3
No dia seguinte, Luna acordou bem cedo.

Ela e Vinícius sempre dormiram em quartos separados. Primeiro, porque ele nunca a aceitou de verdade. Segundo, porque tinha mania de limpeza e não suportava que alguém invadisse seu espaço.

Depois de se arrumar, foi direto ao escritório de advocacia da melhor amiga.

Emanuela Barreto ouviu tudo atentamente.

— Então você só tratava o Vinícius tão bem por causa do contrato? — Perguntou ela, surpresa.

Luna assentiu com a cabeça.

Emanuela soltou um suspiro aliviado:

— Esses dias vi tanta coisa nos noticiários. Cheguei a ficar mal por você. Mas agora que sei que era só um contrato, fico mais tranquila.

Ela então franziu a testa:

— E veio aqui hoje pra quê? Quer que eu redija o acordo de divórcio?

Luna deu um sorriso amargo:

— Eu e o Vinícius nunca chegamos a registrar o casamento. Vim pedir que você prepare um documento abrindo mão da guarda do Matteo.

Emanuela arregalou os olhos:

— Todo mundo sabe que você ama esse menino mais do que tudo! E agora vai abrir mão da guarda dele?!

Um traço de tristeza passou pelos olhos de Luna. Ela ergueu o rosto e disse baixinho:

— Só faz o documento.

Emanuela não insistiu. Rapidamente preparou o contrato e o entregou nas mãos dela.

Luna segurou o papel com força, saiu sem olhar pra trás.

Emanuela ficou observando a amiga se afastar, sentindo um aperto no peito. Gritou:

— Luna, você passou cinco anos tentando aquecer o coração de alguém que nunca te quis. Agora, guarda esse carinho todo pra você, tá?

Luna parou por um instante. Virou-se com um sorriso leve:

— Tá bom. Eu vou.

...

Quando Luna chegou em casa, já eram dez da manhã. A sala estava vazia, silenciosa.

Na mesa de jantar, o café da manhã que ela havia preparado antes de sair estava intacto, completamente frio.

Ela esquentou tudo de novo e, como sempre fazia, subiu para chamar Matteo e Vinícius.

Bater na porta era uma das regras que Vinícius fazia questão de manter, ele detestava que invadissem o quarto dele.

Mas bastou dar um leve toque, e a porta se abriu.

Camila se espreguiçava preguiçosamente. Ao ver Luna parada na porta, manteve a mesma expressão tranquila, como se nada tivesse acontecido.

— Só vim usar o banheiro do quarto do Vinícius. Acordei com uma dor nas costas estranha.

O rosto de Luna empalideceu. Camila estava prestes a continuar com a provocação quando Vinícius apareceu de pijama no corredor.

— Camila, quem tá batendo? É o Matteo?

Luna seguiu o olhar dele e viu as marcas vermelhas espalhadas pelo pescoço de Vinícius, finas, evidentes.

Ela soltou uma risadinha amarga. Em cinco anos de casamento, os dois quase não tinham se tocado. Achava que ele simplesmente não tinha interesse nisso. Mas agora entendia: ele só não tinha interesse nela.

Ao notar que era Luna quem estava ali, Vinícius ficou visivelmente nervoso. Tentou ajustar a gola da camisa, puxando o tecido pra cima, como se pudesse esconder alguma coisa.

— A Camila só veio pegar um carregador comigo, não pensa besteira. — Disse ele, apressado.

Luna soltou um riso seco. Era óbvio que nem tinham combinado a desculpa antes de mentir.

Mas ela não disse nada. Apenas avisou que o café da manhã estava pronto e desceu as escadas.

Aquela era uma relação de fachada, um contrato com data pra acabar. O que Vinícius fazia, e com quem fazia, não dizia mais respeito a ela.

O que restava agora era esperar. Sete dias. Depois, ela iria embora de vez.

Cinco minutos se passaram até que os três finalmente descessem.

Matteo olhou os pãezinhos na mesa com cara feia:

— Esses recheios estão velhos! Mãe, quero aquele peixe frito que você faz!

Vinícius tentou manter a calma:

— Matteo, sua mãe já preparou tudo. Vamos comer isso hoje, e amanhã ela faz o peixe frito, tá bom?

— Não! Eu quero agora! — Resmungou o menino.

Vinícius nunca foi de mimar o filho. Já ia repreendê-lo quando Camila entrou no meio da conversa com um sorriso suave:

— Luna, ouvi dizer que seu peixe frito é famoso. Também fiquei curiosa pra provar.

Ao ouvir isso, Vinícius mudou de tom na hora. Virou-se para Luna e disse, como se desse uma ordem:

— Já que todo mundo quer, faz pra gente, vai.

— Não posso. — Respondeu Luna, comendo tranquila, sem sequer levantar os olhos.

— Quem quiser comer, que vá fazer. Eu levantei cedo pra preparar esses pãezinhos. Se não querem, podem jogar fora.

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