Capítulo 23 — Prata e champanheNarrador:A cabana estava em silêncio. Lá fora, a floresta rangia com o vento e o murmúrio distante da água do lago. Mateo deixou a mochila sobre o sofá, tirou os sapatos e serviu-se de um copo de água da jarra que estava na geladeira. Assim que bebeu, procurou o telefone que Eros lhe havia deixado e ligou-o. Disqueu um número da memória. Não demorou muito para ouvir a voz de Sofia do outro lado.— Mat? — ela sussurrou, como se temesse que alguém a ouvisse.— Sou eu. — ele respirou fundo, deixando-se cair na cadeira de madeira ao lado da mesa — Já estou a salvo.Houve um breve silêncio, carregado de tensão.—Contaram-me o que aconteceu —a voz de Sofia soava entrecortada—. Mat, a DEA?Mateo passou a mão pelo rosto, exausto.—Sim. Fui apanhado na rusga.Mas mantive o álibi, Sofi. Para eles, continuo sendo Emiliano Duarte, o químico que sequestrou um cartel. Eles não suspeitam de nada.— Meu Deus... — murmurou ela, soltando o ar com força — E como você saiu

Capítulo 25 — Seu covilNarrador:Quando voltaram para o salão, Renzo não tentou encurralá-la nem atraí-la de repente para o seu lado. Pelo contrário, ofereceu-lhe o braço com um sorriso comedido, como um verdadeiro cavalheiro, sem aquela arrogância inicial que tanto a havia irritado.— Vamos dançar de novo? — perguntou ele com voz grave, mas desta vez sem se impor, apenas aguardando sua resposta.Sofia o estudou por alguns segundos, como se procurasse o truque escondido. Finalmente, ela assentiu e apoiou a mão em seu braço. Na pista, Renzo a guiou suavemente, sem os jogos de antes.O contato era o ideal, a pressão em sua cintura firme, mas respeitosa, seus passos impecáveis. Para todos os presentes, era o italiano mostrando cortesia com sua convidada da noite. Para Sofia, era um desafio diferente: a prova de que Renzo podia se conter se ela exigisse.—Assim está muito melhor —murmurou ela, sem tirar os olhos do resto dos convidados.Renzo inclinou-se apenas o suficiente para que só el

Capítulo 27 — Primeiro diaNarrador:Ela não dormiu a noite toda. Ouviu aquela mensagem repetidamente, como se as palavras fossem agulhas cravadas em sua pele. Quando o amanhecer se infiltrou pelas cortinas, ela se levantou, foi até a cozinha e preparou uma xícara enorme de café. Bebeu-o lentamente, deixando que a amargura acalmasse seus nervos. Depois, vestiu-se com calma, cada peça de roupa como uma decisão calculada. Olhou-se no espelho, ereta, sem nenhum traço de cansaço no rosto. Apenas firmeza. Saiu do apartamento e dirigiu até a mansão Santini. Estacionou o carro, desceu com passos seguros e atravessou a entrada como quem não teme nada. Naquela manhã, ela não era uma sombra nem um fantasma do passado: era a nova guarda-costas de Renzo Santini. E assim começava sua vida profissional ao lado dele. Ao chegar, mal colocou os pés na mansão, encontrou Marco esperando por ela na entrada. De braços cruzados, ele a observou de cima a baixo com aquele sorriso torto que não chegava aos olh

Capítulo 29 — Ninguém está olhandoNarrador:O clube estava repleto de luzes e música grave que fazia o chão vibrar. Ao entrar, Renzo passou primeiro, imponente, com aquele ar de dono absoluto do lugar. Sofia caminhava ao seu lado, não mais como convidada especial de uma festa de gala, mas como parte de sua equipe. Todos percebiam isso: a maneira como os seguranças a deixavam passar sem nem mesmo revistá-la, a forma como os homens de Renzo lhe davam espaço e a discreta distância que mantinham, reconhecendo que se ela estava ao lado dele era porque ele mesmo havia decidido assim. Assim que atravessaram o salão, algumas das garotas interromperam o que estavam fazendo para se aproximar. Elas estavam vestidas de forma provocante, sim, mas o mais impressionante foi o gesto sincero com que cumprimentaram Renzo. Uma morena de lábios carnudos sorriu para ele, inclinou-se e beijou-o na bochecha, com carinho evidente. Outra, de cabelos loiros e risada contagiante, passou a mão pelo braço dele co

Capítulo 31 — O PríncipeNarrador:Renzo levantou-se com calma felina, atravessou o escritório e pegou uma garrafa de uísque do armário lateral. Serviu um copo para si mesmo e, antes de voltar, ergueu uma sobrancelha para Sofia.— Quer um?Ela hesitou por um instante, mas depois assentiu.—Preciso de algo para digerir tanta informação.Ele sorriu satisfeito, preparou outro copo e levou-o na mão. Quando o entregou, seus dedos roçaram os dela de forma quase imperceptível, mas suficiente para que Sofia sentisse como um choque elétrico. Renzo voltou para sua poltrona, recostou-se com o copo na mão e olhou para ela com aquela calma perigosa que lhe era tão natural.— Eu te contei muitas coisas, bela — murmurou, tomando um gole lento do uísque —. O justo é que agora você retribua o gesto.Sofia arqueou uma sobrancelha, levando o copo aos lábios.— Não. Minha vida privada é isso: privada.Renzo riu baixinho, com aquela gargalhada grave que enchia o ar.—Você é muito injusta, Vanya.—Talvez —r