Anthony Williams
Ela estava aqui, na minha casa, finalmente eu a tinha onde queria.
Quão doentio parece ser ficar obcecado por alguém que você só viu uma vez através de uma fotografia?
Muito eu diria, mas não importa, Cecília é mais linda ainda pessoalmente, mais do que isso, ela tem um brilho que ilumina tudo ao seu redor, e o sorriso, nunca vi um sorriso tão encantador quanto o dela.
Com a morte trágica dos meus pais, meu irmãozinho caçula traumatizado, uma enxurrada de responsabilidades sobre as minhas costas e uma droga de título de lorde que eu nunca quis, minha vida andava uma merda e tudo o que me mantinha de pé era saber que Oliver precisava de mim.
Acabei me lembrando das palavras do meu pai, o homem que foi meu herói e a inspiração do que eu deveria ser um dia.
“Quando tudo estiver uma droga, pare, respire e tome um porre.” Foi isso que fiz.
Procurei um bar fora da cidade em um local discreto onde estaria livre de paparazzis e curiosos que poderiam me expor.
Não queria nenhuma foto minha bêbado estampada nas mídias de fofocas, isso com certeza não cairia bem para um lorde.
Harry, meu motorista há dois anos, me acompanhou e ficou ao meu lado, o tempo todo me observando beber até não conseguir ficar de pé, sem intervir. Ele sabia que eu precisava daquilo, precisava extravasar a minha dor de alguma maneira.
As pessoas estão certas quando dizem que nós, britânicos, não demonstramos e nem falamos de sentimentos, mas não quer dizer que isso seja algo bom, na verdade é uma droga não poder desabafar.
Naquele dia, Harry me levou para casa, mas como meus parentes que vieram para o funeral dos meus pais ainda estavam na minha casa, não poderia ser visto por eles naquele estado ou seria visto como um herdeiro fraco, incapaz de assumir o título de lorde. Meu motorista me levou para a ala dos empregados e me escondeu em seu quarto.
Dormi ali a noite toda e, ao acordar de manhã, a primeira coisa que vi foi a foto de uma garota sorridente na mesinha de cabeceira ao lado da cama.
Ela era linda, tinha longos cabelos cacheados, que mais pareciam uma cascata dourada, e olhos cor de mel.
Fiquei sem fala diante de tamanha beleza, mas não era só isso, tinha algo nela que me atraia, que mexia comigo e fazia o meu coração disparar.
Quando Harry entrou no quarto trazendo o meu café da manhã a primeira coisa que fiz foi perguntar quem era garota.
E ele me disse que ela era sua prima, a quem amava com uma irmã, ao saber disso mal pude conter a euforia que me invadiu.
Desde então, uma obsessão sem explicação tomou conta de mim e eu descobri tudo o que consegui sobre ela.
Seu nome era Cecília Darse, tinha vinte e um anos, havia acabado de se formar como professora, era solteira e segundos os meus detetives, não tinha nenhum histórico de namoro, e isso é claro me deixava mais do que satisfeito, eu a queria para mim, não foi difícil admitir isso.
Mexi meus passinhos, cobrei alguns favores e tudo se encaixou.
Foi fácil criar uma vaga de trabalho fake e subornar a amiga dela, que de amiga não tinha nada, a garota era um invejosa de primeira que só estava ao lado da Cecília por conta de sua popularidade que acabava se entendendo a ela também, visto que as duas estavam sempre juntas.
Sim, Cecília era o tipo de pessoa carismática que conquistava todos ao seu redor e com a sua beleza era até difícil de acreditar que nunca tivesse namorado.
Nas vésperas da viagem a garota fingiu um assidente como desculpa para não viajar e minha Ceci, como gosta de ser chamada viajou sozinha.
Imagino á decepção dela ao descobrir que não havia nenhum internato.
Não foi coincidência ter dado aquelas folgas para o Harry, eu queria que ele fosse para casa, ele precisava saber que a prima estava a procura de um emprego, planejei muito bem cada ação minha, não poderia haver erros, e não houve, tanto que agora ela está aqui, debaixo do meu teto.
É claro que me preocupo com Oliver, quero o melhor para ele e tenho certeza de que Cecília o fará bem, na verdade ela fará bem para nós dois.
Nunca fui do tipo mulherengo, tive poucas namoradas e ainda assim nenhuma mexeu comigo como Cecília fez.
Eram apenas relacionamentos vazios, sem nenhuma emoção, a verdade era que só queria sexo e nada mais, e como na minha posição não podia me dar ao luxo de fazer sexo casual sem correr o risco de ter meu nome envolvido em algum escandalo. Sempre escolhia alguma mulher "adequada" segundo os parâmetros da nobreza e que me atraia sexualmente, me envolvia com ela por um tempo e quando não conseguia mais suportar suas personalidades vazias, terminava a relação.
É uma droga que em pleno século vinte e um ainda exista essa coisa de divisão de classes, e toda essa merda de nobreza, mas fazer o que, nasci em uma família cercada por tradições.
Duas batidas na porta me fazem voltar a realidade, é sempre assim quando penso em Cecília, acabo me esquecendo do mundo ao meu redor, isso é outra coisa que gosto nessa minha obsessão, ficar com a mente focada apenas nela e esquecer todos os meus problemas.
Antony _ Entre.
Vejo minha governanta abrir a porta e caminhar até a minha mesa.
Senhora Jones_ E então Lorde Williams, já fez a sua escolha?
Antony_ Sim, contrate a senhorita Darse.
Anúncio a minha decisão, direto, sem rodeios.
A mulher me olha parecendo querer dizer alguma coisa e eu faço sinal com a cabeça para que ela diga.
Senhora Jones _ Perdão senhor, mas tem certeza disso? A senhorita Darse não me parece ser a pessoa mais adequada para uma função de tanta responsabilidade.
Antony _ Ela é a que tem o melhor currículo, Se formou em pedagogia e educação infantil em uma das melhores universidades dos Estados Unidos.
Senhora Jones _ Mas não tem nenhum experiência.
Antony _ Isso não a faz menos capacitada, já tomei a minha decisão, a senhorita Darse será a babá do Oliver, faça a contratação dela o mais rápido possível.
Senhora Jones_ Sim senhor.
Me responde abaixando a cabeça em submissão e caminhando em direção a saída.
Antony_ Senhora Jones.
Chamo e ela para de andar se virando para mim novamente.
Antiony_ Vou viajar a trabalho essa tarde, só volto na semana que vem, e espero encontrar a senhorita Darse devidamente acomodada, por dentro de toda a rotina da casa e do Oliver.
Senhora Jones_ Vou cuidar disso agora mesmo senhor, o quarto na ala dos empregados já está sendo preparado nesse momento para a babá.
Antony _ Não, a babá deve ficar no quarto ao lado do Oliver.
Senhora Jones_ Mas senhor. . .
Antony_ Isso não está em discussão senhora Jones, preciso que ela esteja vinte quatro horas a disposição do meu irmão, principalmente a noite, como ela vai fazer isso estando tão longe?
Senhora Jones_ Entendo senhor, vou cuidar de tudo, não se preocupe.
A governanta finalmente sai, me deixando sozinho novamente, é claro que preciso da Cecília sempre perto do Oliver, mas de qualquer maneira não a deixaria em um simples quarto de empregada, não foi para isso que toruxe para a minha casa, Cecília Darse ainda não sabe, mas ela será minha. . .