algo mais marcante vindo de Angelic, mas não estou necessariamente desapontado.
– Talvez – respondo, depois bebo um gole de água.
– Se eu fizer alguma besteira, você vai correr para contar para ele?
– Se você fizer alguma besteira, como eu ficarei sabendo?
– Eu pensei que você fosse deus – ela ergue uma sobrancelha, sarcástica, e o sarcasmo é a forma mais medíocre de humor.
– Você quer saber se estou sendo pago para vigiar você? Tente a sorte. Faça alguma besteira – desafio.
Vej