Virei-me para encontrar os olhos verde-escuros de Lucian, que se aguçaram com suspeita, e exibi meu sorriso gentil de sempre.
— Ah, eu só estava conversando com uma amiga sobre uma das famílias da costa oeste. O Don traiu a esposa, e agora ela está pedindo o divórcio e uma parte dos bens.
Se ele amava tanto atuar, eu participaria da peça.
O olhar de Lucian era penetrante, percorrendo meu rosto em busca de qualquer microexpressão que o denunciasse.
Só depois de confirmar que não havia nada de estranho, seus ombros tensos relaxaram lentamente.
Sua mão grande e cheia de cicatrizes deslizou pela minha cintura, enquanto ele depositava um leve beijo na minha têmpora.
— Que idiota. Trair a própria mulher é o mesmo que trair o próprio trono.
— Minha rainha, esse tipo de coisa jamais acontecerá em nossa Família.
Olhei para seus olhos profundos como um abismo e sorri suavemente.
— Mas e se acontecesse?
— Por exemplo...
— Eleonora, não existe "e se". — Lucian me interrompeu imediatamente. — Eu, Lucian Marino, juro pela honra e pelo sangue da família Marino: nunca a trairei.
— Claro. Eu só estava falando hipoteticamente.
Lucian ficou em silêncio por um momento, depois roçou o maxilar áspero contra a minha bochecha, num gesto quase carinhoso.
Era estranho.
Enquanto mantinha um caso com a minha irmã, ele exibia uma possessividade intensa, sufocante, em relação a mim.
— Então que meu castigo seja jamais poder encontrá-la novamente.
— Você sabe, Eleonora, você é minha vida. Sem você, eu iria para o inferno de qualquer forma.
Não respondi, apenas me desvencilhei gentilmente do abraço dele.
Em três dias, eu deixaria aquele mesmo abraço que um dia desejei tanto.
Lucian, o castigo que você acabou de prometer está prestes a se cumprir.
Ele ia dizer algo mais quando uma voz interrompeu:
— Don, está tudo pronto.
Lucian assentiu, um sorriso misterioso surgindo em seus lábios, e segurou minha mão, guiando-me até a beira do terraço.
De repente, cobriu meus olhos e sussurrou em meu ouvido:
— Meu amor, tenho um presente especial para você.
— Cinco, quatro, três...
No instante em que a contagem terminou, ele tirou as mãos dos meus olhos.
A cena diante de mim era de tirar o fôlego.
Ele havia reservado todo o porto particular, onde centenas de drones dançavam pelo céu noturno.
As luzes piscantes, pouco a pouco, formaram o meu nome:
Eleonora.
Lucian me envolveu por trás, a voz tão suave quanto sempre.
— Minha querida, estamos casados há sete anos. Mas cada dia ao seu lado ainda parece tão maravilhoso quanto o dia em que nos conhecemos.
Olhei para as letras cintilantes no céu e senti como se estivesse vivendo outra vida.
Sim, sete anos.
Da princesa inocente da família Vettori à Donna da família Marino.
Esses sete anos me mudaram completamente.
O suficiente para transformar amor profundo em traição e votos em mentiras.
Lucian me virou para encará-lo, os olhos verde-escuros fixos em mim, tão intensos que pareciam me derreter.
— Sete anos… e a cada ano eu quis te dar o melhor. — Ele se inclinou lentamente para me beijar.
Se eu não tivesse ouvido ele e Sophia gemendo no escritório ontem, talvez me deixasse enganar por essa atuação digna de um Oscar até o dia da minha morte.
Mas, antes que seus lábios tocassem os meus, o telefone dele vibrou.
Um lampejo de irritação cruzou seu rosto por ter sido interrompido, uma expressão que eu conhecia bem.
Ótimo. Assim eu não precisaria inventar uma desculpa para escapar.
— Droga. Dei ordens claras de que ninguém deveria nos incomodar esta noite. Quero saber qual idiota ousou desobedecer.
Mas, ao ver o identificador de chamada, sua expressão mudou instantaneamente.
Olhei de relance para a tela e vi: "Meu pequeno canário."
Eu sabia que era Sophia.
Lucian pigarreou e, disfarçadamente, virou o telefone para longe, passando o dedo rapidamente pela tela.
Vi claramente o brilho de pânico e desejo cru em seus olhos.
Como esperado, no segundo seguinte ele se virou para mim, ostentando uma expressão de culpa perfeitamente encenada.
— O que foi? — Perguntei casualmente, cravando as unhas nas palmas das mãos.
A verdade era óbvia, mas, ainda assim, uma parte de mim esperava que, dessa vez, ele escolhesse a mim.
— É um assunto urgente da família. — Guardou o celular, o olhar cheio de falsa culpa. — Amor, talvez eu precise sair por um tempo.
— Agora?
— Sinto muito. Sei que esta noite é importante, mas isso realmente não pode esperar.
Ele beijou minha testa.
— Vá para o quarto e descanse. Assim que eu terminar, volto para ficar com você.
— Entendo. Os negócios da família vêm sempre em primeiro lugar. — Assenti, fingindo a obediência da esposa perfeita.
Ao ouvir minha resposta, Lucian pareceu aliviado.
Me deu um abraço rápido e saiu apressado.
Fiquei no terraço, observando o comboio de carros passar pelos portões da mansão.
Quando as luzes traseiras desapareceram completamente, virei-me e caminhei em direção à garagem.
Já que ele tinha um "assunto urgente" a resolver, decidi que seria bom verificar pessoalmente o quão urgente ele realmente era.
Liguei o motor e segui silenciosamente o comboio.