O som dos pneus sobre a estrada de pedra ecoava suavemente enquanto o carro preto se aproximava do palácio da Matilha real. Depois de dias intensos na Alcateia da Rocha do Norte, Lucian e Selena suspiraram aliviados ao verem os portões principais. O ambiente familiar trazia certo conforto, mesmo que a tensão do que haviam vivido ainda pairasse entre eles. Assim que o carro atravessou os portões de ferro, Celeste e Rylan estavam lá para recebê-los. Antes que o veículo estacionasse por completo, Lucy e Luke saíram correndo pela entrada do palácio. — Mamãe! Papai! — gritaram em uníssono, se lançando nos braços dos pais assim que desceram do carro. Selena se abaixou e os envolveu num abraço apertado, beijando os cabelos de ambos. — Estava com tantas saudades de vocês... Lucian se agachou ao lado, passando os braços ao redor dos filhos. — Fomos fortes, mas não foi fácil longe de vocês. Foram bons com a tia Celeste? — Fomos! Mas o tio Rylan não deixou a gente comer mais de dua
O dia seguinte à reunião emergencial com o Conselho dos Anciãos nasceu com uma estranha tensão no ar. O sol ainda não havia surgido por completo quando o caos tomou a Matilha da Lua Escarlate.Gritos. Cheiro de sangue. Corpos tombando um a um na fronteira.Renegados em grande número cruzaram os limites do território, destruindo parte das defesas e abatendo os guerreiros da patrulha noturna. A destruição foi rápida e brutal. Casas foram quebradas, crianças precisaram ser escondidas, e mesmo com os esforços desesperados dos defensores, parte do território foi invadida.Luna Helena, a matriarca, lutava para proteger um grupo de filhotes escondidos perto da floresta quando foi surpreendida por três renegados. Ela lutou com bravura e feriu dois deles, mas sofreu ataques profundos antes que reforços chegassem. Ela caiu desacordada nos braços da filha Isla, que havia chegado com Kael logo após o ataque.Enquanto isso, no Palácio Real…Selena despertou de um pesadelo ofegante, com os olhos ma
Três dias haviam se passado desde o ataque à Matilha da Lua Escarlate, e o cenário ainda era de dor e incertezas. Os corpos dos renegados haviam sido queimados, mas ninguém sabia quem os comandava. A ameaça permanecia invisível, pairando como uma sombra silenciosa sobre todos.Luna Helena continuava desacordada na enfermaria, e seu estado delicado mantinha Selena em constante vigília. Ela recusava-se a sair do lado da mãe, seus olhos inchados pelo cansaço e pelas lágrimas silenciosas.Lucian, preocupado com a segurança e bem-estar da família, retornou à Matilha Real apenas para buscar as crianças. Sentia que, com tudo o que estava acontecendo, era melhor tê-las por perto — mais seguros, mais próximos, mais unidos. Luke e Lucy foram recebidos com carinho pela antiga babá, uma ômega bondosa que havia cuidado deles quando ainda eram recém-nascidos, nos tempos tranquilos da Lua Escarlate. Apesar da dor que pairava sobre todos, ela se emocionou ao rever os pequenos, cui
O bar estava lotado como sempre. Erin deslizava entre as mesas, equilibrando bandejas cheias de cerveja, ouvindo as risadas roucas e os comentários sussurrados dos clientes. O cheiro de álcool, fumaça e algo mais — algo selvagem — impregnava o ar. Ela se acostumara com isso. Trabalhar em um bar de lobisomens não era para qualquer um, mas Erin não conhecia outro lar.Então, ela sentiu.O olhar.Forte, intenso, queimando sua pele como fogo.Ela se virou, o coração batendo rápido. Encostado no balcão, um homem a observava com uma atenção que a deixou sem ar.Ele era alto, de ombros largos, a sombra da barba marcando seu maxilar. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre sua testa, e seus olhos dourados pareciam brilhantes demais sob as luzes fracas do bar. Um uísque repousava em sua mão, intocado.Mas ele só olhava para ela.Erin tentou ignorar. Continuou atendendo, rindo de piadas sem graça, desviando de clientes embriagados. Mas sempre que olhava para o balcão, lá estava ele.Na terc
O sol ainda não havia surgido completamente quando Erin abriu os olhos.Por um momento, ela não reconheceu onde estava. Lençóis macios, um colchão absurdamente confortável, um aroma amadeirado e masculino preenchendo o ar. Então, a memória da noite passada a atingiu como um raio.Lucian.Ela virou a cabeça devagar e viu o homem dormindo ao seu lado. Mesmo adormecido, ele exalava poder. O lençol cobria parte de seu corpo, mas ela podia ver os músculos definidos, os traços fortes, a pele quente contra a luz fraca do amanhecer.Seu coração acelerou.O que diabos ela tinha feito?Uma onda de pânico tomou conta dela. Ela nunca tinha feito algo assim. Passara a vida toda se protegendo, construindo barreiras para que ninguém se aproximasse. E agora… havia se entregado a um estranho.Um estranho que, claramente, era rico.Seus olhos percorreram o quarto luxuoso. O lustre no teto, os móveis de design sofisticado, a vista imponente da cidade. Ele não era um lobo comum. Não era um cliente qualqu
Rylan e Caden estavam sentados na luxuosa sala de estar da suíte do hotel, observando o rei com cautela.Lucian andava de um lado para o outro, visivelmente irritado.— Então… — Rylan começou, escolhendo as palavras com cuidado. — Quem é Erin?Lucian parou e lançou um olhar afiado para ele.— Isso não é da sua conta.Caden trocou um olhar rápido com Rylan antes de tentar outra abordagem.— Certo, mas… você quer que a encontremos. Isso significa que ela é importante. Só precisamos entender o quão importante.Lucian passou a mão pelos cabelos e respirou fundo, controlando a frustração.— Eu não sei quem ela é. Mas… ela é minha.Rylan e Caden franziram a testa ao mesmo tempo.— Sua… como? — Rylan perguntou, cruzando os braços.Lucian não respondeu de imediato. O silêncio prolongado apenas aumentou a tensão no ar.— Apenas encontrem-na — ele ordenou, a voz firme, deixando claro que não havia mais espaço para perguntas.Os dois assentiram, sabendo que o rei raramente ficava tão perturbado
Erin sentia sua mente girar.O silêncio no quarto era quase palpável enquanto ela absorvia o que acabara de ouvir.— Você… está dizendo que sou sua irmã? — sua voz saiu hesitante, como se o simples ato de falar as palavras tornasse tudo mais real.Celeste assentiu, seus olhos brilhando com emoção.— Não apenas minha irmã… minha irmã gêmea.O coração de Erin martelava em seu peito.— E você é minha mãe? — Ela olhou para Helena, que sorriu suavemente, com os olhos marejados.— Sim, minha querida. Você é minha filha.Isla, a mais nova, se aproximou com um sorriso caloroso.— E eu sou sua irmã caçula.Erin piscou algumas vezes, tentando processar tudo. Por anos, ela se perguntou quem eram seus pais, de onde veio… e agora, a verdade estava bem diante dela.Helena suspirou e pegou a mão de Erin com delicadeza.— Vou te contar tudo.Ela respirou fundo antes de continuar.— Quando você e Celeste tinham quatro anos, houve uma guerra. Nossa matilha, a Matilha da Lua Escarlate, foi chamada para
Lucian sentou-se na cabeceira da grande mesa do conselho, entediado antes mesmo da reunião começar.O salão da Matilha Real estava repleto de anciões e líderes de matilhas menores que vieram para a reunião anual. Ele já sabia quais seriam os assuntos: Segurança das fronteiras, Alianças com outras matilhas e O futuro do trono – esse era o tema que ele mais odiava.— Majestade — começou o ancião Alaric, um dos mais velhos e respeitados do conselho. — Já está com 29 anos. A linhagem real precisa ser assegurada.Lucian bufou, sem esconder sua irritação.— Já falamos sobre isso antes. Não vou escolher uma parceira aleatoriamente.— Mas precisa haver um plano! — insistiu outro ancião. — Se não encontrar sua companheira, deve escolher uma loba adequada para acasalar e garantir a continuidade da linhagem real.Lucian cruzou os braços.— Eu vou encontrar minha companheira.— Tem certeza de que ela existe? — um ancião perguntou com cautela.Lucian rosnou, sua paciência se esgotando.Ele não tin