A Amante do CEO
A Amante do CEO
Por: Rafa Cabral
1. Aniversário de Casamento

Por mais que eu fizesse questão de atrasar alguns minutos, o brinco era o toque final para completar o look, o vestido vermelho de cetim ficou perfeito em meu corpo e eu estava pronta. O problema, é que não havia nenhum sinal de David.

Peguei o celular na escrivaninha, nenhuma mensagem. Ele já deveria ter chego do trabalho, ele já deveria estar pronto, combinamos às sete e já eram sete e vinte. Fui para a sala de estar e me sentei no sofá, foi uma quinta-feira exaustiva, nunca tive tantos relatórios para ler, essa noite deveria ser especial, mesmo cansada me arrumei para comemorar nosso aniversário de três anos de casamento.

Nosso relacionamento de sete anos tem esfriado nos últimos meses, vivo atolada de trabalho para conseguir manter as contas em dia, enquanto David não consegue parar em nenhum serviço. Estamos tentando, apesar de tudo, terapia de casal, jantares românticos, fantasias sexuais; mas era como remar contra a maré.

Honestamente, eu já não tinha certeza se o amava, mas o relacionamento dos meus pais me levava a acreditar que talvez fosse apenas brasas que precisavam ser acesas novamente. Ou talvez, segundo minha terapeuta, fosse apenas medo de ficar sozinha aos 26 anos. Fazendo as contas, estou com David desde os dezenove, ele foi meu porto seguro na faculdade, na pós graduação, no meu primeiro emprego que inclusive estou nele até hoje.

Acho que estou lutando por esse relacionamento, porque é cômodo estar com ele, porque não sei o que eu faria sozinha e se restar uma fagulha de amor, talvez ainda haja chance de recomeçar.

Olhei novamente para o relógio, oito horas. Decidi ligar, mas caiu na caixa postal, esperei alguns minutos e liguei novamente, dessa vez tocou, mas ele não atendeu. Minutos depois, no aplicativo de mensagens, recebi uma localização enviada por ele, entendi que ele queria me encontrar lá, então peguei minha bolsa e a chave do carro.

Era o endereço de um bar a duas quadras do nosso prédio, David adorava ir no fim do expediente com os amigos e eu estava pronta para tirá-lo de lá e levá-lo até um restaurante decente, não me arrumei para frequentar um bar e comer as batatas fritas muchas e frias que serviam lá. Estacionei o carro na esquina e desci, haviam poucas pessoas na rua aquele horário, mas claro que todos olhavam para mim com estranhesa.

Abri a porta do bar e logo o cheiro de cerveja e fritura invadiu minhas narinas e a música animada misturada com as risadas e conversas altas, os meus ouvidos. Era um bar rústico, com mesas de madeira e assentos acolchoados, mal iluminado de forma que seria considerado chique num restaurante caro.

Avistei David, sentado num sofá booth arredondando, devia estar sozinho. Abri um sorriso tentando não parecer zangada por ele ter esquecido nosso aniversário de casamento e caminhei até lá, atraindo a atenção de todos os homens do local. Ele estava com a cabeça inclinada para trás e os olhos fechados, mas não parecia estar dormindo.

— David. — chamei sorrindo, ele abriu os olhos arregalados, assustado com minha presença e logo uma cabeça loira levantou de debaixo da mesa.

— Jade? E-eu posso explicar…

Levei uns segundos para processar o que estava acontecendo. David correu para fechar a calça e a mulher ajeitava o cabelo como se nada estivesse acontecendo. Minha reação foi pegar a bolsa e começar a bater nele.

— Seu idiota, cretino, lazarento… — comecei a xingar e bater nele com a bolsa, enquanto a loira de farmácia tentava defendê-lo dos meus ataques. — Não se mete nisso, loira falsificada.

Ela se levantou e veio para cima de mim, começamos uma briga de t***s e puxão se cabelo, eu não queria brigar com ela, quem estava me pondo chifre era ele, mas precisava eliminar a loira para chegar no patife. Num momento de fúria, levei o punho para trás, peguei impulso e acertei exatamente a maçã do rosto da loira, ela cambaleou para trás, finalmente me deixando em paz.

David foi ajudá-la, passei por eles cheia de ódio, mas se não fosse por isso eu já estaria chorando. Não sei o que houve atrás de mim, mas assim que cheguei lá fora, David me alcançou correndo.

— Volte aqui! Estou ligando para a polícia, todos viram você agredindo ela.

— Polícia? Você me traí no nosso aniversário de casamento e quer ligar para a polícia por causa da sua amante? Você realmente não preta, David! E eu pensando que nosso relacionamento tinha salvação. — nesse momento, com o sangue esfriando, veio a vontade de chorar.

— Salvação? Você me trocou pelo trabalho, eu sou homem, acha que eu ficaria esperando você ter tempo ou estar menos cansada? — gritou batendo no peito.

— Eu não precisaria trabalhar tanto se você fizesse sua parte! Mas é um vagabundo! Você e a loira se merecem. — respondi apontando o dedo para ele.

O tempo da briga foi o suficiente para a polícia chegar, por causa da confusão, nós três fomos levados a delegacia para prestar depoimento. Depois de longos minutos, fui chamada na sala do delegado, expliquei toda a situação, inclusive que ela também me agrediu, mas por causa de um corte, graças ao anel que eu usava, ele me manteria sob custódia por até 24 horas.

O problema é que era quinta, eu ficaria a sexta feira inteira lá e no sábado não daria para ter audiência com o juiz. Eu precisava sair antes disso. Então o delegado me deu a opção de pagar uma fiança de três mil dólares, eu tinha o dinheiro, mas precisava ir ao banco transferir.

Eu tinha direito a uma ligação e precisava pensar bem para quem eu ligaria. Minha lista de amigas era muito limitada, a maioria do trabalho e nenhuma teria esse dinheiro para me emprestar mesmo eu pagando no dia seguinte. A melhor opção, era ligar para o meu chefe.

Filipe Chevalier era a última pessoa que eu gostaria de falar naquele momento, mas era o único que teria o dinheiro para me ajudar e estaria acordado naquele horário. Se David era um idiota, Filipe era um idiota sênior, que traia a noiva com todas as mulheres possíveis. Ele atendeu no quinto toque, contei porque estava ansiosa demais para voltar para casa. Pelo tom de sua voz, não estava bêbado, apenas quase dormindo.

— Oi, é a Jade, preciso da sua ajuda. — falei firme.

— Jade? Ah, oi Jade. — ele deu uma risada sem graça, provavelmente não fazia ideia de quem eu era. — Olha, eu sinto muito, mas já tenho companhia essa noite, princesa, mas me liga amanhã.

— Jade Smith — falei entredentes. —, sua secretária.

— Jade? — ele mudou o tom de voz, voltando a falar com a comum voz grave que eu conhecia. — O que aconteceu?

— Arrumei uma confusão e estou presa, quer dizer, sob custódia. Pode vir pagar minha fiança? Eu devolvo cada centavo amanhã mesmo.

— Onde você está? — pelo som ao fundo percebi que ele já estava de pé. Dei o endereço da delegacia e enfim era só esperar.

Depois de quase uma hora, eu fui liberada, mas com o compromisso de comparecer na audiência de custódia segunda feira. Filipe me aguardava na recepção e quase revirei os olhos ao ver ele de terno. Sério, não tinha outra roupa?

— Obrigada Filipe, amanhã assim que o banco abrir eu transfiro o dinheiro. — falei assim que o encontrei.

Filipe era loiro, de belos olhos azuis e um corpo fenomenal. O CEO mais jovem de toda Redford, um mulherengo inconfundível e noivo de uma das modelos mais bem sucedidas do país e estava numa delegacia ajudando a secretária. A verdade é que ele não chegou onde está sozinho, quando o senhor Rutenford, o proprietário da empresa, decidiu se aposentar, eu ajudei Filipe a conquistar a confiança do patrão e alcançar o cargo mais alto.

— Não precisa me pagar, só quero que me dê um bom motivo para eu estar aqui a essa hora. — respondeu enquanto saíamos da delegacia.

Respirei fundo, não é fácil assumir que foi traída.

— Hoje era meu aniversário de casamento e peguei David no flagra ganhando um boquete de uma loira de farmácia, num bar de quinta categoria. — respondi expondo toda a minha frustração e respirei fundo mais uma vez. — Eu ia bater só nele, mas ela se intrometeu e acabei dando um soco nela com o anel no dedo.

Olhei para o anel em minha mão, ganhei do meu pai, um presente de aniversário feito de ouro branco e diamante. Raramente o usava, era um lembrete da vida que deixei para trás e que por orgulho eu não voltava. O fato é que eu não deveria estar passando por nada disso, ser traída por um desocupado, trabalhar em excesso e viver uma vida mediana num apartamento alugado, sou herdeira de um império farmacêutico, mas após a morte da minha mãe, não consegui mais ficar lá.

Ele riu, afastando meus pensamentos.

— Se precisar de advogado, eu consigo para você, só que terá que pagar do seu bolso.

— Só quero ir para casa agora, amanhã eu penso no que vou precisar.

— Ótimo, eu te dou uma carona.

Filipe me deixou em casa, estava tão cansada, que quase dormi no carro dele. O meu ficaria na esquina do bar, depois eu iria buscá-lo.

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