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. Juliana narrando 

 

O final de semana passou tão rápido e eu levo um susto quando vejo o despertador tocar. Meu pai não veio para casa no final de semana e torcia para que ele tivesse em casa agora de manhã. Eu amava meu pai muito e por isso seria muito difícil eu abandonar ele, ele era tudo na minha vida, era tudo oque eu tinha.

 

- Oi pai - Eu falo assim que vejo ele e sinto um alívio por dentro.

 

- Bom dia - Ele responde meio seco e cheirando a cachaça.

 

- Já tomou café? - Eu pergunto para ele preocupada .

 

- Ainda não  - Ele responde olhando para o nada.

 

- Quer que eu arrume alguma coisa para o senhor comer? - Eu pergunto ficando na sua frente.

 

- Não precisa - Ele responde se levantando e passando por mim sem dizer nada.

 

Abro a porta e levo um susto quando vejo um vapor na frente da minha casa.

 

- Ó tem aviso aqui para tu - Yuri diz me entregando um papel.

 

- Oque é isso? - Eu pergunto.

 

- Aviso de aluguel atrasado. Já tá vencendo o próximo e precisa acertar isso aí, se não quem vai cobrar é o chef.

 

- Mas tá pago Yuri. Eu paguei.

 

- Pagou não. Quem recebe sou eu . - Ele diz me olhando sério.

 

- Eu dei o dinheiro para o meu pai pagar - Eu falo lembrando do dia que entreguei o dinheiro para ele.

 

- Então quem recebeu foi o dono do bar - Ele fala me olhando - Olha teu prazo tá acabando é melhor tu desenrolar a grana ai.  - Ele diz saindo.

 

Ele deve ter gasto com bebida.

 

Pensei em voltar para dentro de casa e perguntar para ele porque esse aviso, mas resolvo ir trabalhar se não iria chegar atrasada, esse mês eu teria que me programar para pagar dois meses.

 

Oque eu ganhava era pouco para pagar tudo sozinha, eu não sei como eu ainda acreditava nele e entregava o dinheiro para ele pagar o aluguel, ele não conseguia se controlar mais, estava em um caminho sem volta.

 

- Bom dia - Eu falo assim que entro dentro da loja e vejo que a dona Ana estava com uma cara fechada e Rafaela também.

 

- Juliana será que podemos conversar? - Ana pergunta - Là no meu escritório. 

 

 

-Claro - Eu acompanho ela até o escritório - Eu fiz alguma coisa de errado Ana? - Pergunto numa esperança de ser apenas uma bronca.

 

- Então minha querida , a loja está vendendo muito pouco e eu vou precisar te demitir - Eu paraliso e olho para ela - Eu sinto muito, aqui está o seu pagamento, estamos reduzindo o pessoal e vou deixar apenas dois mais antigos, eu sinto muito Juliana.

 

- Tudo bem - Eu falo -Obrigada.

 

Encontro Rafaela lá fora me esperando e pelo jeito ela também tinha sido demitida.

 

- Corte de gasto? - Rafaela pergunta.

 

- Sim - Eu respondo para ela - E agora?

 

- Podemos tentar alguma coisa em shopping - Ela fala.

 

- Eles não dão trabalho para quem mota no morro - Eu falo para ela. - Esqueceu a onde moramos? Na rocinha Rafaela.

 

- Preconceito de merda - Ela fala.

 

- Mas você sabe que é assim que acontece  - Eu suspiro - Pelo menos oque eu tenho aqui eu consigo pagar os dois aluguéis.

 

- Dois aluguéis? como assim Juliana - Rafaela me olha espantada - Você paga tudo certinho.

 

- Mês passado eu dei para o meu pai o dinheiro e acredita ele gastou - Eu falo dando uma risada forçada - Advinha com oque? Hoje Yuri foi lá me cobrar.

 

- Você deveria usar esse dinheiro para sair do morro - Ela fala - Deixa ele lá se afundar sozinho.

 

- Não posso fazer isso ele é meu pai Rafaela  - Eu falo para ela e ela suspira e não diz mais nada.

 

Rafaela resolveu tentar ir até o shopping para arrumar um emprego e eu volto para o morro para pensar oque eu iria fazer. Tentar algo no morro? Poderia ser uma solução. 

 

Estava chegando na entrada do morro quando vejo uns cara armado falando com os vapores ali.

 

- Ei  - Sinto alguém me chamar , eu me viro vendo que era Yuri.

 

- Oi - Eu falo encarando. 

 

- Essa é a filha do Thiago. - Ele fala apontando para mim. - Eles querem desenrolar com teu pai mas ninguém consegue achar o velho.

 

- Quem são vocês? - Eu pergunto olhando para eles.

 

- Teu pai tem uma dívida comigo - O cara barbudo e alto com cara feia me olha - Eu quero meu dinheiro, tu vai m****r aquele velho descer e me pegar agora.

 

- Eu não sei se ele está em casa. Que dinheiro é esse que ele deve para você?- Eu pergunto querendo entender.

 

- Sobe lá em cima e manda aquele velho descer, porque eu quero meu dinheiro se não. - Ele pega a arma na mão. - Já era para eu ter resolvido isso mas eles não estão deixando eu subir.

 

- Quando ele deve? - Eu pergunto.

 

- Eu só negócio com o teu pai - Ele me olha e eu encaro ele.

 

- A gente já disse que o velho não tá na casa - Yuri fala. - Sobe Juliana e se você achar seu pai manda ele descer.

 

- Eu sei a onde tu trabalha mocinha, se eu não achar teu pai, eu cobro de você. - O cara grita em quanto eu subia.

 

Eu subo aquelas escadarias à mil, chego em casa sem fôlego mas quando entro dentro de casa não encontro meu pai em lugar nenhum. A onde o meu pai tinha se metido?

 

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