A Deanna a gravidez começou a lhe complicar bastante até as coisas mais rotineiras e singelas. As costas a matavam, as pernas se lhe inchavam e se agachar havia deixado de ser uma opção. Até algo tão singelo como pôr um par de sapatos havia ficado no passado. Daniel a observava preocupado; se bem os primeiros meses decorreram sem problemas, o seu ventre crescia muito.Sempre havia sido uma mulher miúda, de cintura pequena e aparência frágil. Uma coisa era uma gravidez única e outra, uma dupla; e ainda que ela suportava com esforço, às vezes os dores e os aborrecimentos a punham de um humor horrível. Começou a se sentir inútil e frustrada.A situação não era fácil. Cada dia parecia trazer um novo desafio com a sua gravidez, e as complicações não se limitavam só aos aspetos físicos. A sensação de impotência e frustração que a embargava se misturava com o medo que crescia junto às suas filhas. Às vezes sentia que não saberia o que fazer.Daniel estava ao seu lado, a tentar ser um apoio c

Camila entrou na casa de Daniel como costumava o fazer sempre: como se fosse sua. Deanna se surpreendeu um pouco ao a ver, se bem a relação entre ambas as mulheres havia melhorado muitíssimo, Camila, todavia tinha um pouco de vergonhas pelas coisas que havia feito e não sabia a ciência certa como as expurgar.Por isso quando Daniel a chamou para lhe pedir que falasse com a sua esposa e a ajudasse, se sentiu feliz e contente de poder fazer algo por ela. Chegou com muitas bolsas, muitas coisas para as meninas. Não era muito demonstrativa, mas estava tão ansiosa como com qualquer um dos seus netos pela chegada das gémeas. Ansiosa como qualquer avó.«Querida, como estás?»«Olá, Camila, bem… O que faz por aqui?»Camila deixou as bolsas no piso.«Vim te trazer uns presentes às minhas netas» se sentou frente a Deanna «e a falar contigo»Deanna a olhou um pouco confusa. Falar de que? Esperou a que Camila começasse. Ela só suspirou e teve outro arranque de sinceridade, como o que havia tido co

Chegou o dia; o que todos estavam à espera. O seu obstetra lhe havia advertido que as possibilidades de enfrentar o parto antes das 37 semanas eram muito frequentes nas gravidezes múltiplas; que se ocorresse não devia se assustar, ainda que as meninas nascessem algo prematuras, era o que se esperava.E Deanna o sentiu, como uma premonição, essa manhã. Algo dentro dela lho dizia, o seu corpo lho gritava. Mas lhe disse a Daniel que levasse os meninos ao colégio como sempre e que fosse a trabalhar, que se sentia bem e devia ser outro aborrecimento mais. Se ficou na cama; tinha uma sensação estranha, incómoda no peito.Durante essas últimas semanas, raramente se levantava, lhe custava muito e o seu esposo insistia em que permanecesse tranquila; que ele se encarregaria de tudo à sua volta e que descansasse. Aproveitou para terminar de ler essa pilha de livros que sempre deixava pela metade e nisso estava quando sentiu humidade a molhar os lençóis.Se encontrou com um grande charco que lhe

Susan os esperou com o carro de Leonard, era o último ano de Ethan e começaria a universidade. Quando a viram aí parada, se estranharam.«Tia Como estás?» A cumprimentou Naomi.«Olá, pequenos…»«O que fazes aqui?» Lhe perguntou Ethan.«Vim por vocês porque Daniel e Deanna estão no hospital, vão a nascer as suas irmãs»O grito descontrolado de Naomi! Praticamente arrastou a todos ao carro.«Acalma-te, Naomi, ainda falta. Não te ponhas nervosa» quis a acalmar Susan.«Vêm as minhas irmãs! Quero chegar!»Por algum motivo, dos três irmãos, ela era a mais ansiosa. E é que finalmente teria irmãs; sim, se levariam uns quantos anos, mas não estaria a só. Foi quem durante toda a gravidez lhe fez gastar uma pequena fortuna a Daniel a eleger pequenos vestidos, fitas para o cabelo, sapatinhos diminutos e tudo por partida dupla. A emoção que ela guardava era enorme.Ethan, por outro lado, não sabia bem o que sentir. Estava feliz e contente, como quando haviam nascido Naomi e Jonathan, mas já era um

Os três cruzaram a porta do quarto ansiosos, expetantes. Mas o que viram os deixou congelados. As suas pequenas irmãs os estavam à espera para os conhecer e eram muito diminutas.A primeira em se acercar foi Naomi, se acercou a Deanna. A cara se lhe transformava com cada passo, à medida que mais perto estava e finalmente, parada ao lado da cama se largou a chorar como ela o fazia: como uma desatinada. Deanna sorria e a tomava da mão.«Não chores, boneca…»«É tão pequenininha!» Foi o que disse e continuou com o seu pranto.Em troca, Ethan se aproximou a Daniel. Ele, como o seu pai, não precisava de muitas palavras para se expressar, o fazia através dos seus olhos. Olhou à sua nova irmã e logo direto à cara de Daniel e a comunicação foi instantânea. Ambos sorriram, orgulhosos.Mas, ainda que ele também quisesse as conhecer, a principal preocupação de Jonathan era a sua mamã. Lhe pediu a Naomi que o subisse junto a Deanna e se ficou a olhar um bocado longo, como a buscar algo estranho na