JADE
Às vezes, viver dói.
Não no corpo. Mas na alma.
Dói quando você se esforça, luta, engole humilhação... e mesmo assim, vê tudo ruindo.
Quando cheguei em casa com o Joaquim, depois daquele dia na escola, eu só queria um banho quente e alguns minutos de silêncio.
Mas a dor não espera.
Ela chega sem avisar. E destrói tudo.
Sentei na sala. Meu coração ainda pesado com tudo.
Joaquim subiu pro quarto quieto, com o peso do mundo nas costas.
E minha mãe veio até mim.
Flávia: — Filha… por que o Joaquim chegou tão cedo?
Eu sorri. Um sorriso forçado, mecânico.
Jade: — A professora dele faltou. Só isso, mãe.
Mentir pra ela virou um hábito.
Mentir pra não fazê-la sofrer.
Flávia: — E o trabalho? Você já tá atrasada, filha…
Jade: — Não tem apresentação hoje. A boate tá fechada.
Ela me olhou com aquele olhar cansado.
Cheio de amor. Cheio de dor.
Flávia: — Eu odeio te ver naquele lugar.
Se eu pudesse, trabalhava por você…
Jade: — Já trabalhou demais, mãe.
Você segurou tudo quando aquele covarde no