Capítulo 46
A noite avançava lentamente, com a cidade iluminada pelas luzes que vinham de fora da janela do apartamento de Amanda. Sofia dormia profundamente no quarto, o som de sua respiração tranquila sendo quase um lembrete tangível da paz recém-conquistada. Na sala, Victor e Amanda permaneciam em silêncio. Mas não era um silêncio vazio — era carregado, vibrante, quase como uma corda prestes a se romper.
Amanda mexia distraidamente no cabelo, o olhar vagando pela sala, mas frequentemente pousando em Victor. Ela tentava processar o selinho que ele havia lhe dado mais cedo. Foi tão repentino, tão natural, mas tão inesperado. E o que era mais perturbador é como aquilo fez seu coração disparar de uma forma que ela não sentia há anos.
Victor estava sentado no sofá, com uma perna esticada e a outra dobrada, segurando um copo de uísque que ele mal tocava. A camisa entreaberta deixava à mostra o peito musculoso marcado pelas cicatrizes da guerra contra os Marchesi, cicatrizes que, de certa