Palavras inocentes, porém diretas, como uma agulha, penetraram em meu coração.
Em um momento em que ele estava doente e mais vulnerável, tudo o que estava em sua mente era a mulher que o havia deixado doente.
Baixei o olhar para ele.
A doença havia claramente drenado suas forças, falou apenas algumas palavras antes de adormecer novamente.
Wesley, evidentemente, também ouviu as palavras de Afonso, e segurou minha mão: — Amor.
Eu não tinha muito o que dizer a ele, queria apenas retirar minha mão.
Wesley, no entanto, aumentou sua força, não deixando que eu a puxasse de volta: — O que aconteceu hoje foi um acidente, foi minha mãe quem decidiu por conta própria, e nosso filho, por estar doente, não falou aquilo por querer...
— Eu não sou incapaz de entender uma criança. — Eu disse, pegando Afonso nos braços e caminhando para fora do hospital: — Ele está na fase de gostar da Vitória, certamente acha que tudo nela é perfeito.
Parei por um momento, e então adicionei: — E eu proibi estritamente que ele tivesse qualquer contato com Vitória. No início, sua reação de rebeldia será intensa. Afonso não é mau por natureza, vou guiá-lo de volta ao caminho certo, mostrar-lhe quem realmente quer o seu bem.
— Mas quero que você seja fiel à sua palavra, posso considerar o que aconteceu hoje como um acidente, mas não quero que haja uma próxima vez.
Com isso, fiz uma pausa. Wesley, preocupado que eu estivesse cansada, naturalmente tomou o menino de meus braços.
— Eu prometo, amor!
Observando o filho dormindo tranquilamente nos braços de Wesley, não disse mais nada.
......
Ao chegarmos em casa.
Wesley estacionou o carro.
Vendo que o menino dormia profundamente, decidi não o acordar e estava prestes a pegá-lo para sair do carro.
Wesley já estava de pé na porta do passageiro, sua voz era muito suave: — Deixe comigo.
Então, com facilidade, pegou o menino com uma mão e estendeu a outra para mim.
Fiquei surpresa, levantando o olhar.
A luz do poste iluminava sua figura alta e os traços bonitos, como se fosse um deus em sua grandiosidade.
Wesley falou com gentileza: — Sra. Guedes, vamos para casa.
— Sim. — Suspirei interiormente e peguei sua mão de volta, afastando-me do carro: — Vamos.
Em casa, Wesley colocou Afonso em sua pequena cama.
Peguei uma bacia de água quente e levei até o quarto dele. Wesley, cooperando, tirou a roupa de Afonso, torceu a toalha e começou a limpar o corpo do menino.
Afonso dormia profundamente, e mesmo após terminarmos de limpar seu corpo e vesti-lo com o pijama, não acordou.
Apenas um grunhido ocasional no meio para expressar seu desconforto.
Wesley sorriu com indulgência ao ver isso, depois jogou a toalha na bacia e saiu do quarto com ela.
Fiquei sentada ao lado da cama, observando Afonso.
Seu comportamento em relação a mim estava cada vez mais agressivo.
Toda vez que conversamos, antes de conseguirmos ter algumas conversas calmas, ele fica impaciente e me importuna. Apenas quando dormia é que conseguíamos coexistir em paz.
— Amor. — Wesley me chamou, aproximando-se e me levantando no colo.
Instintivamente, agarrei seu pescoço, olhando confusa para o lado dele: — O que foi?
Wesley apagou a luz com o cotovelo e fechou a porta do quarto de Afonso. Ele perguntou com intenção: — O que tínhamos combinado antes de ir ao hospital?
Eu realmente havia me esquecido do que aconteceu antes do hospital. Mas, após a visita, lembro-me claramente...
Naquele momento, segurando o menino, realmente considerei a possibilidade de me divorciar de Wesley.
Mas então pensei, sem o divórcio, Vitória já estava tumultuando a vida do meu filho.
E depois do divórcio? Afonso ainda teria dias felizes pela frente? Pelo bem do meu filho, desta família, não poderíamos nos separar.
Passei a noite toda pensando nisso, não conseguia me lembrar o que aconteceu antes de irmos ao hospital:
— Me lembre?
— Você realmente é um pessoa tão adorável. — Wesley fechou a porta do quarto, segurou meu rosto com as mãos e beijou suavemente meus lábios: — Amor...
A voz baixa era mais do que um pouco inefável na quietude da noite. Wesley riu baixinho, com um ar de travessura: — Lembrou agora?
Ele queria me provocar.
Eu, por minha vez, não queria deixá-lo vencer: — E agora, parece que ainda não lembrei.
Nos olhos de Wesley, refletia-se minha figura. Os cabelos soltos, espalhados como uma cascata sobre os lençóis brancos. As bochechas, ruborizadas pelos beijos, estava brilhante e bonito.
Wesley engoliu em seco: — Então, deixe-me ajudá-la a lembrar...
...
O cansaço mental e o esgotamento físico após uma noite de trabalho me deixaram extremamente fatigada.
Mas Afonso tinha acabado de dar entrada no hospital com uma queixa intestinal e estava claramente precisando de cuidados atentos.
Tive que me forçar a acordar cedo para preparar o café da manhã para todos.
Afonso só podia consumir mingau para se recuperar, então eu fiz questão de usar um tacho de barro para que o mingau ficasse mais suave.
Primeiro, levei a água para ferver em fogo alto, depois reduzi para fogo baixo para cozinhar lentamente.
Olhei para o relógio. Ainda era cedo, apenas pouco depois das cinco da manhã.
Decidi ir até a feira de vegetais próxima, comprei alguns legumes e carne, e ao voltar para casa, limpei e preparei os vegetais. Quando chegou a hora de Afonso acordar, comecei a cozinhar os pratos.
Havia dois pratos no total, um de verduras fritas e outro de sopa de carne.
Assim que terminei de cozinhar, estava prestes a chamá-los para comer quando ouvi passos apressados.
Então Afonso apareceu diante de mim, com as bochechas inchadas em descontentamento: — Eu disse que não queria voltar para casa esses dias, só queria ficar na casa da vovó...
Ele me olhou fixamente: — Mesmo que eu tenha ficado doente e precisado de soro no hospital, você deveria ter me levado de volta para a casa da vovó depois!
Afonso pensava que eu estava por fora da situação. Então, ele deu por certo que, enquanto continuasse a usar a avó como escudo, poderia continuar procurando Vitória como quisesse.
Mas eu decidi confrontá-lo diretamente: — Enviar você para a casa da vovó e depois para a Vitória, certo?
Afonso ficou atônito. Ele ainda era uma criança, sem experiência para lidar com essas situações, e não sabia o que fazer.
— Afonso, a partir de hoje, eu não vou mais te levar para a casa da sua avó.
Afonso, inconscientemente, retrucou: — Por quê?
Eu me impus com firmeza: — Porque eu sou sua mãe!
— Então eu não quero mais você como minha mãe! — Afonso desabou em lágrimas: — Eu quero ir para a casa da tia Vitória, quero que tia Vitória seja minha mãe!
Ele era o filho que eu carreguei por dez meses e pelo qual cuidei com tanto esforço.
Mas agora ele está dizendo que não me quer por causa de uma mulher que o levava para comer fora até adoecer...
Meu coração ardeu.
Os olhos de Afonso estavam repletos de lágrimas. Meramente chorar já não era suficiente para expressar seu descontentamento; ele olhou ao redor e, com suas mãos gorduchas, pegou o copo de água fria da mesa e o jogou com força no chão.
Os cacos de vidro se espalharam por toda parte. Assim como a água.
Minhas mãos e pés ficaram frios, não foi o copo de água fria que ele quebrou, foi meu coração, não entendo ...... não entendo como ele suportou ferir o de sua mãe por causa de uma mulher que conheceu há tão pouco tempo.
Afonso, sentindo que ainda não era o suficiente, começou a jogar no chão tudo o que podia quebrar na casa.
Wesley apareceu, vendo a sala em desordem e Afonso jogando coisas pelo chão, e franziu a testa involuntariamente: — Afonso, o que você está fazendo?
Ao ouvir a voz do pai, Afonso parou de chorar e correu para Wesley: — Pai, você não gosta muito da tia Vitória?
— Por favor, peça o divórcio da mamãe e case-se com a tia Vitória.
— Eu quero que tia Vitória seja minha mãe, quero ser uma família com tia Vitória, quero viver com tia Vitória!