Florence só consegue parar quando o rosto de Hugo se torna irreconhecível, uma massa disforme de sangue e ossos quebrados. O castiçal escorrega de seus dedos manchados de vermelho, caindo no chão com um som oco. Seu corpo, exausto, despenca de cima dele, os pulmões arfando em um ritmo descompassado.
Por alguns segundos, tudo ao redor parece se dissolver. O cheiro metálico do sangue preenche o ar pesado, misturado ao suor frio que escorre por sua pele. Ela ergue as mãos diante do próprio rosto, os dedos sujos, tingidos de sangue. E então, como um choque elétrico percorrendo seu corpo, a realidade a atinge.
Ela engatinha pelo chão coberto de destroços, os joelhos arranhando-se no piso áspero, até alcançar a porta. Encosta-se nela, o coração martelando contra o peito, a respiração ainda irregular. Seus olhos se fixam no corpo sem vida estirado no chão, em meio à poça de sangue que lentamente se espalha.
E então, algo dentro dela grita. Mas o som que escapa de seus lábios não é um lamento