AYIANAA visita não foi boa.Marjorie mal disse uma frase, olhando o tempo todo olhando para as mãos. Icarus disse que sua neta,a garotinha, estava com Caleb e os outros, porque Marjorie não estava bem.A brisa fresca da noite tocava minha pele enquanto caminhávamos de volta para a tenda. O som da minha respiração se misturava ao silêncio denso ao redor. Icarus estava ao meu lado, mas existia uma distância exagerada entre nós, algo tinha mudado em seu semblante desde que o encontrei mais cedo. Ele parecia com raiva. — O que você disse antes, sobre eu preferir a companhia de Maxim...— Fique quieta.— ele rosnou, parando na minha frente. Bati a testa nas suas costas e mordi a língua.Urgh.—Que diabos, não precisa ficar todo irritado.— Pare de falar.Estreitei os olhos.— Não seja um idiota.— resmunguei, puxando sua orelha. Ele gemeu e me olhou feio,puxando minha mão até que meu corpo estivesse na frente do dele, minhas costas contra seu peito. — Você não consegue receber uma ordem,n
AIYANAEu estava prestes a perguntar mais alguma coisa quando Icarus se virou abruptamente e agarrou um casaco. Eu o olhei com desconfiança. Não era meu. Tinha um cheiro diferente também, mais forte, mais masculino.— Coloque. — Ele disse, sua voz agora mais ríspida, quase um comando.— Não é meu — murmurei, observando o casaco com resistência.— Coloque logo. — Ele resmungou, claramente irritado. Sua expressão estava fechada, os olhos não encontrando os meus. Parecia que ele queria apenas me tirar dali.Eu hesitei, ainda olhando para o casaco. Não queria, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim sabia que precisava faze
AIYANAEstávamos prestes a sair da tenda quando Icarus agarrou minha mão de novo. Seus dedos estavam firmes, mas não cruéis, como se ele estivesse tentando segurar não só minha mão, mas também o pouco de controle que ainda restava me restava.Foi quando a aba da tenda se abriu.— Vó... — sussurrei, os olhos se enchendo de lágrimas.Os cabelos prateados estavam desalinhados e seu vestido tinha manchas escuras no tecido, sangue, ou talvez lama. Mas não importava.Ela se aproximou e envolveu meu rosto entre as mãos, sua pele áspera contra a minha, calorosa e firme como um casulo.— Vocês precisam ir. Agora. Eles estão vindo. — Sua voz era um sussurro, mas carregada de urgência.&mda
AIYANAO dia amanheceu em tons dourados e rosados, mas a tensão no ar parecia tingi-lo de algo mais sombrio. O grande evento da noite lançava uma sombra sobre cada olhar e gesto da minha prima e tia, elas estavam reluzentes e tentei ficar minimamente feliz por elas.A aldeia estava em alvoroço desde cedo. As amigas de Isabela entravam e saíam do pequeno quarto de madeira, carregando vestidos, bijuterias brilhantes e potes de unguentos perfumados. O cheiro adocicado de jasmim e baunilha impregnava o ar, tornando tudo ainda mais sufocante. Eu me encostei no batente da porta, observando minha prima sentada diante de um espelho rachado, sorrindo de forma presunçosa enquanto uma de suas amigas trançava seu cabelo negro e sedoso, que descia como um rio escuro até sua cintura. Cada movimento dela era preciso, ensaiado. Ela sempre soube como cativar a atenção de uma sala inteira, e hoje não seria diferente.— Você está especialmente pensativa hoje, Aiyana. — A voz de Isabela tinha um tom quas
AIYANAA sensação de calor no peito, aquele fogo incontrolável que dançava dentro de mim, ainda estava lá, como se a chama ancestral tivesse se enraizado em meu corpo. Mas o que antes parecia ser um privilégio agora só me trazia agonia.A cada passo que dava, sentia os olhares da alcateia pesando sobre mim, frios, duros, implacáveis. O desprezo estampado em seus rostos me cortava mais do que qualquer palavra. Eles me viam como uma intrusa, uma ameaça. Não pertencente a eles. E, se já não fosse suficiente, eu tinha que enfrentar o ódio de Isabela e a rejeição estampada no olhar de Maxim.Isabela se aproximou com um sorriso venenoso nos lábios, seus olhos brilhando com um ódio latente. Eu podia quase sentir a tensão pulsando no ar.— Você realmente acha que pode simplesmente ser a "escolhida", Aiyana? — disse ela, a voz baixa e cortante, quase como se quisesse me ferir com cada sílaba. — Sua mãe era uma bruxa, e agora você acha que a chama te escolheu por acaso? Não engula essa mentira.
AIYANAO amanhecer estava perto de chegar, mas eu já estava de volta à beira da floresta, caminhando devagar. Meu corpo cansado ainda sentia os efeitos da noite mal dormida, e minha mente estava um turbilhão. A caverna onde passei a noite, embora já fosse um lugar familiar para mim, não me trouxe a paz que eu procurava. Dormir na floresta já não era tão fácil quanto antes. As árvores começaram a clarear com os primeiros raios de sol, mas o ar ainda estava frio, e eu sentia meu corpo arrepiado, não só pela temperatura, mas também pela inquietação. Meu coração batia mais rápido a cada passo que dava em direção à aldeia. Eu não sabia o que iria enfrentar lá, mas sabia que não podia continuar fugindo. Eu precisava voltar.De repente, alguém me pegou pela cintura, puxando-me com força para fora da trilha. Antes que pudesse reagir, uma mão cobriu minha boca, abafando meu grito. Meu corpo entrou em pânico, mas não pude fazer mais nada além de tentar me soltar. Estava sendo arrastada, forçad
AIYANAUma batida suave na porta me acordou, e eu levantei a cabeça, atordoada e ainda com a sensação de que a noite inteira tinha sido uma luta. A batida se repetiu, mais firme desta vez.Já se passou um ano desde que a chama revelou que Maxim e eu somos companheiros destinados, e as coisas só pioraram. Isabela se tornou mais cruel a cada dia, e ela fazia questão de transformar cada minuto que eu passava perto dela em um inferno. Não havia um só momento em que ela não fizesse questão de esfregar na minha cara o quanto ela e Maxim estavam juntos e felizes, com toques constantes e beijos sempre visíveis ou quando ela o fazia dizer que a amava. Ele, por sua vez, me ignorava na maior parte das vezes, mas não fazia nada para impedir Isabela em seus ataques maldosos.Às vezes, eu sentia o olhar dele. Um olhar que parecia me atravessar, e por um breve momento, eu via algo ali. Mas era tão efêmero, tão pequeno, que logo desaparecia. Maxim continuava distante, implacável, como se eu fosse ins
AIYANAA música pulsa no salão, a batida vibrando no meu peito enquanto giro ao lado de Alyssa. As luzes coloridas refletem no vestido rosa brilhante dela, e por um momento, me sinto leve. O vestido verde floresta molda-se ao meu corpo, valorizando minhas curvas, e o decote ousado me faz sentir poderosa. Nunca me senti bem dançando, mas prometi à vovó que me divertiria, então estou tentando. E, de certa forma, está funcionando.Até que uma sensação quente percorre minha espinha, um arrepio que nada tem a ver com a música ou com a pista de dança lotada. É um olhar. O olhar. Não preciso ver para saber que é Maxim.O fogo daquele olhar queima minha pele como um chamado que me recuso a atender. Ele está aqui. Em algum canto do salão, observando-me. Alyssa puxa minha mão, rindo animada.— Dois gatos a caminho, e um deles está olhando direto para você!— Quê? — arqueio a sobrancelha, mas antes que eu possa reagir, os veteranos já estão aqui.Um deles, alto, cabelos castanhos desarrumados e