O sol mal havia surgido no céu quando Lorenzo acordou. Na verdade, talvez nem tivesse dormido. O travesseiro estava amassado, mas a mente havia passado a madrugada em vigília. Cada vez que fechava os olhos, a mesma imagem voltava: Aurora, aninhada nos braços de Isabella, dormindo como se estivesse exatamente onde pertencia.
E aquilo o consumia.
Ele se levantou antes das sete. Tomou um banho rápido, vestiu uma camisa branca perfeitamente passada, abotoou cada botão com a precisão que lhe era habitual e vestiu uma calça social de corte sob medida. Ao passar o perfume, o gesto foi automático, ensaiado como todas as manhãs. Mas o olhar no espelho… não era o mesmo.
A barba estava mais escura naquele dia, como se o semblante já carregasse a sombra do que precisava ser dito.
Quando desceu para o café, encontrou a mesa posta como sempre, mas nem sinal de Aurora ou Antonella. Marta informou que a senhora havia saído cedo para visitar uma prima enferma e que Aurora ainda dormia no quarto.
— E