Capítulo 4

Noely Sartori

— Ok... — Desvio dos seus olhos.

— Acho que nos daremos muito bem, Srta. Noely. — Ele sorri, e eu volto a fitá-lo.

— Talvez sim, o senhor é bem objetivo com as coisas.

— Eu tenho um prazo de três meses, preciso ser.

— E posso perguntar o motivo? Já perguntando...

— Pretendo me aposentar e curtir a vida, isso responde?

— A-Aposentar com trinta anos?

— Olha, andou pesquisando sobre mim?

Mordo o lábio, envergonhada.

Que droga, ele foi rápido nessa.

— Eu li a sua idade em algum daqueles papéis. 

— Hum..., mas não tem uma semana que estou na empresa.

— Ah, eu... enfim, o senhor vai se aposentar.

Ele volta a sorrir, bem diferente do chefe que invadiu a minha sala agora há pouco.

— Eu tenho uma outra vida fora do Brasil, só estou aqui para evitar a falência dos negócios da minha família, por mais que eu não ligue se isso acontecer. 

— Então, não está nem aí para a empresa? 

— Eu estou, esse prazo foi o que dei para mim.

— Entendi, tenho três meses para também garantir o meu emprego, assim como o de outras cento e quarenta pessoas. Adoro desafios difíceis, Sr. Carter.

— Adora? 

— Sim... — Dou dois passos para trás, desviando pela segunda vez dos seus olhos. — Vou voltar ao meu trabalho, tenho muito o que analisar. Com licença, senhor.

— Até segunda-feira, Srta. Noely.

Ele me observa, até eu fechar a porta e paralisar atrás dela.

Deus do céu, qual foi a última vez que um ser humano me deixou tão desconcertada? 

No fim, até que ele não é um chefe ruim. Só preciso me acostumar com esse jeito intimidante dele, principalmente, me acostumar com a sua beleza. Creio que daqui a pouco ficará tudo normal. 

Depois de sair da sala do meu chefe, não o vi mais. Continuei trabalhando no meu cubículo, até dar a hora de ir embora. Já desço no térreo, juntamente com umas cinquenta pessoas, doidas para chegarem em suas casas.

Eu vou direto para o barzinho que combinei com a Darla. 

Ela já estava à minha espera, tomando uma cerveja gelada.

— Até que enfim, prima! — exclamo e sento-me na cadeira, jogando a bolsa do outro lado.

— Eu que tenho que dizer até que enfim. Que tipo de empresa é essa que te contrata em um dia e no outro já exige que você comece a trabalhar igual condenada?

— Nem me diga. Mas tudo bem, foi importante eu ir hoje, tive uma boa introdução sobre o passado administrativo deles.

— Em pleno sábado? Sacanagem, viu.

— Fiquei irritada com isso também.

— Mas e aí, disse por mensagem que o seu chefe era um gato.

Ela vira metade da cerveja no meu copo. Está toda sorridente.

— Eu não disse que ele era um gato, só bonito e bem exigente. 

— Pesquisei a rede social dele, é um gostoso com G maiúsculo. Não sei como vai aguentar trabalhar com um homem desse.

— No meu último emprego também tinha homens bonitos, de terno e gravata. Já estou acostumada.

— Não me acostumaria nunca. Você é sortuda.

— Sortuda? Tenho três meses para reerguer aquela empresa do fundo do poço, junto com o Sr. Carter. 

— E por que desse prazo?

— Nem eu entendi direito, só sei que existe esse prazo.

— Nossa, é muito trabalho, não quero te desanimar, mas é difícil apagar todas essas polêmicas da empresa em menos de três meses, ainda a reerguer.

— Espero que consiga, já botei esse objetivo na minha mente.

Bebo da minha cerveja, extasiada com o sabor geladinho, delicioso.

— Acho que esse Carter, o novo CEO, não está ligando muito se a empresa feche as portas ou não.

— Não, ele está se importando sim, pois foi bem exigente comigo... ou talvez esteja certa, não sei.

— Pelo que me contou agorinha, ele pode ter assumido a empresa por pressão da família.

— É difícil dizer, eu comecei hoje e não conheço a vida pessoal desse homem. Espero descobrir algumas coisas enquanto trabalho lá.

— E se descobrir, vai contar para a sua querida prima, pois eu sou curiosa.

— E pra quem mais eu contaria? — Pisco e sorrimos.

Aproveitamos mais um pouco da noite no bar, eu nem tanto, só bebo um copinho de cerveja mesmo, em seguida, deixo a Darla na sua casa e vou para a minha, para voltar a trabalhar em cima daqueles papéis.

No domingo, também fico debruçada no computador, estudando estratégias para apresentar ao Sr. Carter. Contudo, vou esperá-lo colocar em prática o que propus ontem. Darei três semanas para analisar se a empresa terá algum retorno significativo. 

— Bom dia, filha, vai sair sem tomar o café?

— Acordei mais cedo e já tomei, já vou. Te amo. — Beijo o rosto da minha mãe, despedindo-me com rapidez.

Estou ansiosa. Hoje quero andar pelos setores e conhecer mais dos funcionários, isso, depois de ver o meu chefe.

Entro no carro e dirijo até ELW. Chego, passo o crachá e subo para o último andar. Não encontro ninguém, nem mesmo a secretária. Fico no meu escritório, estudando um pouco do financeiro. Quando ouço vozes, saio da sala e dou de cara com um homem alto, moreno e de olhos claros. Ele está vindo na minha direção.

— Olá, bom dia. — Ele sorri, observando-me atentamente.

— Bom dia...

— Deve ser a nova conselheira da empresa. Eu sou o Breno, irmão do Carter.

— Eu sou a Noely. Prazer, Sr. Breno.

— O prazer é todo meu em conhecê-la, seja bem-vinda, espero que nos ajude muito com os seus conhecimentos, principalmente, para aconselhar o meu irmão. 

— Eu farei o possível para fazer o meu trabalho.

— Não tenho dúvidas disso...

O sr. Breno continua me olhando atentamente, como se eu fosse um bicho diferente, que ele nunca viu na vida.

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